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Não é fácil morar em Guarujá e trabalhar em Santos e vice-versa para quem opta por se locomover de carro entre as duas cidades. O conforto tem um preço. Cerca de uma hora e vinte minutos na fila da balsa todo dia mais uma taxa de R$ 8,80, somando ida e volta.
O radialista e apresentador de um programa na Guaru TV, em Vicente de Carvalho, Milton Gonçalves, mora em São Vicente, tem carro e praticamente todos os dias faz a travessia.
“Atravesso entre 7h15 e 7h30 e a espera geralmente é de cerca de 40 minutos do lado de Santos. Quando retorno de Guarujá, por volta das 10h30, espero cerca de 20 minutos para fazer a travessia”, afirmou Milton.
Milton disse ainda que muitas vezes deixa o carro do lado de Santos e atravessa de barca, na Estação de embarque e desembarque de pedestres da Praça da República-Vicente de Carvalho, que é bem mais rápido. O radialista trabalha em Guarujá de segunda a sexta-feira. “Na última sexta-feira mesmo (1º de julho) eu tinha uma reunião em Guarujá às 20 horas e para não chegar atrasado deixei o carro em Santos, no posto, e peguei a barquinha”.
A travessia de balsas já é rotina na vida da assistente administrativa do Tênis Clube de Santos, Ana Lúcia do Nascimento Viveiros. “Eu faço a travessia há 20 anos, mas nunca esteve tão ruim como agora. Há um ano piorou bastante”.
Ana Lúcia usa o serviço de travessia de balsas nos piores horários para chegar ao serviço e voltar para casa. “Pego a balsa por volta das 7 horas. A espera para atravessar demora de 45 minutos a uma hora, nesse horário”. Na volta para casa, por volta das 18h20, Ana Lúcia enfrenta mais uma longa espera de mais 40 minutos, em média. “Geralmente pego a fila no (clube) Vasco da Gama”.
Ana Lúcia disse que já enviou emails à Dersa e ao Governo do Estado solicitando providências. “A gente tem horário para entrar no serviço e fica até difícil arrumar um emprego quando a gente mora longe”, ressaltou Ana Lúcia.
O professor João José de Oliveira Pecchiore, que é diretor do Colégio São José em Santos, utiliza a travessia de balsas Santos-Guarujá bem cedinho, entre 5h45 e 6 horas, e nesse horário o problema é outro. ”Não há tanta espera porque o número de carros é menor, mas existe uma falta de logística nesse horário. A Dersa dá preferência aos motociclistas e ciclistas e sobram poucas vagas para os carros nas balsas.
Não sou contra, mas acho que a Dersa deveria disponibilizar uma balsa só para os motociclistas e os ciclistas que são muitos nesse horário da manhã. As motos e as bicicletas reduzem os espaços para os carros que pagam mais, inclusive”, afirmou o professor Pecchiore.
Mas, na volta para o Guarujá, o professor Pecchiore também enfrenta fila. “Às 16 horas a fila já está imensa. Em véspera de feriado então, aí é que a situação piora. Na véspera do último feriado peguei fila no Aquário para atravessar para o Guarujá. Naquele dia formaram-se três filas. Isso é falta de gestão, de logística. É uma falta de respeito com o cliente”.
Dersa
A reportagem procurou a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), administradora das travessias do Litoral Paulista, informando as queixas dos usuários que utilizam a travessia Santos-Guarujá. Atualmente, seis embarcações operam no sistema. Perguntamos à Dersa sobre a possibilidade de ampliação das embarcações para atender a demanda nos horários de pico.
“Sim, a travessia Santos-Guarujá conta com oito embarcações. Mas, neste momento, duas balsas estão em manutenção e devem voltar à operação no segundo semestre. Uma embarcação em meados de setembro de 2011 e a outra em dezembro de 2011”, respondeu a Dersa.
Em relação ao questionamento do professor Pecchiore, a Dersa respondeu que: “A travessia de ciclistas é feita somente pelo flutuante. A Dersa disponibiliza três balsas mistas para essa travessia que, além dos ciclistas, faz a travessia de pedestres e veículos. A empresa estuda a possibilidade de transferir as motocicletas para a travessia mista, porém tal ação depende de alterações nas áreas de embarque, a fim de acomodar as motocicletas, sem prejudicar o trânsito local do lado de Santos”.
A Dersa também informou que as seis embarcações que operam nos horários de pico têm capacidade para 238 veículos. São três balsas mistas (FB-05; 15; e 21) e três de veículos (FB-10, FB-23; E FB-24).
Sobre a possibilidade de ampliar o número de embarcações e atracadouros a Dersa respondeu que: “Do lado do Guarujá a travessia já conta com três gavetas e um flutuante. Do lado de Santos uma terceira gaveta está em operação, porém, as outras duas gavetas (uma já está em manutenção) passarão por reforma.
Até o final do segundo semestre, a travessia contará com três gavetas (atracação de balsas p/veículos) de cada lado das margens, além dos dois flutuantes (atracação das balsas mistas). Duas novas embarcações serão adquiridas para aumentar a capacidade na travessia Santos/Guarujá que estará, até o ano de 2012, com sete embarcações operando e duas de reserva”.
Reajustes
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O reajuste das tarifas de 6,55% nas travessias litorâneas entrou em vigor no último dia 1º de julho, por meio de resolução da Secretaria de Logística e Transportes e irritou ainda mais os usuários do sistema que consideram a qualidade do serviço prestado péssima. Na travessia Santos-Guarujá os reajustes foram: pedestres (Santos/Guarujá: de R$ 2,10 para R$ 2,20 – bidirecional e Praça da República/Vicente de Carvalho: de R$ 1,05 para R$ 1,10 – unidirecional), automóveis (Santos/Guarujá: de R$ 8,20 para R$ 8,80 – bidirecional), motos (Santos/Guarujá: de R$ 4,20 para R$ 4,40 – bidirecional).
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