Cotidiano

Uso de celular em sala de aula pode ser proibido

Projeto de lei do vereador Banha foi aprovado em primeira discussão na Câmara de Santos

Publicado em 13/10/2013 às 10:13

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Uma questão é polêmica entre professores e alunos nas escolas: usar ou não celular na sala de aula? O assunto dá o que falar no meio acadêmico. Para uns, o celular pode servir como ferramenta de ensino. Para outros, o celular pode ser mais uma distração para atrapalhar o aprendizado.

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Em Santos, uma lei está perto de ser aprovada. O projeto de lei (PL) 67/2013, de autoria do vereador Antonio Carlos Banha Joaquim, já foi aprovado em primeira instância e pode ser pautado novamente nas próximas sessões. “O intuito do projeto é manter o poder de concentração dos alunos e melhorar o rendimentos dos professores com um trabalho menos estressante. O presidente da Câmara garantiu que o projeto entrará em pauta nos próximos dias”, explica Banha. Atualmente, o PL tramita entre as comissões do Legislativo santista.

Em sua justificativa, o vereador explica que os professores reclamam que “é constante a troca de ‘torpedos’ entre alunos dentro da sala de aula e também para amigos de outra sala”. Outra reclamação dos docentes, segundo o vereador, é a utilização dos telefones para jogar e para colar nas provas.

De acordo com o projeto de Banha, as escolas deverão afixar avisos em local visível nas salas de aula, divulgando aos alunos a proibição a que se refere a lei. “A escola deve se esforçar para coibir o uso de aparelhos celulares nas salas de aula. Temos a obrigação de orientar nossas crianças e adolescentes e alertar sobre os riscos e perigos do não aproveitamento escolar integral”.

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Professoras desaprovam uso indevido do aparelho durante as aulas (Foto: Matheus Tagé/DL)

Em nível estadual, o governo — na época liderado por José Serra — sancionou uma lei (nº 12.730, de 11 de outubro de 2007) que proíbe os estudantes de usarem celulares durante as aulas nas escolas. No entanto, a lei não cabe para os colégios particulares e municipais. Na rede de ensino do Estado, caberá às escolas definirem a punição aos alunos que desrespeitarem a norma.

Ferramenta

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Para a assessora pedagógica da Diretoria Acadêmica da Unimonte, Simone Rodrigues Batista, a proibição pode ser pior para os alunos. “Hoje, o uso de celular e as novas mídias de comunicação estão muito difundidas. Os professores devem acompanhá-las e aprender novas formas de utilizar o celular como ferramenta”. Simone acredita que o celular pode ser um aliado para evitar a dispersão na sala de aula. “A falta de atenção pode ser sinal de que a aula não está sendo significativa. Se os professores envolverem os alunos em atividades que eles gostam de fazer, o nível de atenção será maior. É preciso ter equilíbrio, menos proibição e mais trabalho com algo que faz mais sentido aos alunos”, explica.

Experiências

Para a professora Carolina Romualdo, de 28 anos e 12 de profissão, o uso de celular pode facilitar a interatividade entre aluno e professor. “Os celulares que os alunos e nós, professores, temos hoje trazem aplicativos que facilitam a apresentação de determinados conteúdos e também tornam mais fácil o acesso a recursos que pensamos de última hora. Não costumo utilizar o celular com muita frequência em sala de aula, mas utilizo o ‘tablet’ para baixar músicas, mostrar imagens, pesquisar assuntos que tenho dúvidas e até mesmo buscar exercícios complementares”, explica.

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Carolina trabalha na rede pública de Santos com 10 alunos de dois anos de idade, sem celulares, por enquanto. Mas em Cubatão, a professora trabalha com alunos de 10 anos, em uma rede particular de ensino que, segundo ela, têm mais acesso à tecnologia.

Já para a professora Karine Menezes, 26, o uso do celular como ferramenta de ensino não faz parte do cotidiano das instituições escolares da Região. “Infelizmente, os alunos usarem o celular como instrumento no processo de aprendizagem ainda é uma realidade distante, ao menos na faixa etária que leciono. Acredito que os alunos abusam do uso do celular mais nas turmas de Ensino Fundamental II e Ensino Médio, momento em que eles passam a ter mais professores e as aulas tem um período menor com cada um deles”, explica.

Karine leciona na rede municipal de Praia Grande há cinco anos. “Trabalho em duas escolas: uma turma do 3º ano com 27 alunos e outra do 4º ano com 34”. Segundo ela, de acordo com o regimento escolar, é proibido o uso de aparelhos eletrônicos em sala de aula para alunos. E, de acordo com as normas internas, os professores também não podem atender as ligações em sala de aula. “Quando, por ventura, algum aluno leva o celular para a escola, é escondido. Já aconteceu de um aluno fazer uma filmagem com celular durante o recreio. Enquanto professora já fiz uso da internet móvel do celular. Os alunos têm dúvidas e nós docentes não temos respostas a todas as perguntas. Para uso do professor o celular é de grande valia, até mesmo para registro das aulas e apresentação de trabalhos dos alunos”, conta.

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Luana Teixeira, 25, professora há cinco anos, concorda com o projeto de lei. Para ela, usar celular em sala de aula atrapalha o desenvolvimento e a atenção dos alunos. “Não tenho como controlar. Tem aluno que leva celular todos os dias e deixa na função vibra para não atrapalhar a aula”.

Para ela, o uso da tecnologia tem dois lados. “Os jogos em celulares atrapalham, mas em relação à pesquisa, o aparelho pode ser muito útil, já que o aluno pode esclarecer qualquer dúvida em qualquer momento”, comenta. Luana leciona para 15 alunos, de 5 a 7 anos, em uma escola particular de Cubatão.

Nas escolas em que a professora Karina Ferreira leciona, o uso de celular é proibido, mas diversos incidentes já ocorreram por conta da desobediência dos alunos. “Há algumas semanas, flagraram alunos gravando vídeos na minha aula. Apreendemos o celular e fizemos uma vistoria nele. Encontramos vídeos de outras aulas (inclusive aluno filmando professor). Já flagrei aluno assistindo vídeo pornô no celular durante a aula”.

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Karina dá aula para cerca de 400 alunos. “Eu leciono em uma escola estadual de Cubatão e em outra da rede municipal de São Vicente. São alunos a partir de 11 anos. Dou aula para o Ensino Médio e EJA”, explica.

Para ela, as crianças estão abusando do uso do celular. “Hoje em dia qualquer criança com 9, 10 anos já tem um celular. Elas precisam saber quando e como usá-lo. Eu tenho alunos que, às vezes, levam o celular, mas não levam o caderno, uma caneta, borracha pra escola. Um absurdo”, lamenta.

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