Cotidiano

Uma semana depois, cenário da tragédia ainda é desolador para moradores

Proprietários dizem que imóveis só serão habitáveis em 2015. Famílias terão que esperar as perícias para entrar com ação na Justiça contra a empresa da aeronave

Publicado em 20/08/2014 às 10:30

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Uma semana se passou, mas parece que o tempo parou no Boqueirão, local da queda da aeronave que levou à morte o presidenciável Eduardo Campos (PSB), quatro assessores, o piloto e o co-piloto. Um cheiro de queimado misturado à terra molhada e carne putrefata ainda é tão forte quanto a dor e as lagrimas de quem ainda vê as marcas da tragédia e da destruição no quintal de casa.

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Na calçada da Rua Vahia de Abreu, próximo à área do acidente, quase esquina com a Rua Alexandre Herculano, há flores depositadas no memorial montado por membros do PSB do Recife em homenagem aos mortos. Pessoas param ali. Alguns olham, outros fotografam e uns parecem rezar pelas almas das vítimas.

Na Rua Alexandre Herculano, curiosos ficam aglomerados em frente aos portões dos imóveis atingidos pelo avião modelo Cessna 560 XL. No interior das propriedades, sobra desolação nas famílias que vêem suas casas destruídas e sem previsão de reconstrução.

Essas famílias vão enfrentar agora os processos burocráticos e judiciais. Os imóveis atingidos terão que ser avaliados por engenheiros, arquitetos e peritos. Os proprietários terão que reunir uma série de documentos, laudos, pareceres que apontarão os valores dos prejuízos para impetrar ações indenizatórias na Justiça contra a empresa da aeronave.

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O avião caiu no quintal da casa de Wanda Maria Pettinati Homem de Bittencourt, entre os bambuzais. Ela disse que não espera a recuperação de seu imóvel antes de seis meses. “Nós estamos fazendo as avaliações dos danos para levantarmos os orçamentos e apresentarmos para a empresa da aeronave”, afirmou Wanda, explicando que engenheiros e arquitetos foram acionados para avaliar o imóvel e apresentar os custos. Esses documentos, mais o boletim de ocorrência lavrado serão reunidos na ação judicial que será impetrada contra a empresa. A Justiça também deverá enviar um perito ao imóvel. “Precisamos fazer tudo isso para pedir o ressarcimento dos prejuízos”.

Peritos ainda precisam avaliar os custos dos estragos para famílias reconstruírem suas casas (Foto: Matheus Tagé/DL)

“O avião explodiu dentro do nosso quintal. Durante seis meses, a gente não tem a menor condição de ficar aqui. A parte elétrica foi toda afetada. Hoje não tem como habitar”, afirmou Wanda. E continuou: “Eu não posso arrumar nem uma fechadura”, disse ela sobre  ter que aguardar as perícias.

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Wanda providenciará um ato ecumênico após a reforma. “É sempre uma tristeza muito grande porque é o palco de uma tragédia. É o nosso patrimônio. Moramos aqui há 42 anos. Temos feito muitas orações. Vamos trazer pessoas de várias religiões para benzer o local. Tudo que a gente perdeu é material, eles perderam a vida. Então, eu só tenho a agradecer a Deus por minha família estar viva”, disse chorando.

Academia Mahatma

O proprietário da Academia Mahatma, Benedito Juarez Câmara, estima seus prejuízos em R$ 1 milhão. O imóvel foi parcialmente destruído e parte dos equipamentos danificada.

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O empresário contratará dois peritos para avaliarem os prejuízos, para poder ingressar ação judicial contra a empresa.

Juarez disse que um grande volume de entulho já foi retirado. “Ainda tem muita coisa a ser feita, resquício humano. O cheiro você está sentindo, está forte. Amanhã a gente começa a fazer a higenização”.

Segundo ele, a academia tem 16 funcionários e 800 clientes. Na próxima semana, o empresário pretende alugar espaço em outra academia para tocar o seu negócio enquanto não recupera o imóvel.

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“São 40 anos de atividade. A paixão pelo que eu faço é muito grande. A vida é um eterno recomeçar e gente vai refazer tudo outra vez”, concluiu Juarez.

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