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Em uma procissão solene, os moradores da vila ucraniana onde um avião de passageiros da Malásia foi abatido com 298 pessoas a bordo há exatamente um ano marcharam para o local exato do desastre aéreo. A meio mundo de distância, o premiê da Austrália Tony Abbott, se lembrou da "selvageria" do ataque em uma cerimônia em homenagem às vítimas.
As duas cerimônias acontecem em meio a uma acirrada disputa sobre quem foi responsável pela queda do voo MH17 da Malaysia Airlines, que teve a viagem de Amsterdã para Kuala Lumpur interrompida em 17 de julho do ano passado, quando foi abatido por um míssil em uma região controlada por rebeldes separatistas da Ucrânia.
Autoridades ucranianas e ocidentais disseram que o avião foi derrubado, provavelmente por engano, por um foguete disparado ou pelos separatistas ou pelas tropas russas que segundo eles apoiam os rebeldes com armas e homens.
Um relatório preliminar divulgado na Holanda no ano passado afirmou que o avião não tinha problemas nos segundos anteriores à explosão no ar, após ele ser atingido por um objeto que pode ter sido um foguete.
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Várias semanas antes de o avião ser derrubado, os separatistas apoiados pelos russos haviam se gabado de ter conseguido um sistema antimíssil e derrubado várias aeronaves ucranianas no leste do país, matando 49 pessoas em uma dessas ações. Os rebeldes e Moscou dizem que os separatistas na verdade não tinham esse sistema de mísseis à disposição e que o avião foi atingido por um avião de combate ucraniano ou por um foguete disparado pelos ucranianos.
As negativas dos rebeldes de responsabilidade no abate do avião têm sido cada vez mais contestadas pelas avaliações de moradores e pelas observações de jornalistas na área. O governo ucraniano também divulgou comunicações interceptadas que segundo ele mostram envolvimento rebelde na queda do avião.
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Na vila de Hrabove, no leste ucraniano, 200 moradores levando flores se reuniram em uma Igreja para um ato e uma procissão em memória das vítimas nesta sexta-feira em campos próximos. O evento foi organizado por líderes locais e pelos rebeldes apoiados pela Rússia que controlam a fronteira.
A Organização das Nações Unidas diz que pelo menos 6.400 pessoas foram mortas desde o início do conflito separatista no leste ucraniano, em abril de 2014.
Em Camberra, nesta sexta-feira, o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, tratou do caso, lamentando as vítimas. Agências de notícias australianas divulgaram um vídeo supostamente mostrando rebeldes apoiados pela Rússia circulando entre os destroços dos passageiros e entre os pertences das vítimas, enquanto mandavam que moradores da área se afastassem. Abbott qualificou o vídeo como "uma atrocidade" e disse ter a certeza de que o avião foi abatido por armas levadas a partir da Rússia para a fronteira.
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Na Holanda, centenas de parentes das vítimas do avião se reuniram na tarde desta sexta-feira em um centro de conferências em Utrecht, no centro do país, em um evento organizado pelos próprios parentes.
Em Bruxelas, a chefe da política externa da União Europeia, Federica Mogherini, enviou suas condolências nesta sexta-feira às famílias das vítimas e pediu uma investigação rápida. Austrália, Bélgica, Malásia, Holanda e Ucrânia pediram ao Conselho de Segurança da ONU que estabeleça um tribunal criminal internacional para julgar os responsáveis no caso. A Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança, se opôs à iniciativa. O presidente russo, Vladimir Putin, argumentou na quinta-feira que não fazia sentido criar esse tribunal enquanto a investigação ainda está em andamento.
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