Cotidiano

Tombamento do Clube Atlético Santista entra em discussão em outubro

O pedido de tombamento do clube centenário ocorreu em 10 de outubro de 2011 e o processo foi iniciado em 10 de maio de 2012

Carlos Ratton

Publicado em 19/09/2021 às 07:00

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O Atlético Santista está há anos se deteriorando. O pedido de tombamento ocorreu há 10 anos e só agora parece que o processo vai andar / Divulgação/Mais Santos

Está prevista para ocorrer na segunda quinzena de outubro próximo, na Câmara de Santos, a audiência pública para discussão do tombamento do Clube Atlético Santista, na Encruzilhada, em Santos. À frente dos trabalhos estará o vereador Francisco Nogueira (PT). A iniciativa iria ocorrer já na próxima quarta-feira (22), mas foi cancelada na sexta-feira (17).

A audiência é uma obrigação legal, é exigida desde 2017 e foi encaminhada pelo prefeito Rogério Santos (PSDB) ao presidente da Câmara, vereador Adilson Júnior (PP), por intermédio de ofício protocolado em 30 de junho último.

Conforme a lei, a audiência tem que ser precedida de parecer técnico do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), que já se posicionou favorável ao tombamento do imóvel, que está há anos praticamente em situação de abandono. O parecer tem mais de 60 páginas e muitas imagens antigas e atuais do clube.

O pedido de tombamento ocorreu em 10 de outubro de 2011 e o processo iniciado em 10 de maio de 2012. Envolve a área das piscinas e o prédio do ginásio e foi solicitado pelas arquitetas Karoline Valverde Araújo e Jaqueline Fernandes Alves; o arquiteto Gino Caldatto Barbosa e mais 20 pessoas voltadas à área.

"É muito importante que um número grande de pessoas participe da audiência para tirar dúvidas e legitimar o processo", afirma Jaqueline, especialista na área.

FOGO.

Vale lembrar que em 28 de março último, ocorreu um incêndio de pequenas proporções no clube, localizado entre as Rua Carvalho de Mendonça e Avenida Washington Luiz.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo foi causado por moradores de rua, que invadiram o local. Quando a equipe de bombeiros chegou ao antigo clube, os causadores do incêndio já haviam saído.

O clube centenário vem há anos sofrendo dificuldades em voltar à funcionar. Em julho do ano passado, informações davam conta que o clube poderia retomar as atividades.

Também especulou-se de uma nova sede e que o terreno estaria sendo leiloado para sanar as dívidas da agremiação esportiva, que, à época, chegariam a R$ 6 milhões, conforme divulgado pela
imprensa.

O clube, que já foi considerado uma dos mais frequentados entre as décadas de 70 e 80, em pleno glamour das discotecas, atualmente abriga cerca de 130 associados.

Suas dependências estão seriamente prejudicadas, com muitas telhas quebradas, lixo espalhado no chão, cadeiras empilhadas, mato alto e também a ausência dos tradicionais campos de futebol
'society'.

HISTÓRIA.

Os arquitetos justificaram o tombamento apresentando a história do clube via Wikipédia, além de inúmeros recortes de jornais e histórico no Município, incluindo de seus principais dirigentes.

Fundado em 7 de setembro de 1913 por alunos da Academia de Comércio José Bonifácio com o nome de Clube Atlético José Bonifácio, o clube passou à Clube Atlético Santista em 1914, tornando-se um dos maiores do futebol da cidade, sendo tricampeão municipal em 1918, 1919 e 1920.

Nas décadas de 1920 e 1930, quando o Santos Futebol Clube (SFC) ainda não havia se consolidado, ambos rivalizavam pela preferência do torcedor, disputando ligas distintas, o Santos pela APEA e o Atlético Santista pela LAF.

A princípio, o clube não tinha campo próprio, jogando em três campos na cidade: o do Jockey Club de Santos; o localizado entre a Avenida Conselheiro Nébias e a Estrada de Ferro Sorocabana; e o da Avenida Ana Costa, que se localizava onde hoje está a Igreja Coração de Maria, o qual ele dividiu com outros clubes, como o próprio Santos.

Após o tricampeonato municipal e hegemonia no futebol praiano, o Atlético primeiro aderiu à Associação Paulista de Esportes Atléticos, mas acabou saindo antes mesmo do início da competição.

Se afiliou à entidade organizadora concorrente, a Liga dos Amadores de Futebol, participou da Primeira Divisão (atual A-1) do Campeonato Paulista em sete ocasiões (1926 a 1932), 1926, 1927, 1928, 1929, 1930, 1931 e 1932.

PAULISTÃO.

Sua melhor campanha foi durante o Paulistão 1931, quando teve treze vitórias, sete empates e cinco derrotas, terminando o Paulistão na quarta posição, e nos confrontos diretos com o Santos, empatando um em 2 a 2 e vencendo o outro por 1 a 0.

No ano seguinte, 1932, porém, o Atlético Santista teve, surpreendentemente, sua pior campanha em todos os tempos, com seis derrotas, dois empates e apenas três vitórias e terminando na penúltima posição.

O péssimo resultado aliado aos altos gastos para se locomover de Santos à Capital levaram os sócios a desistir da equipe profissional de futebol e passarem a investir em outras modalidades esportivas formando algumas boas equipes de basquete e handebol.

O alviverde santista continuou a existir em Santos, tendo construído uma sede no Canal 3. No entanto, devido a problemas financeiros, acabou tendo que vender parte deste terreno anos mais tarde.

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