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Santos se tornou a primeira cidade do País a ter 100% da frota de ônibus com acesso à internet, fato anunciado pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), em 29 de julho. Mas em algumas linhas do transporte coletivo, dependendo do horário e do número de usuários no ônibus, a Reportagem constatou que a conexão à rede Wi-Fi apenas existe na teoria e os cidadãos não conseguem conectar à rede da Piracicabana.
A Reportagem experimentou a conexão sem fio nas seguintes linhas: 4, 7, 10, 17, 19, 20, 23, 42, 54, 139, 152 e 184. Em todos estes ônibus, de diferentes itinerários, foi possível conseguir conexão de maneira rápida e com sinal de médio a forte, sempre pela manhã e com o ônibus praticamente vazio. Na mesma hora, e com poucos passageiros, 10, 17, 23, 42 e 54 não conectaram em dois dias de testes, e segundo usuários ouvidos pela reportagem.
A Reportagem constatou que independentemente do horário, o que mais influencia o acesso à rede é o número de passageiros, dependendo do fluxo de uso da internet. Pela tarde, com um número de passageiros entre 10 a 20 pessoas não foi possível conseguir acesso à internet. Quando os celulares que a reportagem testava as conexões, acessava a rede, o sinal era de fraco a ruim.
À noite, a variação é maior. No horário das 18 horas às 20 horas, o acesso nestas linhas se torna muito mais difícil. Foi na linha de número 42, onde a reportagem esperou o maior tempo para acessar a internet.Na noite de quinta-feira, com todos os lugares ocupados, a Reportagem esperou aproximadamente 25 minutos até conseguir entrar na rede Piracicabana.
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Em algumas ocasiões, a equipe do DL só conseguiu acesso quando estava próximo de descer dos ônibus. No mesmo sentido, afirma o estudante Marco Antônio Santos, de 19 anos. “Geralmente consigo acesso quando estou para descer do ônibus. Até agora não consegui acessar tão bem não. Quando conectou, demorou muito e não pegou legal. Mas é boa a ideia de ter acesso para todo mundo”. Marco Antônio utiliza todos os dias as linhas 10, 17 ou 54.
Todos os entrevistados aprovam a ideia do acesso livre à internet em todos os ônibus coletivos de Santos. Usuário dos coletivos 20, 73 e 139, Lucas Uriel disse que sempre consegue conectar a rede. “Nunca falhou comigo. Sempre consigo conectar e pega bem o sinal. Já assistir até vídeo e não demorou a carregar”, elogiou.
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Através de sua assessoria de imprensa, a Prefeitura de Santos explicou que desde a disponibilização do serviço de internet nos ônibus, em abril de 2013, poucas reclamações foram protocolada saté o momento. Não houve registrode queixa referente ao Wi-Fi nos canais da Piracicabana e, apenas quatro ocorrências no Sistema de Atendimento ao Consumidor da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
A frota municipal é equipada com aparelhos da rede da operadora Vivo.Para efetivar a conexão, o modem instalado em cada ônibus procura as antenas das operadoras de telefonia celular. Como o ônibus está sempre em constante movimento, é possível que eventualmente o modem perca a conexão com alguma antena e passe a buscar o sinal mais potente de outra antena. Isso acontece também com todos os celulares e smartphones, é uma oscilação de sinal, que diminui e aumenta a potência.
Caso seja constatada alguma falha ou problema na disponibilização do serviço, a CET solicita a comunicação pelo telefone 0800.7719194, opção 2, apresentando o prefixo do ônibus.
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Os perigos de compartilhar uma rede
Em uma rede pública de internet sem fio há diversos riscos, desde seu aparelho contrair um vírus malicioso que dá acesso das suas informações a outras pessoas, até ter usuário e senha copiados e roubados por um programa ou pessoa mal intencionada. É o que explica o professor e coordenador dos cursos de Ciências da Computação e de Sistemas de Informação, da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Fernando Campos de Macedo.
“Quando você está em uma rede pública, transitando com coisas pessoais, você não sabe o que está do outro lado. De repente, pode ter um software malicioso ou alguém mal intencionado monitorando aquela rede, e eventualmente pode capturar dados que trafegam na sua conexão”.
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O professor Fernando explica que apesar disso, usuário e senha, transação bancária e outras atividades que necessitem acesso privado, são mais complicadas dese conseguir copiar, mas que, mesmo assim, é necessário ter cuidado, “porque essas coisas transitam de forma criptografada. Mas se não tiver criptografado (o site, por exemplo) você pode ter uma conta ‘hackeada’” disse.
Há a possibilidade de acessar dados como fotos e arquivos de um computador ou celular, mas não é simples. Segundo Fernando, seria necessário injetar um vírus para ter acesso ao aparelho, porém em um ambiente como um ônibus, por exemplo, é bem difícil disso de ocorrer, “pois não terá ninguém com a infraestrutura preparada para esse tipo de coisa” em um ambiente móvel.
Segundo o professor, a coisa mais comum que pode acontecer em redes públicas é o aparelho contrair um vírus. “Já aconteceu comigo em um hotel, conectado à rede, e meu computador teve uma série de vírus pelo simples fato de está conectado”. Além disso, o administrador da rede pode monitorar o que é acessado pelos usuários, de acordo com o professor Fernando. “Se eu faço a rede Wi-Fi, e deixo ela aberta, eu consigo monitorar o que está trafegando naquela rede”.
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Fernando acredita ser boa a iniciativa da Prefeitura de Santos em disponibilizar internet nos coletivos da Cidade, pois com o desenvolvimento das tecnologias é cada vez mais importante que as pessoas estejam em rede. “Com o desenvolvimento dos smartphones, a ideia é que se tenha conectividade em todos os cantos, e ter conexão nos ônibus é um avanço muito grande. Acho que não deve só parar em ônibus. Deve ter em shopping, praças e etc. Manter as pessoas conectadas só traz benefícios”, finalizou.