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A deputada estadual Telma de Souza (PT) apresentou requerimento de informação à Secretaria de Estado da Educação sobre a estrutura da rede de ensino de São Paulo à disposição dos estudantes com deficiência na Baixada Santista. A partir dos dados a serem levantados, Telma quer traçar um diagnóstico sobre a oferta e a demanda da educação especial.
A ação da deputada se baseou na reportagem do Diário do Litoral, publicada no dia 17 de fevereiro último, sobre a situação da estudante Beatriz Santos Rodrigues, de 16 anos, demonstrando que a estrutura educacional do Estado possui graves falhas. A menina vem tendo dificuldades em cursar o primeiro ano do Ensino Médio na Cidade porque a Rede Estadual não possui equipamentos e professores capazes de auxiliá-la em função de sua baixa visão congênita - ela possui apenas 5% da visão.
Atualmente, Beatriz estuda de forma precária na Escola Estadual Marquês de São Vicente, em Santos, depois da mãe da adolescente, Fernanda Rodrigues, ter desafiado a direção da unidade e insistido em matricula-la. Ainda sim, a menina não recebe a mesma estrutura que era oferecida nas escolas do município.
Sem condições de custear a mensalidade de uma escola particular especializada, a família de Beatriz, assim como as de inúmeros outros estudantes paulistas com algum tipo de deficiência, segue à espera de professores especializados, auxiliares e materiais apropriados.
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Entre os questionamentos, Telma quer saber do secretário Herman Voorwald qual o aparato material à disposição dos estudantes com deficiência física, auditiva, visual ou intelectual em todo o Estado, bem como o universo de estudantes, professores e auxiliares especializados, assim como as escolas onde estes alunos estão matriculados na Baixada Santista.
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“Assim como a Beatriz, certamente são muitos os jovens paulistas à espera de instrumentos que lhes possibilite o acesso a um direito constitucional, que é a educação”, destacou Telma. “São Paulo é o estado mais rico do Brasil, que é obrigado a investir 25% do que arrecada com Educação. Não há explicação para os estudantes com necessidades especiais serem negligenciados e terem seus futuros comprometidos”, afirmou a deputada.
Direitos Humanos vão analisar caso
A situação de Beatriz já está sendo objeto de análise da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O deputado e membro da comissão Marco Aurélio de Souza (PT), que também soube do caso por intermédio da reportagem, chegou a fazer um pronunciamento na tribuna da Casa.
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“Essa situação ultrapassou a esfera do simples acesso à Educação e atinge diretamente os Direitos Humanos. Essa reportagem põe em evidência o tratamento dado pelo Estado a pessoas portadoras de necessidades especiais. E isso não é uma questão partidária, mas estritamente humana”, disse o deputado no dia seguinte à reportagem.
Marco Aurélio ressaltou que é preciso rever a política educacional do Estado e disse que tentaria convencer mãe e filha a depor na Comissão. “Vamos resolver isso. É um caso de Direitos Humanos e esse mau exemplo de assistência não pode ser aceito no Estado de São Paulo. Vamos lutar para que isso não se repita”, finalizou.
Menina expõe situação na rede
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“A deficiência visual nunca me impediu de estudar ou de correr atrás dos meus sonhos. Mas me deparei com um obstáculo. Nos últimos dias, vivi situações de revolta e me surpreendi com a falta de respeito e com a discriminação”. Foi assim que Beatriz expôs sua situação nas redes sociais e também como o Diário do Litoral a encontrou.
Beatriz cursou o Ensino Fundamental em escolas municipais e faz complementação no Lar das Moças Cegas. No entanto, até há pouco tempo ela não havia assistido uma aula sequer na escola Marquês de São Vicente, porque a instituição não estava preparada pela receber pessoas com necessidades especiais.
A menina explicou que no Ensino Fundamental sempre teve uma professora auxiliar e outra de recursos, que ampliava as lições do livro. Porém, no Ensino Médio, isso não está sendo possível. “O Estado não oferece nada disso. Um amigo ditava a lição da lousa para mim, mas acabamos ficando em salas separadas e a escola não quer nos juntar novamente”, disse na ocasião, alegando ainda que a escola chegou a exigir um laudo que comprovasse a deficiência - documento entregue duas vezes e, ainda sim, insuficiente para que pudesse estudar.
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Pouco resolvido
Procurada, a Diretoria Regional de Ensino de Santos esclareceu, na época, que a Escola Estadual Marquês de São Vicente possui educadores qualificados para atender a esses estudantes e que estaria à disposição da mãe para prestar os esclarecimentos necessários e apresentar a ela o suporte pedagógico da unidade.
A Direção garantia ainda que seriam disponibilizados à aluna materiais específicos para estudantes com baixa visão, como cadernos de pauta ampliada e lupas ampliadoras.
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Na última sexta-feira (7), Fernanda (mãe de Beatriz) informou que a escola forneceu material ampliado e uma lupa que se mostrou inútil. “Ainda não disponibilizaram uma professora auxiliar e minha filha só consegue acompanhar as aulas porque os colegas ditam as lições”, finaliza.