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É importante salientar que dois técnicos — o oceanógrafo Fabrício Gandini e o arqueólogo Manoel Gonzalez — em reportagens publicadas com exclusividade pelo DL no final de julho e começo de agosto último, denunciaram os prováveis problemas sociais e ambientais que o empreendimento traria para a Região.
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Saipem é acusada de crime ambiental no Porto de Santos
Segundo Gandini, bairros do entorno da Avenida dos Caiçaras — Santa Rosa, Santo Antônio, Vila Lígia, La Palmas, Astúrias e Guaiúba —, além das comunidades da praia do Góes e Santa Cruz dos Navegantes, serão diretamente impactados pela desvalorização imobiliária em função do excesso de caminhões por conta da instalação da Saipem.
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Gandini revelou que a Avenida dos Caiçaras poderá se tornar uma nova Rua do Adubo — via de Vicente de Carvalho que concentra número excessivo de caminhões, causando transtornos quase que diários para motoristas e moradores do entorno.
O oceanógrafo acredita que a área do entorno do empreendimento da Saipem não tem estrutura para abrigar um complexo portuário, que está sendo alinhavado de forma equivocada na revisão do Plano Diretor de Guarujá e garante que o estudo de impacto de vizinhança realizado para respaldar o empreendimento é fraco, de baixo valor técnico, que não apresenta soluções para conter o impacto viário que está ocorrendo e que vai ocorrer.
“Mas o pior está por vir, que é a mudança completa do Plano Diretor da cidade e alteração de todas as áreas rurais do entorno de Santa Cruz dos Navegantes, para áreas portuárias. Isso vai condenar tudo e todos.
É preciso impor limites. Há outros locais para abrigar a Saipem, que escolheu uma área completamente isolada dos pontos de vista viário e logístico. Precisamos nos debruçar com seriedade na relação porto-cidade”, revelava.
Arqueologia
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O arqueólogo, professor-doutor Manoel Gonzalez, afirma que a Saipem seria responsável pela possível extinção de sítios arqueológicos do canal do estuário santista, cometendo crime ambiental no lado esquerdo do Porto de Santos, destruindo parte da fauna e flora do entorno do empreendimento, pois sequer possui a prospecção arqueológica subaquática — estudo obrigatório para que a empresa comece as atividades.
Gonzalez protocolou ofício apontando as irregularidades ao 16º promotor de Meio Ambiente de Santos, Daury de Paula Júnior. No documento, o arqueólogo acredita que empresa contaria com complacência do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que deveria fiscalizar e exigir o documento, não toma qualquer atitude.
Gonzalez explica também que as obras de construção e dragagem do empreendimento foram iniciadas em junho do ano passado, antes da publicação da portaria de pesquisa no Diário Oficial da União (DOU) que autoriza o início dos trabalhos, o que ocorreu somente em 29 de novembro. Portanto, a Saipem teria começado as obras sem o devido consentimento, burlando as leis ambientais.
Ele completa alertando que, além dos vários sítios arqueológicos no entorno do empreendimento, existe um sambaqui (montanhas erguidas em baías, praias ou na foz de grandes rios por povos que habitaram o litoral do Brasil na Pré-História) a 900 metros (que foi registrado em 2005 pelo próprio IPHAN); a Fortaleza da Barra (um patrimônio histórico e arqueológico tombado) e o próprio Porto de Santos, que possui um amplo potencial arqueológico debaixo da água. Gonzalez revela que a empresa revirou o fundo do canal danificando o mangue, a fauna e todo o ecossistema. “Os peixes precisam dos sambaquis para sobreviver.
E na região da Saipem existe um sistema integrado de sambaquis. Além disso, o barulho da empresa está espantando animais e aves da mata do entorno. No fundo do mar, devem existir embarcações antigas. O mangue é um berçário e as espécies estão sendo ameaçadas pela intervenção da empresa”, disse, revelando que a empresa vai fabricar dutos, cujo metal pesado vai afetar comunidades de Guarujá e moradores da Ponta da Praia, em Santos.
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