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Você para em cruzamentos de madrugada? Entre meia-noite e cinco da manhã, alguns semáforos ficam piscando no sinal amarelo (atenção), justamente para a pessoa desacelerar e passar. A medida se justifica. Com os altos índices de insegurança, o bom senso aconselha não parar em semáforos durante esse período. O ideal é que o motorista, ao avistar o sinal vermelho, reduza a velocidade e, com bastante atenção, passe pelo cruzamento devagar, evitando assim abordagens de marginais.
Se for taxista, por exemplo, a atitude descrita acima é ainda mais justificável. Afinal, esses profissionais trabalham com dinheiro, principal alvo dos bandidos. No entanto, um taxista, que pediu para ter sua identidade preservada para evitar futuros aborrecimentos, foi multado às 2h30 da madrugada de 27 de abril passado, após cruzar a Rua Júlio de Mesquita com a Rua Júlio Conceição, por um agente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). “Entre o assalto e a multa, infelizmente, arrisco ser canetado”, disse à Reportagem.
A infração é considerada gravíssima e o condutor ainda perdeu sete pontos em sua carteira de habilitação. “Posso estar errado, mas não posso arriscar parar, ser assaltado e até morto. Até em pontos está perigoso. Não vi o agente. Mas, em minha opinião, ele poderia ser um pouco compreensivo, pois de madrugada uma parada pode ser dramática para eu e para o passageiro”, afirma o taxista penalizado. Ele explica que muitos colegas de profissão também temem a presença de assaltantes.
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Presidente do Sindtáxi pede discussão
Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos e Transportadores Autônomos de Passageiros de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão (Sindtáxi), Luiz Antonio Sares Guerra, “não se trata de estimular o desrespeito à lei, mas é preciso um pouco de bom senso. Com esta onda de violência que domina o País, as autoridades deveriam entender um pouco a situação do taxista, um dos profissionais mais vulneráveis do mundo. Só vão se mexer quando houver mortes”, afirma Guerra, que tem mais de 30 anos de profissão (10 somente no período noturno).
O sindicalista explica que é preciso levar em conta que um taxista, quando ultrapassa o sinal vermelho de madrugada, não está apenas preservando sua segurança. “Ele pode estar levando alguém ao hospital em situação de emergência. Também pode estar sofrendo um sequestro relâmpago, em que nem seja ele o motorista. Ele pode estar preso no porta malas e o bandido dirigindo. A fiscalização é necessária e importante. O taxista não sabe quem está transportando. Os procedimentos deveriam ser revistos”, explica.
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Neste sentido, o presidente do Sindtáxi ressalta que já é tempo da cidade ter um sistema integrado de informações em que o agente, quando percebesse a infração, comunicaria a Polícia Militar, autoridade que averiguaria a verdadeira situação.
“Um trabalho de prevenção, dando segurança para os motoristas e passageiros. Hoje, o taxista precisa carregar pouco dinheiro, para dar para o assaltante mais agressivo, que precisa de qualquer montante para ir embora. Apesar de ter bandido que te mata por sete ou oito reais. São 12 horas diárias de tensão”, ressalta.
CET se resume à legislação
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Procurada, a CET Santos, por meio da assessoria de imprensa, informou que mantém os agentes para atender ocorrências como acidentes de trânsito, falhas semafóricas, entre outras situações. A empresa não revelou a quantidade de equipes, alertando apenas que varia conforme a demanda existente.
A CET também não revelou quais os principais pontos de fiscalização, resumindo que o monitoramento é realizado em toda a Cidade. Questionada se não seria uma questão de prudência contra assaltos cruzar devagar o sinal vermelho de madrugada, a empresa respondeu que a legislação de trânsito não faz diferenciação entre cruzar devagar ou em alta velocidade o sinal vermelho e aconselha o motorista a não cometer a infração.
Sobre os semáforos ficarem piscando no sinal amarelo, justamente para a pessoa desacelerar e passar, a empresa respondeu que a multa aplicada se refere ao avanço no sinal vermelho. O semáforo com amarelo piscante no horário da meia-noite às cinco da manhã se restringe aos pontos onde não há cruzamento de vias, mas apenas passagem de pedestres.
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A CET não respondeu qual a média de multas mensais durante a madrugada e revelou que os agentes que trabalham nesse período recebem direitos trabalhistas, previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Finalizando, a CET disse que toda multa é passível de recurso no prazo previsto pela legislação de trânsito e que muitos acidentes ocorrem de madrugada por imprudência de motoristas e descuidos de pedestres. O avanço ao sinal vermelho, até em vias com baixo movimento de trânsito, já provocou inúmeros acidentes na cidade, inclusive com vítimas fatais.
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