Cotidiano

Sumiço de Amarildo completa 1 mês; PMs e traficantes são suspeitos do crime

Desde que a Divisão de Homicídios (DH) assumiu o caso, no dia 1º, o pedreiro já é considerado morto e há duas hipóteses

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 13/08/2013 às 19:25

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Um mês após o sumiço de Amarildo Dias de Souza, de 43 anos, que serão completados nesta quarta-feira, 14, a Polícia Civil do Rio ainda tem duas linhas de investigação para elucidar o crime.

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Desde que a Divisão de Homicídios (DH) assumiu o caso, no dia 1º, o pedreiro já é considerado morto e há duas hipóteses. A primeira é que os autores do crime sejam PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na zona sul do Rio, onde Amarildo morava. A segunda é que Amarildo tenha sido executado por traficantes da favela, que desconfiavam que ele fosse "X9", ou seja, informante da polícia. A vítima está desaparecida desde a noite de 14 de julho, quando foi conduzida por PMs de sua casa até a sede da UPP da Rocinha "para averiguação".

A principal suspeita contra a UPP recai no fato de duas câmeras localizadas em frente à sede - que poderiam ter filmado Amarildo deixando o local, conforme alegam os PMs - estarem inoperantes naquela noite. Além disso, o sistema GPS, capaz de apontar o trajeto do veículo que levou Amarildo até a UPP, também não estaria funcionando. A informação foi divulgada pelo delegado Orlando Zaccone, da 15ª Delegacia de Polícia (Gávea), que investigou o caso nos primeiros 15 dias. Diversas perícias já foram realizadas na UPP, inclusive com luminol (substância capaz de encontrar manchas de sangue mesmo depois de o local ter sido limpo). A DH já ouviu mais de 20 PMs. O depoimento do comandante da UPP, major Edson Santos, na última sexta-feira, 09, durou mais de oito horas.

Diversos protestos aconteceram no Rio de Janeiro, devido ao desaparecimento de Amarildo (Foto: ONG Rio de Paz)

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Em relação ao tráfico, a principal prova é uma escuta telefônica na qual o traficante Thiago da Silva Mendes Neris, o Catatau, de 24 anos, assume a autoria do assassinato de Amarildo numa ligação para o celular de um policial da UPP, que trabalhava "infiltrado" na quadrilha. A conversa, ocorrida em 18 de julho (quatro dias após o sumiço do pedreiro), foi gravada, já que o celular do policial estava grampeado pela Justiça. A investigação resultou na Operação Paz Armada, em 13 de julho, que prendeu 33 suspeitos de ligação com o tráfico. Em depoimento na 15ª DP, o policial infiltrado confirmou a conversa.

Protestos

Para lembrar o primeiro aniversário do sumiço de Amarildo e cobrar solução para o caso, a ONG Rio de Paz fará às 18h desta quarta mais um protesto na Rocinha. Nesta terça-feira, 13, o movimento realizou um ato em frente à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), antes de uma audiência pública para discutir os casos de desaparecimentos não esclarecidos no Estado.

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O grupo colocou nas escadarias do Palácio Tiradentes, sede da Alerj, dois manequins sujos de tinta vermelha, simbolizando sangue. Um dos bonecos foi colocado em meio a pneus para representar um "micro-ondas", no qual vítimas têm o corpo incendiado. No Rio, a prática é comum em favelas dominadas pelo tráfico de drogas. Dezoito atores, também sujos de tinta vermelha, fizeram uma encenação no local.

Presidente do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa destacou que o número de desaparecidos no Estado do Rio vem subindo ano a ano. "Há milhares de Amarildos por aí. Cerca de 35 mil pessoas sumiram de 2007 a 2013 no Estado. Queremos uma pesquisa para saber quantos desses desaparecidos foram assassinados. O Rio está repleto de locais de desova e cemitérios clandestinos. Os rios que deságuam na Baía de Guanabara estão cheios de cadáveres O caso do Amarildo chamou a atenção para o fenômeno, que deveria causar indignação nas autoridades", afirmou Costa.

A esposa de Amarildo, Elizabete Gomes da Silva participou da audiência pública, e disse ter certeza que o pedreiro está morto "Não tenho mais esperança... Meu marido nunca saiu de casa. A última que ele disse antes de sumir foi: 'Bete, meus documentos estão com aquele policial'... e entrou na viatura da PM. Só queremos saber onde ele está."

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