Cotidiano
Diretoria Executiva do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) diz que é inaceitável que o Escolástica Rosa vire sede de uma escola militar
Fechado há anos e se deteriorando dia após dia, o complexo precisa de restauro, com no mínimo três anos de duração e investimentos de cerca de R$ 50 milhões / Renan Lousada/DL
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A Diretoria Executiva do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), por intermédio da professora Sonia Maciel, rechaça a possibilidade do imóvel do Escolástica Rosa se tornar sede de uma escola militar.
"Para quem conhece o imóvel e os objetivos pelo qual ele foi concebido, é inaceitável tamanha aberração. Por que não se pensar em projetos culturais, semelhante ao Museu do Amanhã, do Rio de Janeiro?", diz Sonia.
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A professora acredita que o prédio jamais poderia ser fechado à educação de um segmento. Ela lembra que o Escolástica foi inaugurado há mais de um século como uma unidade de benemerência destinada a crianças pobres.
"Um espaço tão nobre e um prédio histórico tem que servir para fomentar cultura e seus mais diversos segmentos, como teatro, cinema, música, literatura e outros. Se depender da Apeoesp, a luta está apenas começando".
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A coordenadora da Subsede Baixada Santista da APEOESP, Tânia Maria Grizzi de Moraes, defende que seja respeitado o que foi definido no testamento de João Octávio dos Santos, criador do Instituto Escolástica Rosa para meninos órfãos e pobres o qual deu o nome de sua mãe, deixando-o sob a administração da Santa Casa.
"Testamento não tem prazo de validade e nele define que o prédio teria que ser destinado à educação profissional de filhos da classe trabalhadora. A APEOESP defende a escola pública, regular, gratuita e de formação geral e cidadã, sem condicionamento militar", afirma Tânia Maria.
Esta semana, mulheres da Frente Feminista da Baixada Santista se reuniram para organizar um movimento de resistência em defesa da manutenção da Escola Escolástica Rosa como espaço educativo e cultural e contra a instalação de uma escola militar no lugar, como quer a deputada federal Rosana Valle (PL). Um ato está agendado para o próximo dia 15, às 13 horas, em frente ao prédio.
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Ainda recentemente, o provedor da Santa Casa de Santos, Ariovaldo Feliciano, praticamente descartou a possibilidade do complexo, sob responsabilidade da Santa Casa, servir como escola da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Vale lembrar que a Irmandade chegou a oferecer o imóvel como garantia de pagamento de uma dívida de aproximadamente R$ 30 milhões com o Governo Federal. Somados a outros R$ 97 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o hospital devia quase R$ 130 milhões à União.
Esses dados constam dos autos da ação civil movida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), que pede a desapropriação do terreno de 17 mil metros quadrados.
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O Escolástica Rosa é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa), o que implicaria em uma ampla discussão com ambos os órgãos e com a sociedade que, com certeza, gostaria de sugerir outros destinos ao prédio
Fechado há anos e se deteriorando dia após dia, o complexo precisa de restauro, com no mínimo três anos de duração e investimentos de cerca de R$ 50 milhões, segundo o Núcleo de Pesquisa e Estudo em Chondrichthyes (Nupec) que, esta semana, desistiu do imóvel, rescindindo o contrato de locação e os planos de restauração.