Cotidiano

Sensação de insegurança só cresce em Cubatão

Crimes e boatos nas redes sociais aumentam a preocupação do moradores com a segurança pública

Publicado em 29/06/2015 às 11:03

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Continua depois da publicidade

Pavor. Este é o sentimento de quem acompanha as notícias de Cubatão. A violência está assustando toda a Região, mas, nas últimas semanas, a Cidade tem enfrentado uma ocorrência atrás da outra. A mais recente foi o assalto a um casal de idosos na Ponte Nova. Infelizmente, o homem de 75 anos morreu durante a ação.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

A cada caso de violência, centenas de postagens revoltadas nas redes sociais reclamam da falta de segurança no Município. “Estou realmente preocupada com a situação de hoje em Cubatão. Deus salve os menos afortunados, Deus salvem nossas crianças, nossos jovens...”, lamenta a dona de casa Rosely Fernandes, moradora do Jardim Casqueiro. Ela também já foi vítima: na última semana, um assaltante invadiu a sua casa. “Ele quebrou o meu portão e peguei ele dentro do meu quintal. Ele só conseguiu levar uma bicicleta porque eu o assustei”, explica. Rosely ligou na hora para o 190, mas a Polícia Militar não foi até o local. Ela não registrou boletim de ocorrência. “Fiquei tão revoltada e nervosa que até esqueci”.

A mesma revolta sentiu a estudante Thaynara Cruz, também moradora do Jardim Casqueiro. Na última semana, uma assaltante levou seu celular em plena luz dia, enquanto caminhava para o seu local de trabalho. “Você sai de casa para trabalhar para pagar suas contas, conquistar alguma coisa e vem um ser nojento, pobre de espírito, e te leva algo que você conseguiu comprar com o suor do seu trabalho! Não importa mais nem o horário, é tão simples! O que é triste não é perder um celular, e sim saber que seremos eternos reféns dessa situação. Sou só mais uma”, lamenta. Ao postar seu lamento em seu perfil no Facebook, os amigos lamentaram expondo outros amigos assaltados no mesmo período. Com Rosely aconteceu o mesmo.

Na verdade, a rede social tem espalhado ainda mais este pavor. Grupos de moradores na rede social publicam todos os dias casos de violência e cobram medidas das autoridades: “Eu tenho falado pelos cotovelos... Falta um policiamento mais ostensivo, câmeras de monitoramento, guarda municipal. O Casqueiro que eu escolhi para morar só tem o mesmo nome, porque não é mais o mesmo”, reclama.

Continua depois da publicidade

O número de reclamações nas redes sociais aumentou após a ocorrência de um estupro no Jardim 31 de Março. Uma moça saiu para trabalhar, às 6 horas da manhã, e encontrou um indivíduo em sua porta, que a fez entrar novamente em casa, a estuprou e levou seus pertences. Com este caso, uma enxurrada de outras mulheres perseguidas surgiu na internet, todas dando conta de onde o possível estuprador estava. Só mais duas vítimas fizeram boletim de ocorrência — nenhum estupro, só perseguição e tentativa.

Crimes e boatos nas redes sociais aumentam a preocupação do moradores com a segurança pública (Foto: Matheus Tagé/DL)

Um retrato falado foi divulgado pela Polícia Civil, feito através das características descritas pela primeira vítima. Desde então, milhares de compartilhamentos tentam divulgar ao máximo o rosto do criminoso. A atitude divide opiniões: enquanto alguns defendem a divulgação do retrato, outros pedem cautela — “pode acontecer como com aquela moça do Guarujá e morrer um inocente”, repetem, mencionando o assassinato por linchamento da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, confundida com uma possível sequestradora de crianças, ocorrido em maio do ano passado.

Continua depois da publicidade

O estupro e a divulgação do retrato falado colocaram as mulheres em alerta. A analista de Logística Cíntia Oliveira precisou correr de um homem que a perseguiu na Ponte Nova. “Desci no ponto de ônibus do Nóbrega (Rua Carlos Gomes) e percebi que um homem de bicicleta me encarava e olhava muito para os lados. Logo ele começou a vir em minha direção e eu comecei a correr. Depois de um tempo, ele desistiu. Não consegui guardar as características do rosto, até por conta do desespero, mas sinceramente, graças a Deus não guardei, porque depois que vi o retrato falado do cara (estuprador), virou um tormento na minha mente”, confessa.

Já no Jardim Nova Repúplica, uma dona de casa tem certeza que viu o tal “cara” do retrato falado. “Uma menina do Bolsão 9 foi seguida por ele. Já o vi rondando aqui pelo bairro. No prédio onde moro também. Quando ele notou que estávamos falando dele, ele correu. Chamamos a polícia, esperamos o dia todo e não apareceu ninguém”, conta Eduarda Silva, afirmando também que a Cidade não é mais como antes.

Novo batalhão em licitação

Continua depois da publicidade

O secretário de Segurança Pública de Cubatão, Armando Campinas, garante que a Prefeitura faz o possível para diminuir a sensação de insegurança da Cidade. “Fazemos todas as cobranças. Esta é uma preocupação metropolitana. Todos cobram o Estado, nós aqui cobramos a CPFL por conta da iluminação pública”, explica.

Ainda segundo ele, as medidas cabíveis estão sendo tomadas: o sistema de videomonitoramento da Cidade já está em operação, um novo batalhão da Polícia Militar no Jardim Casqueiro já está em processo licitatório e projeto de lei propondo a criação da Guarda Municipal de Cubatão está tramitando na Câmara. “Estamos fazendo o que nos cabe. Mas também estamos cobrando maior policiamento do Estado. Sobre o caso do estuprador que está sendo procurado pela polícia na Cidade, o sistema de monitoramento já está ajudando e já estamos perto de solucionar o caso”, comenta.

Estado: números de ocorrência diminuíram em relação a 2014

Continua depois da publicidade

Mesmo com tantas reclamações nas redes sociais e a sensação de insegurança em que mora na Cidade, os números registrados na Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado mostram uma redução nos casos de roubo e furto em Cubatão: de janeiro a abril deste ano foram feitas 811 ocorrências de roubos e furtos; no mesmo período de 2014, foram 1.011. O número de estupros no período também foi menor: cinco este ano contra nove registrados no ano passado.

Nos primeiros quatro meses de 2015, a região do 1º DP (Centro e redondezas) é a que mais tem registros de roubos e furtos: 307. O 3º DP (região da Vila Nova) segue com 291 casos registrados de roubos e furtos. Por último vem a região do Casqueiro, 2º DP: 213 casos. Os dados estão disponíveis no site da Secretaria de Segurança: www.ssp.sp.gov.br.

Questionada sobre os números de violência na Cidade, a Secretaria garantiu, através do delegado Manoel Gatto, titular da Delegacia Seccional de Santos, que operações são realizadas constantemente no município de Cubatão. E atestam a redução nos números: “no primeiro quadrimestre de 2015, na área do 2º DP de Cubatão (Jardim Casqueiro), houve uma diminuição de 9% nos casos de roubo e 27% nos casos de furtos, em comparação com o mesmo período do ano passado. O município também apresentou queda nesses índices, os roubos diminuíram 18,2% e os furtos 21,3%”.

Continua depois da publicidade

Em nota, a Polícia Militar também informou que realiza o patrulhamento ostensivo e preventivo na região através dos diversos programas de policiamento. “De janeiro a abril deste ano foram presas 132 pessoas e 34 armas apreendidas na cidade de Cubatão”.

Reforço

A SSP ainda esclarece que a Polícia Militar formou, em maio, 2.614 novos soldados de segunda classe e há concursos em andamento para o preenchimento de quatro mil vagas. Atualmente, para as três polícias, há 10.211 vagas em aberto de concursos em andamento, com 6.914 vagas para soldados, 3.700 policiais militares estão em formação e outras 1.741 vagas para soldados serão abertas nos próximos meses. Cinco mil cargos administrativos serão colocados em concurso, liberando mais cinco mil policiais militares para o policiamento.

Continua depois da publicidade

Já para a Polícia Civil, a SSP informa que estão em andamento concursos para o preenchimento de 2.301 vagas, sendo 129 para delegados, 1.384 para investigadores e 788 para escrivães. Na semana passada, foram nomeados 392 novos policiais civis — 153 escrivães e 239 agentes policiais. Os policiais passarão por curso de três meses de formação na Academia da Polícia Civil (Acadepol) e serão distribuídos de acordo com a necessidade de cada região.

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software