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“Genocídio é palavra forte, mas não estamos falando de narizes torcidos, bullyings. Estamos falando de mortes em grande número, é um problema que precisamos enfrentar. Não são dados de uma discriminaçãozinha aqui ou acolá, mas de uma verdadeira matança”, afirmaram os participantes do I Seminário ‘Juventude Negra, Racismo e Direitos Humanos: Juventude Viva!’, realizado no Bloco Cultural do Paço Municipal de Cubatão, ontem, dentro da programação do 3º Novembro Zumbi Cubatão.
São números locais, estaduais e nacionais. Os nacionais foram divulgados no dia 19 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e destacados no encontro cubatense pela pesquisadora Maria Gorete Marques de Jesus, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP): de 2002 a 2012, ocorreram no País 122 mil mortes violentas de negros, ante 50 mil de não-negros, evidenciando a violência maior praticada contra a população afrodescendente.
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No Estado de São Paulo, em uma semana de maio de 2006, próximo ao Dia das Mães, morreram violentamente 600 jovens, o que levou à criação do movimento Mães de Maio, representado neste encontro pela militante Débora Maria da Silva, que citou: “em 2010 se matou 49.932 jovens”.
Também foram apresentados números locais, como o fato de serem negros 60% dos 33 mil jovens de 15 a 29 anos residentes em Cubatão, e que mais de 50% da população de Cubatão, Guarujá e Bertioga é de origem negra, o que pode explicar ser a Baixada Santista seguidamente considerada a região com maior número de casos de violência no Estado.
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Susto
Com a participação principalmente de estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Affonso Schmidt, o encontro incluiu a exibição da série de filmes ‘Diz Ai - Extermínio da Juventude Negra’, dirigida por Victor Luiz dos Santos, produtor da Querô Filmes. O editor da série e diretor de finalização da Querô, Jefferson Paulino, ouviu 18 horas de depoimentos, para editar os filmes da série, e disse no seminário: “tomei um susto ao ver os dados aqui mostrados. O Brasil não é justo com os negros”.
Na mesa-redonda ‘O Genocídio da Juventude Negra e as várias formas de Resistência’, coordenada pelo diretor do Departamento Muncipal de Políticas Públicas para a Juventude, Thiago Macedo, o sociólogo Paulo César Ramos, militante do Movimento Negro e articulador paulista da Rede Juventude Viva, disse que “os investimentos em educação, saúde, trabalho, precisam ser voltados para quem mais precisa, para essa juventude que está sendo morta, para a juventude negra que está sendo ainda mais vitimizada, para a juventude negra de periferia, que está mais marginalizada ainda”.
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