Cotidiano

Seminário discute extermínio da juventude negra

No Estado de São Paulo, em uma semana de maio de 2006, próximo ao Dia das Mães, morreram violentamente 600 jovens

Publicado em 22/11/2013 às 11:07

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“Genocídio é palavra forte, mas não estamos falando de narizes torcidos, bullyings. Estamos falando de mortes em grande número, é um problema que precisamos enfrentar. Não são dados de uma discriminaçãozinha aqui ou acolá, mas de uma verdadeira matança”, afirmaram os participantes do I Seminário ‘Juventude Negra, Racismo e Direitos Humanos: Juventude Viva!’, realizado no Bloco Cultural do Paço Municipal de Cubatão, ontem, dentro da programação do 3º Novembro Zumbi Cubatão.

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São números locais, estaduais e nacionais. Os nacionais foram divulgados no dia 19 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e destacados no encontro cubatense pela pesquisadora Maria Gorete Marques de Jesus, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP): de 2002 a 2012, ocorreram no País 122 mil mortes violentas de negros, ante 50 mil de não-negros, evidenciando a violência maior praticada contra a população afrodescendente.

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No Estado de São Paulo, em uma semana de maio de 2006, próximo ao Dia das Mães, morreram violentamente 600 jovens, o que levou à criação do movimento Mães de Maio, representado neste encontro pela militante Débora Maria da Silva, que citou: “em 2010 se matou 49.932 jovens”.

Também foram apresentados números locais, como o fato de serem negros 60% dos 33 mil jovens de 15 a 29 anos residentes em Cubatão, e que mais de 50% da população de Cubatão, Guarujá e Bertioga é de origem negra, o que pode explicar ser a Baixada Santista seguidamente considerada a região com maior número de casos de violência no Estado.

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Susto

Com a participação principalmente de estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Affonso Schmidt, o encontro incluiu a exibição da série de filmes ‘Diz Ai - Extermínio da Juventude Negra’, dirigida por Victor Luiz dos Santos, produtor da Querô Filmes. O editor da série e diretor de finalização da Querô, Jefferson Paulino, ouviu 18 horas de depoimentos, para editar os filmes da série, e disse no seminário: “tomei um susto ao ver os dados aqui mostrados. O Brasil não é justo com os negros”.

Na mesa-redonda ‘O Genocídio da Juventude Negra e as várias formas de Resistência’, coordenada pelo diretor do Departamento Muncipal de Políticas Públicas para a Juventude, Thiago Macedo, o sociólogo Paulo César Ramos, militante do Movimento Negro e articulador paulista da Rede Juventude Viva, disse que “os investimentos em educação, saúde, trabalho, precisam ser voltados para quem mais precisa, para essa juventude que está sendo morta, para a juventude negra que está sendo ainda mais vitimizada, para a juventude negra de periferia, que está mais marginalizada ainda”.
 

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