Continua depois da publicidade
A cabeleireira Samara Faustino teve que largar a profissão e acabou se endividando para pagar as contas de casa por uma missão. Assim ela chama a luta de mais de 10 anos para conseguir habitação para a sua família e todas as outras que ocupam cortiços na Vila Nova, Vila Mathias, Paquetá e Valongo, em Santos.
Ainda em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Diário do Litoral conta a história de muito trabalho e esforço de Samara que, para conseguir um lar para centenas de santistas que vivem em condição de pobreza, abdicou de seu tempo e profissão.
Hoje, com 53 anos, Samara conta que mora em cortiços desde que nasceu. Foi eleita pela comunidade para representar os moradores na Associação Cortiços do Centro (ACC) em 1998 e, de lá para cá, vem aprendendo a lidar com o poder público e buscar recursos para conseguir benefícios às famílias que, junto com ela, habitam esse tipo de moradia. Hoje, a ex-cabeleireira é coordenadora geral de projetos da entidade e conselheira municipal de habitação de Santos.
Sem a assessoria de advogados, engenheiros, arquitetos ou qualquer profissional que a ajudasse no contato com o poder público ou na elaboração de projetos habitacionais, Samara contou com a própria vontade de querer ajudar essas famílias. Começou a participar de encontros, palestras, fóruns e seminários sobre habitação e fazer contatos com autoridades.
Continua depois da publicidade
“Viver em cortiço, hoje, é ver um abandono total do poder público com a população. Os casarões antigos do Centro de Santos abrigam famílias, que vivem em habitação coletiva, ou seja, sem condições de higiene, ventilação, no meio de doenças, é um desprezo total”. Essa é a definição de Samara para a vida que as famílias levam dentro desses locais.
Em 2007, Samara conseguiu a doação de um terreno, na Rua General Câmara, no Centro de Santos, por parte da União. Desde então, começou a buscar parcerias para a construção de um conjunto habitacional para moradores dos cortiços da Cidade. Hoje, os conjuntos Vanguarda I e II estão sendo levantados através da doação de verbas dos governos Federal e Estadual.
Continua depois da publicidade
Ao todo, 181 famílias serão abrigadas nos prédios. A previsão de Samara é de que até o final deste ano o complexo de prédios já esteja pronto.
Samara diz que, mesmo que ela e sua família já estejam abrigados nos prédios, ela não vai desistir da luta a favor da habitação das outras centenas de famílias que ainda dependem dos cortiços para não viver nas ruas. “Se eu fui escolhida como líder, é para eu liderar até conseguir tirar todas aquelas famílias dos cortiços. A luta continua”.
Município
Continua depois da publicidade
O Município viabilizou, em 2012, cerca de R$ 702 mil para atender às famílias que se instalarão apenas no condomínio Vanguarda I. No entanto, de acordo com o contrato, o valor terá que ser pago de volta pelos moradores à Prefeitura. A liberação deste valor está condicionada à execução do cronograma de obras. Foram liberados até agora R$ 186 mil.
A preocupação de Samara é que com a demora da liberação do dinheiro, o cronograma de obras atrase. Segundo ela, do primeiro grupo das 38 famílias que assinam o contrato e já começam a reembolsar Administração Municipal, apenas 30 foram chamadas. Faltam 8 para que o primeiro lote de recursos seja liberado totalmente pela Prefeitura.
Em nota, a Administração diz que em relação ao chamamento, a ACC é que envia à Cohab Santista as famílias. Do primeiro período do cronograma de desembolsos, equivalente à concessão de 38 mútuos. Dos oito que faltam, cinco foram encaminhados pela Associação no dia 14 de fevereiro, e têm previsão de chamamento e liberação para a próxima semana.
Continua depois da publicidade