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O volume de água armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira registrou mais um recorde negativo ontem. O índice caiu 0,3 pontos porcentuais, para 17,9% da capacidade. E a perspectiva é de que a situação continue crítica nas próximas semanas.
"A chuva deve voltar hoje, mas não vai adiantar para a Cantareira: são pancadas irregulares, que aparecem de forma pontual e com volume pouco elevado", afirma o meteorologista da Climatempo César Soares.
A pluviometria acumulada no sistema em fevereiro permanece em 48,7 milímetros, equivalente a 24% da média histórica. De acordo com Soares, ao longo da próxima semana não há previsão de grandes volumes de chuva. "O início de março não mostra panorama favorável", salienta.
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Nível crítico
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse nesta quinta-feira, 20, que serão feitos "imediatamente" investimentos para lidar com a questão do baixo nível do reservatório. Entre eles o uso de uma ensacadora e de canais na Represa do Atibainha, que compõe a rede hídrica. As medidas servem para utilizar o chamado "volume morto" dos reservatórios, ou seja, as porções de água mais profundas e raramente utilizadas, por causa da dificuldade de sua prospecção.
"Vamos fazer imediatamente esses investimentos na Represa do Atibainha e também estamos estudando o uso das bombas de maior profundidade. Não que a gente pretenda utilizar, mas queremos deixar tudo preparado", afirmou.
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Diante da atual crise, a Sabesp trabalha em um planejamento de emergência para explorar o volume morto. O uso dessa reserva adicional de cerca de 400 milhões de metros cúbicos exigirá da companhia a compra de novas bombas e a construção de uma infraestrutura capaz de alcançar a água do fundo dos reservatórios.
Na avaliação de especialistas do setor, os custos da operação devem extrapolar o plano inicial de investimentos da concessionária para o ano, mas compensam os gastos com um eventual racionamento de água na Grande São Paulo.
De acordo com o professor do departamento de Engenharia Hidráulica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Rubem Porto, é provável que a concessionária utilize um conjunto de, ao menos, dez bombas flutuantes. "Além delas, será necessário também um sistema que traga água até elas conforme o nível do reservatório diminua", disse, sem estimar o custo do equipamento.
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"Não é só o custo da bomba, é de energia, de tubulação, de obras complementares. É um custo muito alto", afirmou José Cezar Saad, coordenador de projetos do Consórcio PCJ (entidade que representa as demais cidades e empresas que dividem a outorga do Sistema Cantareira com a Sabesp).
Saad também alertou para o fato de que a água do volume morto tem qualidade inferior, o que eleva os gastos com tratamento. "A água desse volume morto não tem oxigenação tão adequada, não tem uma renovação e tem mais sedimentos. É uma água de qualidade inferior e no tratamento serão gastos mais produtos."
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