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A tentativa dos Estados Unidos de formar uma "coalizão internacional" para intervir na Síria em resposta ao uso de armas químicas em ataques contra civis sírios na semana passada malogrou com o veto do Parlamento do Reino Unido. Sem o apoio dos ingleses, Obama indicou que está agora mais perto de tomar uma ação "limitada" contra a Síria, dizendo ter "grande confiança" de que o regime do presidente sírio, Bashar Assad, utilizou armas químicas contra civis em 21 de agosto.
O presidente Barack Obama enfatizou nesta sexta-feira que ainda "não tomou nenhuma decisão" sobre o assunto, mas que considera uma ação "limitada" que não contempla "enviar soldados por meio terrestre", afirmou Obama. "Mas é importante reconhecermos que, quando mais de mil pessoas são mortas, inclusive centenas de crianças inocentes - por meio de uma arma que 98% ou 99% da humanidade afirma que não pode ser usada em guerras -, e não há uma resposta, estamos enviando um sinal perigoso para a nossa segurança nacional."
Ao contrário do Reino Unido, que precisa de aprovação parlamentar para levar as forças a conflitos no exterior, o governo francês enviou um claro sinal nesta sexta-feira de que está se preparando para atacar o regime do líder sírio, Bashar Assad. O presidente francês, François Hollande, prometeu não deixar impune o suposto uso de armas químicas na Síria.
"O massacre químico de Damasco não pode e não deve ficar impune", disse Hollande em entrevista ao jornal francês Le Monde Hollande afirmou que Paris continua a consultar os EUA e outros aliados, mas já está em posição de agir.
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"Há poucos países com capacidade para infligir sanções com os meios adequados", disse Hollande. "A França está entre eles. O país está pronto."
Os EUA, no entanto, também não têm o apoio da Alemanha que nesta sexta-feira declarou que não deve se juntar a qualquer ação militar contra a Síria. A chanceler Angela Merkel e o ministro de Relações Exteriores, Guido Westerwelle, concordam que essa medida não está de acordo com a constituição alemã, segundo informou o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert. "A participação não foi solicitada e também não será considerada", disse ele. Alemanha, porém, apoia encontrar uma resposta clara e unânime ao ataque que, na semana passada, matou centenas de civis, acrescentou.
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Antes do pronunciamento de Obama, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que o governo de seu país sabe, com base em informações obtidas por seus serviços de espionagem, que a Síria "preparou cuidadosamente" e com dias de antecedência o ataque com armas químicas da madrugada de 21 de agosto.
Kerry afirmou também que o ataque contra Ghouta, uma área dominada por rebeldes nas proximidades de Damasco, deixou um total de 1.429 mortos, inclusive 426 crianças. Kerry disse que os dados constam de uma análise das informações que o governo norte-americano tornou pública enquanto ele discursava.
O secretário de Estado dos EUA declarou ainda que qualquer eventual ação militar norte-americana contra o governo sírio será "limitada" e não incluirá tropas terrestres, diferentemente do que ocorreu no Iraque e no Afeganistão. "Seremos julgados duramente pela história se fecharmos os olhos", disse ele.
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Segundo o chanceler norte-americano, funcionários do governo sírio visitaram o local do ataque nos três dias que antecederam o ataque, com o objetivo de fazer "preparativos". Kerry afirmou que as armas foram lançadas em foguetes disparados de armas controladas pelo governo.
Kerry disse que o relatório com a análise considera "altamente improvável" que rebeldes sírios tenham cometido o ataque e pediu que as pessoas leiam o documento.
Também nesta sexta-feira, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, declarou pela primeira vez em público que a aliança não tem planos para uma intervenção militar na Síria.
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Nos últimos dias, Rasmussen declarou que "é preciso ser muito cínico" para acreditar que o ataque não tenha sido perpetrado pelo governo e que o uso de armas químicas é "inaceitável" e não pode passar sem resposta.
Hoje, no entanto, ele disse a jornalistas em Copenhague que a Otan não tem planos de intervir na Síria, o que exigiria a aprovação de todos os seus 28 membros.
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