Cotidiano

Seguro de celular avança, mas custo pode chegar a 50% do valor do aparelho

Pesquisa feita pela empresa F-Secure mostrou que 25% dos brasileiros disseram ter tido o aparelho roubado nos últimos 12 meses

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 02/05/2014 às 21:05

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Um brasileiro tem, em média, mais do que o dobro de chances de ter o smartphone roubado ou furtado na rua do que em qualquer outro país. Uma pesquisa feita pela empresa F-Secure mostrou que 25% dos brasileiros disseram ter tido o aparelho roubado nos últimos 12 meses, enquanto a média mundial é de 11%. Entre 15 países pesquisados, o porcentual do Brasil só é menor que o da Índia. Por isso, não é de surpreender que os consumidores do País estejam dispostos a gastar dinheiro para proteger o bem.

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A oferta de seguros de smartphones e outros aparelhos eletrônicos - como tablets e laptops - cresceu muito ao longo do último ano, e novas opções continuam a chegar no mercado. A TIM, por exemplo, somente no primeiro trimestre de 2014, registrou um aumento de 20% na procura pelo serviço, comercializando 21 mil apólices. No Rio de Janeiro, a expansão foi ainda maior, de 30%

Entre as operadoras, somente a Claro não tem uma operação de seguros que cubra os aparelhos mais caros do mercado, como iPhone e Samsung Galaxy. A Oi informou que está começando um projeto piloto, com a venda em 20 lojas do Rio e de São Paulo. Oi e TIM escolheram a mesma seguradora para oferecer o serviço, a americana Assurant. A parceria da Vivo, que oferece o produto desde 2008, é com a Zurich.

O varejo também percebeu o potencial da venda de seguros. A Fnac e a Saraiva, que têm espaços dedicados à venda de produtos Apple em seus pontos de venda, também já fizeram parcerias - a primeira com a Tokio Marine e a segunda, com a Mapfre. Os produtos da Apple, que estão entre os mais caros do mercado - um iPhone 5S pode custar mais de R$ 3 mil, dependendo da configuração - estão no topo da lista dos produtos mais furtados no País.

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As varejistas têm vantagem na oferta do seguro, pois podem ser mais agressivas no "corpo a corpo" de venda, de acordo com Maurício Romão, diretor de serviços digitais da Telefônica Vivo. Já as operadoras têm de tomar o cuidado para não irritar o cliente. "Nossa venda é muito cuidadosa, pois estamos conscientes de que esse não é o ponto central do nosso negócio", diz.

Ainda assim, o executivo da Vivo diz que a procura pelo serviço tem aumentado bastante. Hoje, segundo ele, cerca de 20% a 25% dos clientes que adquirem um aparelho compram também algum tipo de seguro.

Um brasileiro tem, em média, mais do que o dobro de chances de ter o smartphone roubado (Foto: Matheus Tagé/DL)

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Caso o consumidor não tenha optado pelo seguro na hora da compra do aparelho, há opções na internet caso ele mude de ideia. A Porto Seguro oferece uma ferramenta para cálculo de valores em seu site. A Assurant é uma das sócias do BemMaisSeguro.com, que tem a proteção a aparelhos eletrônicos como seu carro-chefe. A Assurant já havia patrocinado sites semelhantes nos Estados Unidos e no Reino Unido e escolheu estender a iniciativa para o Brasil, mas fez algumas adaptações.

Ao contrário do que ocorre lá fora, em que os seguros são voltados à quebra acidental, no Brasil o produto se concentra mais no roubo ou furto qualificado. Além do forte interesse do consumidor, o diretor-geral da BemMaisSeguro.com, Marcello Ursini, diz que a empreitada foi motivada pelo fato de só uma pequena parcela dos mais de 200 milhões de aparelhos do País ter seguro.

Valores

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Em comparação ao valor do bem, no entanto, os seguros de celular são bem mais caros do que uma apólice para casa ou carro. O problema, segundo as empresas, é a alta possibilidade de que o consumidor venha a fazer uso do seguro. Hoje, para um celular de cerca de R$ 2,6 mil, um seguro completo - que cubra furto qualificado, roubo e qualquer tipo de avaria - pode custar até R$ 628 ao ano. Isso se nada ocorrer.

Caso o aparelho venha a ser furtado ou quebrado e o cliente precisar solicitar a troca, o mercado cobra uma franquia que varia de 20% a 25% do aparelho. No caso do celular de R$ 2,6 mil, o desembolso poderia chegar a mais R$ 650. Somado ao valor do seguro, a conta vai a R$ 1.328 - 52% do valor do smartphone. Vale lembrar que, à medida que o tempo passa e novas versões do mesmo produto são lançadas, o preço no varejo tende a cair.

Qualificado

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As seguradoras esclarecem aos clientes que apenas o furto qualificado está coberto pelo seguro. Ou seja: a pessoa precisa ter sido abordada por alguém ou tido o cadeado da mochila arrombado para ter direito ao reembolso. Furtos simples, como alguém pegar o celular de cima de uma mesa, não estão incluídos. Romão, da Telefônica Vivo, diz que incluir este tipo de cobertura abriria muito espaço para fraudes.

O problema, no entanto, é que nem sempre o conceito de furto qualificado tem sido bem explicado para o cliente. Para o diretor executivo do Procon-SP, Paulo Arthur Góes, o consumidor não tem a obrigação de dominar termos jurídicos. Caso se sinta lesado ao ser informado que ficou sem o celular e não tem direito à cobertura, Góes diz que o cliente pode pedir a rescisão do contrato e receber tudo o que pagou de volta. Caso não consiga resolver o caso diretamente com a empresa, a orientação é procurar o Procon.

Para o consultor em educação financeira André Massaro, professor do Instituto Educacional BM&FBovespa, o cliente deve pensar duas vezes em relação ao seguro de smartphone. "Tenho a visão de que seguro serve para bens que são difíceis de repor no curto prazo por causa de seu valor, como um carro ou uma casa."

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