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Com fortes dores, uma jovem gestante aguarda atendimento do obstetra de plantão na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Peruíbe. Apreensiva, a mãe da moça de 21 anos conta a Reportagem que a gravidez da filha é de risco. Sem hospital e maternidade na Cidade, as duas já haviam recorrido ao Hospital de Itanhaém, município vizinho, mas foram recomendadas a voltar para casa.
“Fomos lá (em Itanhaém), mas se não é morador da Cidade eles não querem atender. Ela esta com muita dor. Perdeu líquido e precisa fazer uma ultrassonografia, mas aqui não tem, é um pronto-socorro. Atenderam a gente bem, mas eles têm poucos recursos. Minha filha está de seis meses e a gravidez é de risco. Não sei mais o que fazer. Vamos ver o que o médico vai dizer agora”, disse a mãe da jovem sem se identificar.
Sem dinheiro para procurar outros hospitais, a mãe da gestante esperava que, dessa vez, o médico da unidade de urgência e emergência desse uma definição para o caso. “Vamos ver se ele encaminha ela para algum hospital”.
Ainda na UPA, o Diário do Litoral encontrou a dona de casa Irene Maria Silva. Acompanhava a mãe, de 84 anos, internada com pneumonia na ala de observação da unidade. Relatou que, no dia anterior, precisou levar lençóis para que a mãe pudesse tomar banho. “Aqui não tem lençol. Tive que trazer de casa para que a minha mãe pudesse tomar banho, porque ela tem dificuldades para andar e toma banho na cama. Ao lado da minha mãe tem uma mulher que está com hemorragia e não tem lençol para trocar”, disse.
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A dona de casa disse que no dia anterior, os quartos de observação da unidade estavam lotados. Homens e mulheres dividiram o mesmo espaço. “Ontem colocaram os homens com as mulheres juntos porque estava tudo lotado. Aliás, ainda está cheio. Tem gente que precisa de vaga em hospital, mas ainda não conseguiu. O aparelho de raio-x também está quebrado”.
Na porta da unidade, a vendedora autônoma Sandra Cervantes também estava indignada com a situação. “Um dia desses a moça estava ganhando bebê aí na porta. Se for algo mais grave, pode até morrer porque aqui não tem estrutura para atender. Tem um monte de gente com dengue. Isso aí vive cheio. Entra lá e vê. O banheiro está quebrado. Só tem um funcionando. Falta material de limpeza para as serventes trabalharem. Elas fazem o que podem”, disse.
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Os relatos que a Reportagem ouviu na UPA de Peruíbe retratam a insatisfação da população com a saúde do Município. O Diário do Litoral, que inicia neste domingo uma série de reportagens sobre os problemas enfrentados pelos nove municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista, percorreu as ruas da Cidade e o setor é o mais criticado pelos munícipes.
Além do fechamento do único hospital da Cidade, a população reclama da falta de estrutura da UPA e da ausência de agentes da dengue e de Saúde nos bairros mais afastados. “Moro na Cidade há 15 anos, mas coloquei a minha casa a venda. Sou ex-profissional da Saúde e a situação está bem difícil. Simplesmente não temos saúde. O que tenho que fazer, faço em outros municípios. Eu ainda tenho plano e quem não tem faz o que?”, questiona a aposentada Isaura Xavier, de 66 anos.
O Hospital Municipal de Peruíbe foi fechado pela Administração Municipal no dia 29 de agosto do ano passado. Na oportunidade, a Prefeitura informou que o prédio passaria por reformas – que durariam até 120 dias - e que o atendimento aos pacientes seria realizado na UPA da Cidade. Mensalmente, a unidade realizava aproximadamente 110 partos.
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A reforma não foi feita e o Município segue até o momento sem hospital e com a UPA como ponto de referência para atendimentos de urgência e emergência. Segundo a Prefeitura, os pacientes da Cidade que dependem de internação são cadastrados no sistema de vagas do Estado, a Central de Regulação e Ofertas de Serviços de Saúde (Cross). Já as gestantes são encaminhadas ao Hospital Regional do Estado, que fica em Itanhaém.
Resposta
A Administração Municipal negou a falta de materiais de limpeza e higiene e de lençóis na UPA. Apesar de a Reportagem constatar que um dos banheiros públicos da unidade está quebrado, a Prefeitura afirmou que a manutenção dos mesmos segue normal.
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Sobre o aparelho de raio-x mencionado pela paciente, ele está em manutenção e os exames são realizados no AME, que fica ao lado.
Com relação à ausência de agentes da dengue e da Saúde nos bairros mais afastados, a Prefeitura afirma, por meio de nota, que conta com 14 agentes de combate a endemias e 43 agentes de saúde atuando nas 13 Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município.
A construção de um novo hospital, que atenderá todas as normas e exigências técnicas necessárias, terá início, segundo a Administração Municipal, que não informou data em que as obras irão começar.
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Ônibus atrasado e ruas sem manutenção
Em um movimentado ponto de ônibus no Centro de Peruíbe, a professora Lucinda Gonçalves Fernandes aguardava há pelo menos uma hora um coletivo para o Guaraú, bairro onde mora. A espera, segundo ela, pode durar duas horas, no mínimo, dependendo do destino do passageiro.
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“Entrou uma nova empresa e ela não faz o horário antigo. As pessoas estão perdidas. Ficamos quase 20 dias sem ônibus no vilarejo. Há duas semanas os estudantes estão sem ir para as faculdades em outras cidades, porque eles precisam vir até o Centro para pegar a condução, mas o ônibus não passa. Teria que passar um ao meio-dia e outro às 16 horas”, afirmou.
Outra reclamação da população é referente ao serviço oferecido pelas lotações. Além de não aceitar vale-transporte, o que dificulta a vida de quem não tem dinheiro, os veículos se recusam a transportar pessoas com carteirinha de gratuidade. A Reportagem flagrou condutores desses coletivos se negando a realizar o transporte.
“Eu falei para vocês que eles não iriam me levar. Tenho carteirinha de deficiência e eles simplesmente não levam. Sempre dizem que está cheio. Sou obrigada a esperar o ônibus”, disse a dona de casa Luciana Ferreira Dantas Silva, que mora no bairro Josedyr.
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A moradora aproveitou para desabafar sobre as condições de alguns bairros da Cidade. “Eles esqueceram que Barra do Uma, Guaraú, Bananal, Bairro dos Prados, São Francisco e Josedyr existem em Peruíbe. Não fazem manutenção. As ruas estão cheias de mato e lama. Quando chove, enche tudo. Meu cunhado e meu sobrinho tiveram dengue, mas nunca vi um agente da dengue bater na nossa porta”, afirmou Luciana.
A pensionista Cleidinalva Martins, ao ouvir o relato de Luciana, também reclamou: “O Guaraú todo não é asfaltado. Tem buraco para todo lado e alagamento. Moro há 10 anos em Peruíbe e nunca vi a Cidade desse jeito”.
Questionada sobre o atraso dos ônibus e a precariedade do transporte público, a Prefeitura informou que desde o último dia 15 a empresa Judiá começou a operar emergencialmente o transporte na Cidade. Segundo a Administração, estão em operação 14 ônibus e os itinerários e horários foram disponibilizados à população nas mídias sociais.
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Com relação à situação dos bairros, criticada pelos moradores, a Prefeitura afirma que mantém equipes do setor de obras para manutenção e zeladoria nesses locais com cronograma pré-estabelecido.
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