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Doença cardíaca. Todos conhecem alguém que já passou por este tipo de problema ou que até já morreu por isso. Doenças no coração costumam matar com frequência no País, a não ser quando são identificadas a tempo. E quando você identifica o problema, mas espera há mais de um mês por um tratamento?
É assim que estão vivendo os pacientes internados nos hospitais da Baixada Santista com problemas no coração: esperando. Esta espera é para aquelas pessoas que dependem do SUS e precisam passar por procedimentos como cateterismo e angioplastia.
“Ninguém fala nada concreto. Primeiro nos disseram que a máquina que poderia fazer essa cirurgia estava quebrada, depois falaram que a moça que operava a máquina teve enfarto e que agora não tem quem utilize a máquina. Não sei mais o que pensar. Estou desesperado, vendo as pessoas morrendo e sem respostas de quando o meu problema será resolvido”, lamenta o mecânico Célio Pereira Delfino, morador de Mongaguá, internado desde 2 de dezembro de 2014 no Hospital Santo Amaro, em Guarujá.
O mesmo aconteceu com um familiar do despachante aduaneiro Ueliton Gomes de Almeida. “A máquina do Hospital Guilherme Álvaro está quebrada. Meu compadre só passou pelo procedimento de cateterismo porque eu tenho amigos que o encaixaram na Santa Casa”, explica.
O parente de Almeida teve um mal súbito no início do ano e deu entrada no CREI de São Vicente. Dias depois conseguiu ser transferido para a ala do SUS do Hospital São José, mas sem perspectiva de data para a cirurgia. Na Santa Casa de Santos, o compadre de Ueliton foi submetido ao cateterismo no último dia 16. “Agora, estamos na luta para conseguir que ela faça a angioplastia, que ele também vai precisar”, conta.
Já o mecânico de Mongaguá teve menos sorte. Delfino teve um mal súbito no ano passado em sua oficina e precisou passar por um cateterismo. “Primeiro fui encaminhado para o PS de Mongaguá, mas como lá não tem hospital, fui encaminhado para o Irmã Dulce, em Praia Grande. Lá, recebi todos os cuidados, mas esperei 20 dias até conseguir uma vaga para fazer cirurgia no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos”, explica Delfino.
Após a intervenção cirúrgica, quando o mecânico achou que já poderia voltar às suas atividades, ele teve outra surpresa. “Eu recebi alta do Guilherme Álvaro, mas o médico já tinha me informado que tinha uma veia entupida. Mesmo assim, fui para casa. Passou um tempo e eu comecei a passar mal novamente. Senti dores no peito e muita falta de ar. Voltei ao PS de Mongaguá, mas não tinha mais vaga nem no Irmã Dulce e nem no Guilherme Álvaro. Foi assim que vim parar no Hospital Santo Amaro, em Guarujá, único lugar que tinha vaga”, complementa.
Delfino espera pela angioplastia há 50 dias. Segundo o mecânico, 16 pessoas estão na mesma situação, três dormem com ele no quarto onde está internado. “A gente não aguenta mais. Alguém precisa resolver esta situação”, reclama o mecânico.
O Hospital Santo Amaro (HSA), questionado sobre a denúncia feita por Delfino, informou que “todo paciente cardíaco ou vascular que chega via SUS é feito atendimento emergencial e internação quando necessário. A partir daí, se o médico indicar algum procedimento seja angiografia, angioplastia ou cateterismo, a solicitação vai para o órgão regulador. Geralmente, no hospital referência da Região, que é o Guilherme Álvaro”, explica através de nota. O órgão regulador citado é a Central de Regulação de Oferta de Serviços em Saúde (CROSS), órgão estadual que busca vagas de UTI nos hospitais que atendem SUS.
“Os paciente atendidos no HSA aguardam sendo medicados e monitorados até surgir a vaga necessária para a cirurgia e demais procedimentos cardíacos. Enquanto isso, o hospital busca por uma vaga. Há bastante demanda como em todos os hospitais que atendem SUS”, explica. O hospital esclarece ainda que a demora na realização do procedimento independe do Santo Amaro.
Guilherme Álvaro
Também questionada sobre o problema, a Secretaria de Saúde do Estado, através do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Santos, confirma que o aparelho não está funcionando. “O DRS esclarece que o aparelho para realização de angioplastia do Hospital Guilherme Álvaro está em fase de manutenção e aquisição de peças, que deve ocorrer nos próximos dias”.
Segundo informou o Estado, através de nota oficial encaminhada à Reportagem do Diário do Litoral, os pacientes estão sendo encaminhados para São Paulo ou para a Santa Casa de Santos. “Em relação aos pacientes que necessitam de procedimentos de angioplastia com colocação de stent, o DRS informa que estão sendo encaminhados para o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, na Capital, para passarem pelos procedimentos. Casos que não precisam de intervenção endovascular são encaminhados à Santa Casa de Santos”, finaliza. Não foram informados à reportagem do DL quantos pacientes aguardam na lista de espera por procedimentos dos tipos mencionados.
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