Os ministérios públicos Estadual e Federal acionaram a Justiça, mas o vulcão permanece dormindo / Divulgação
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Imagine um vulcão submerso, com alto grau de toxidade e letalidade, podendo entrar em erupção a qualquer momento, causando uma verdadeira catástrofe social e ambiental no Estuário de Santos, berçário de inúmeras espécies marinhas e reduto de centenas de pescadores artesanais que buscam, diariamente, o sustento de suas famílias.
O alerta acima não é sensacionalista e muito menos uma possibilidade remota. Está implícito em um relatório alternativo, produzido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Assembleia Legislativa de São Paulo, publicado do Diário Oficial do Estado, sobre a cava subaquática que se encontra 'adormecida' no canal do Estuário de Santos.
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Isso porque "o fato da cava estar com mais de 50% acima do leito e considerando o aumento da profundidade do canal, poderá ocorrer modificação na hidrodinâmica da região, aumentando a pressão de saída de água nas vazantes de marés e erodir o banco de areia onde ela se encontra, disponibilizando os sedimentos altamente contaminados depositados", explica o relatório.
O pesquisador e membro da Comissão Nacional de Segurança Química (CONASQ), Jeffer Castelo Branco, diz ano passado que o relatório esclarece que 12 metros de sedimentos contaminados estão dispostos acima do leito e suas partes sul e leste estão próximas do canal de navegação, podendo espalhar mais de 50% do material no fundo.
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"O que contribui para que os contaminantes da cava escapem para o meio com mais facilidade. O relatório mostra também que a anacrônica cava subaquática é totalmente diversa daquela apresentada no Estudo de Impacto Ambiental-Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA)", alerta.
A Cava, basicamente um aterro sanitário no fundo do mar, abriga resíduos altamente tóxicos despejados durante oito anos (2016/2023) no fundo do Canal de Piaçaguera, gerando um perigoso passivo ambiental. Os ministérios públicos Estadual e Federal acionaram a Justiça, mas o vulcão permanece dormindo. Até quando?
Os santistas já convivem com a operação de navios-bomba no Porto de Santos e os perigos que ela proporciona.
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Os bairros atingidos podem ser a Ponta da Praia, Estuário, Macuco, Vila Mathias, Vila Nova, Paquetá, Centro, Valongo (Santos), como Jardim São Manoel/Vila Santa Rosa, Jardim Conceiçãozinha, Itapema e Vicente de Carvalho (Guarujá), em que há grandes adensamentos populacionais, que estão exposto à acidentes de gás natural durante a passagem dos navios-bomba.
O terminal contempla um gasoduto marítimo, um terrestre e um City Gate em Cubatão, que fica pouco distante da linha da costa, paralelamente ao alinhamento do canal de navegação do Porto de Santos no Largo Caneú, situado entre a ilha dos Bagres e o Canal Piaçaguera, fora do Porto Organizado de Santos.
Pesquisadores, ambientalistas e o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) já avaliaram danos ambientais e possíveis acidentes relacionados à ruptura catastrófica ou grande vazamento devido à colisão com outras embarcações, cujos efeitos por radiação térmica e sobre pressão poderão resultar em quantidade significativa de fatalidades além de prejuízos às atividades portuárias.
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Já foi revelado que estudos sobre a questão não foram exigidos na licença ambiental emitida pela Cetesb, do governo do Estado.
A Compass Gás & Energia - empresa responsável pela instalação e operação do terminal no Estuário de Santos garante não haver perigo. Será?
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