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A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vai reduzir em mais da metade o investimento em coleta e tratamento de esgoto para destinar mais recursos para as obras de enfrentamento da crise hídrica e tentar evitar o colapso no abastecimento na Grande São Paulo. Afetada financeiramente pela seca, contudo, a estatal prevê queda de 26% no investimento no Estado neste ano, em relação a 2014.
De acordo com o diretor econômico-financeiro da Sabesp, Rui Affonso, "o plano de investimentos da companhia foi ajustado com o objetivo de antecipar os investimentos em água concentrados nos próximos dois anos e aumentar, a curto e médio prazos, a segurança hídrica na região metropolitana". Entre as obras mais importantes estão a que vai levar água da Represa Billings para o Alto Tietê, prevista para julho, e a transposição da Bacia do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira, para 2016.
Pela primeira vez em anos, a Sabesp vai investir mais em abastecimento, que atinge quase 100% da população, do que em esgoto, dos quais 15% ainda não são coletados e 23% não são tratados. Entre 2015 e 2016, obras relacionadas a água devem concentrar 65% dos investimentos.
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Ambientalistas reclamam da medida. "Não dá para ter uma distância tão grande entre universalizar a água e cuidar do esgoto, que transmite doença e degrada nossos mananciais", disse Marussia Whately, do Instituto Socioambiental. "Temos visto muito investimento em água e pouco em esgoto. Essas duas coisas precisam andar juntas."
Só neste ano, a previsão é aplicar R$ 1,5 bilhão, 16% a mais do que o R$ 1,3 bilhão investido em 2014, quando começou a crise no Cantareira. Por outro lado, os recursos para coleta e tratamento de esgoto cairão 55,7%, de R$ 1,9 bilhão, no ano passado, para R$ 843 milhões neste ano. "Os investimentos em esgoto sofrerão redução em seu ritmo, situação que deve ser retomada gradativamente a partir de 2017", afirmou Affonso.
O saldo do replanejamento é uma redução de 26% nos investimentos totais, de R$ 3,2 bilhões, em 2014, para R$ 2,4 bilhões neste ano. Segundo Affonso, o objetivo do ajuste é "preservar a sustentabilidade econômico-financeira" da companhia. A tendência prevista pela empresa é de que a divisão de recursos entre água e esgoto volte ao normal em dois anos.
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Até 2019, a estatal planeja investir R$ 13,5 bilhões em todo o setor. O balanço financeiro de 2014, divulgado na semana passada apontou uma redução de R$ 1 bilhão no lucro da companhia, em comparação com o ano anterior.