Cotidiano

Rússia e EUA falham em acordo sobre Ucrânia; Moscou afasta ação militar

Reunidos hoje em Londres o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, não chegaram a um entendimento

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 14/03/2014 às 21:03

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O mais recente esforço diplomático entre os Estados Unidos e a Rússia para chegar a um acordo político sobre a crise na Ucrânia terminou em fracasso nesta sexta-feira, mas com uma promessa: as Forças Armadas russas não invadirão territórios no leste do país.

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Reunidos hoje em Londres o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, não chegaram a um entendimento para evitar a realização do referendo marcado para amanhã, que vai determinar se a população da Crimeia quer ser anexada por Moscou.

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A reunião entre os dois chanceleres, de mais de seis horas, terminou com poucos avanços. O mais importante foi revelado na saída do encontro, quando Lavrov descartou a hipótese de que seu país invada territórios "russófilos" vizinhos. "A Rússia não tem e não pode ter projeto de invadir o sudeste da Ucrânia com o pretexto de que direitos de russos, húngaros, búlgaros e ucranianos devem ser protegidos", afirmou Lavrov.

Hoje mesmo, porém, a Marinha da Rússia iniciou manobras no Mar Mediterrâneo - uma resposta ao envio de um destroier ao Mar Negro pelos EUA. Houve também novas manobras militares russas na região de Rostov Sobre o Don, na fronteira com a Ucrânia: 4 mil paraquedistas, 36 aviões e 500 veículos participaram, segundo a agência Itar-Tass.

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Quanto ao referendo, as divergências entre Kerry e Lavrov ficaram ainda mais claras. "Nós respeitaremos a vontade do povo da Crimeia no curso do referendo", afirmou o ministro russo, mantendo o apoio incondicional ao Parlamento da república autônoma, também expresso hoje pelo presidente Vladimir Putin, em conversa com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

O ministro do Exterior da Rússia, Sergey Lavrov (e) encontra o secretário de Estado americano, John Kerry, no Winfield House, em Londres (Foto: Associated Press)

A Duma, o Parlamento da Rússia, vai analisar em 26 de março o pedido de anexação da península do Mar Negro e de seus 2 milhões de habitantes, caso a votação de domingo confirme o desejo da população de se separar da Ucrânia.

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Kerry voltou a advertir que "haverá consequências se a Rússia não mudar de via", uma referência à adoção de sanções econômicas previstas por Washington e Bruxelas. Lavrov respondeu: "Nossos parceiros ocidentais estão bem conscientes que as sanções são um instrumento não produtivo para interesses mútuos". Embora pressionem Moscou, Grã-Bretanha, Alemanha e França não desejam embargos financeiros, energéticos ou bélicos que atrapalhem seus interesses comerciais.

Armas nucleares - O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, alertou em Nova York que seu país pode retomar o programa de desenvolvimento de armas nucleares, abandonado na assinatura do Acordo de Budapeste, de 1994, que garantiu a devolução das ogivas atômicas ucranianas à Rússia em troca de sua independência. "Será difícil convencer quem quer que seja no mundo a não adquirir armas nucleares", afirmou Yatseniuk, reiterando que a perda da Crimeia "mina os esforços de não proliferação".

O primeiro-ministro interino propôs ainda que os dois países "iniciem negociações" - o que não aconteceu até aqui porque Moscou não reconhece o governo que depôs o presidente ucraniano Viktor Yanukovich. À resposta do embaixador da Rússia na ONU, Vitali Tchurkine, foi conciliatória, mas sem abrir espaços para negociações. "A Rússia e os russos não querem guerra. E estou convencido de que os ucranianos também não", alegou.

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A mobilização do Conselho de Segurança pode resultar na votação de uma resolução contra o referendo na Crimeia e em apoio à integridade territorial da Ucrânia. Se de fato acontecer, o procedimento será simbólico, já que, como um dos cinco membros permanentes, a Rússia tem direito de veto no conselho.

O objetivo de EUA, França e Grã-Bretanha é obter uma abstenção do governo da China, o que isolaria a Rússia no cenário diplomático internacional. Hoje o embaixador chinês na ONU, Liu Jieyi, deu a entender que pode contrariar os interesses de seu parceiro histórico, apoiando "a necessidade de respeitar a soberania e a integridade territorial" da Ucrânia.

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