Cotidiano

Do litoral ao interior: Rota do Café pode se tornar patrimônio mundial

O foco da missão se baseia na Estação do Valongo, em Santos e as fazendas históricas de Campinas e a Vila de Paranapiacaba

Carlos Ratton

Publicado em 06/04/2025 às 06:40

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Missão se baseia em três pontos estratégico: a Estação do Valongo e as fazendas históricas de Campinas e a Vila de Paranapiacaba / Renan Lousada/DL

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Um grupo formado por profissionais especializados em patrimônio cultural, autoridades governamentais e pesquisadores está se organizando para expor um dos projetos mais audaciosos de valorização patrimonial do Brasil: a Rota do Café do Estado de São Paulo. A ideia é tornar a Rota do Café Patrimônio da Humanidade.

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O foco da missão se baseia em três pontos estratégicos fundamentais para essa narrativa: a Estação do Valongo, em Santos e as fazendas históricas de Campinas e a Vila de Paranapiacaba.

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O Fórum Internacional do Patrimônio Cultural Brasil-Portugal que acontecerá do dia 22 ao 24 de maio de 2025, na Universidade de Aveiro em Portugal, servirá como cenário para a apresentação da proposta.

Ela está fundamentada em um amplo inventário que destaca a abundância histórica, cultural e econômica do circuito cafeeiro paulista por meio de um painel dentro do evento.

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Detalhes do estudo

O grupo apresentará com base no artigo intitulado A Rota do Café no Estado de São Paulo: Paisagem Cultural e Patrimônio Histórico escrito pelo historiador Danilo Nunes em parceria com a Professora Arquiteta PhD Maria Rita Amoroso e com o Advogado Fabio Picarelli.

Liderada pela professora arquiteta PhD Maria Rita Amoroso, coordenadora Geral do Fórum Internacional do Patrimônio Cultural Brasil-Portugal, e pelo historiador e antropólogo Danilo Nunes, atual superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em São Paulo. A delegação inclui ainda o subprefeito da Vila de Paranapiacaba, Fábio Picarelli, além de representantes da Prefeitura de Santos e de Campinas.

A ideia de paisagem cultural desempenha um papel crucial na defesa do reconhecimento da Rota do Café como Patrimônio da Humanidade. A conexão entre o território e a cultura do café, que resultou em infraestrutura ferroviária, crescimento urbano e redes de interação, dá à candidatura uma singularidade.

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De acordo com Danilo Nunes, "o café não só impulsionou a economia do Brasil, mas também moldou uma paisagem cultural que ainda hoje conserva traços marcantes do século XIX e início do XX. Nosso objetivo é evidenciar ao mundo que essa rota narra uma história mundial, ligando o Brasil à Europa e ao comércio global.

Os bens históricos e arquitetônicos da Rota do Café demonstram a magnitude e a complexidade da cadeia produtiva do café. Em Campinas, fazendas históricas conservam casas amplas, terreiros e tulhas que ainda mantêm viva a lembrança dos tempos gloriosos do ciclo do café.

Por outro lado, a Vila de Paranapiacaba, edificada pela São Paulo Railway para ligar a produção de café ao Porto de Santos, preserva sua paisagem ferroviária e seu urbanismo único, evidenciando a influência britânica no Brasil. Fabio Picarelli ressalta que "Paranapiacaba é um caso raro de vila operária ferroviária que se manteve praticamente inalterada ao longo dos anos, sendo um dos principais elos na exportação de café".

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Em Santos

Na cidade de Santos, a Estação do Valongo representa a conclusão deste percurso histórico. O local, outrora responsável pela movimentação de milhões de sacas de café para os mercados globais, atualmente é um dos principais locais de revitalização do patrimônio portuário da cidade.

A cultura do café vai além dos bens materiais, manifestando-se em práticas, conhecimentos e celebrações que perduram por gerações. Os ritos de plantio, a disseminação de saberes sobre o processamento dos grãos e as comemorações relacionadas à colheita formam um conjunto imaterial que intensifica a identidade cultural do café de São Paulo.

"A expressão oral dos antigos operários, a culinária baseada no café, as celebrações locais e o estilo de vida das comunidades vinculadas a essa tradição são elementos cruciais para entendermos a relevância deste patrimônio", declara Danilo Nunes.

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Tendência global

A proposta da Rota do Café para se tornar um Patrimônio Mundial se alinha com uma tendência global de valorização das paisagens culturais ligadas a técnicas tradicionais de produção. A abordagem da delegação brasileira no Fórum Internacional do Patrimônio Cultural Brasil-Portugal é destacar a Rota do Café como um legado que ultrapassa limites geográficos e cuja importância é percebida não somente no Brasil, mas também em um panorama histórico e econômico global.

"Ter a Rota do Café reconhecida como Patrimônio Mundial é uma ação crucial para a valorização e conservação dessa herança, além de possibilitar a implementação de políticas públicas que promovam o turismo cultural e a sustentabilidade nas áreas afetadas," finaliza Danilo Nunes.

A esperança é que as discussões e as conexões feitas ao longo do Fórum reforcem ainda mais o dossiê da candidatura, aproximando o Brasil de um significativo reconhecimento internacional. 

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O café desempenhou um papel fundamental na transformação de paisagens, cidades e até mesmo sociedades - e agora, ele pode finalmente obter o lugar que merece entre os patrimônios mais preciosos da humanidade.

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