No rio Bugres foi encontrada uma quantidade superior a 93 mil partículas de microplásticos / Danilo Verpa/Folhapress
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Informações da Folhapress.
Um estudo recente revelou que o rio dos Bugres, que fica entre as cidades de Santos e São Vicente, no litoral de São Paulo, é o segundo mais contaminado por microplásticos no mundo.
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A pesquisa foi publicada na revista científica Marine Pollution Bulletin e conduzida por especialistas do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e do Instituto Ecofaxina.
O estudo coloca o rio dos Bugres em uma posição alarmante, com níveis elevados de poluição por partículas plásticas minúsculas.
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A concentração de microplásticos no rio dos Bugres é impressionante. Em um dos pontos de coleta, foi encontrada uma quantidade superior a 93 mil partículas de microplásticos por quilograma de sedimento retirado (composto por areia ou lama do fundo do rio).
Esse número coloca o rio dos Bugres em um ranking preocupante de contaminação global, logo atrás do rio Pasur, em Bangladesh, que apresenta uma concentração ainda mais alta: 157 mil partículas por quilograma de sedimento.
Além do ponto mais contaminado, o estudo registrou outros dois pontos no rio dos Bugres com concentrações significativas de microplásticos.
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Um desses pontos apresentou 62 mil partículas por quilograma de sedimento, enquanto o outro mostrou 43 mil partículas. A presença dessas partículas no ambiente aquático é um alerta sobre a grave poluição que afeta não apenas o ecossistema local, mas também a saúde dos seres vivos que dependem da água do rio.
Os microplásticos, partículas plásticas menores que 5 mm, são originados da degradação de plásticos maiores, como garrafas e embalagens, que se fragmentam com o tempo devido à ação do sol, das ondas e da interação com outras substâncias.
O estudo sobre o rio dos Bugres evidencia como a poluição plástica pode ser difícil de controlar, especialmente em áreas urbanas e com grande densidade populacional.
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A margem do rio dos Bugres, que se estende entre as cidades de Santos e São Vicente, é também marcada por uma das áreas mais carentes e vulneráveis da região: o Dique da Vila Gilda.
Esta localidade é considerada a maior favela de palafitas do Brasil, abrigando cerca de 20 mil pessoas. A presença de favelas em áreas de risco, como as margens de rios contaminados, contribui ainda mais para a degradação ambiental e o acúmulo de lixo na região.
Além disso, a margem do rio em São Vicente também é ocupada de forma irregular, o que agrava ainda mais os problemas de poluição e ocupação urbana desordenada.
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A falta de infraestrutura adequada e o descarte incorreto de resíduos em áreas periféricas contribuem para o aumento de microplásticos nos corpos d'água, afetando a qualidade de vida de quem ali vive e o ambiente ao redor.
A presença de microplásticos é uma consequência de décadas de descaso com a gestão ambiental e a poluição urbana.