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Há 82 anos foi deflagrado o Movimento Constitucionalista de 1932 que tinha como objetivo derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e aprovar uma nova Constituição que o presidente vinha evitando elaborar. A Revolução de 1932 foi a resposta paulista ao golpe de 1930, que derrubou o presidente Washington Luís, e evitou a posse do ex-governador São Paulo, eleito presidente em 1930, Júlio Prestes.
Com a quebra do acordo da política do “Café com leite”, na qual Minas Gerais e São Paulo alternavam os candidatos à Presidência, encerra-se a ‘Primeira República’ (1889-1930), e inicia-se o período Vargas que governou o País por 15 anos debaixo uma ditadura, institucionalizada pelo Estado em 1937, com o Estado Novo.
Inconformados com o resultado da eleição de 1930, o governo de Minas Gerais aliado com os governos da Paraíba e do Rio Grande do Sul, liderados por Getúlio Vargas deram um golpe de estado e implantaram um governo provisório. Após dois anos, sem uma carta magna, São Paulo resolveu responder ao governo de Vargas com a Revolução Constitucionalista.
Dentro de um contexto político e social à época, a insatisfação das oligarquias paulistas com Getúlio aumentou gradativamente, até chegar maio de 1932. No dia 23, houve um comício de apoio à Constituição. Na ocasião, forças getulistas entraram em conflito com manifestantes paulistas.
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O conflito resultou na morte de cinco estudantes, e foi o estopim para o início da Revolução em 9 de julho. As mortes de Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade culminou no movimento MMDC, grafado em todos os cartazes com alusão a Revolução. Orlando de Oliveira Alvarenga morreu 3 meses devido àquele confronto, por isso não teve seu nome na sigla que originou o movimento, intitulado hoje em dia de MMDCA.
“Morro, mas São Paulo vence”
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O movimento MMDC conseguiu alistar 35 mil soldados em todo o Estado. As forças do governo contavam com 100 mil. A “guerra paulista” foi literalmente São Paulo contra o Brasil. As forças legalistas isolaram o Estado e após quase 3 meses de conflitos, os paulistas liderados pelos generais Isidoro Dias Lopes e Bertoldo Klinger e o coronel Euclydes Figueiredo, se renderam em 3 de outubro.
Porém, é praticamente unânime para os historiadores que, moralmente, o movimento constitucionalista saiu vitorioso em termos políticos e de denúncia contra o Governo Vargas. Logo depois do fim da revolução, Getúlio convocou as eleições para uma Assembleia Constituinte que aprovou a carta magna de 1934, e São Paulo cumpriu seu objetivo. Esta eleição ficou marcada porque foi a primeira que as mulheres puderam votar no Brasil.
Em dados oficiais, morreram 934 soldados nos conflitos. Em dados extraoficiais, esse número sobe para cerca de 2200 mortos. Somente no monumento Obelisco aos Heróis de 1932, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, estão enterrados 713 combatentes, entre eles os cinco mártires Mártires, Miragaia, Dráusio, Camargo e Alvarenga.
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Uma das mortes mais marcantes foi a do agricultor Paulo Virgínio, assassinado por tropas fluminenses na cidade de Cunha, ao se negar a dizer onde estavam as tropas paulistas. Ele foi obrigado a cavar sua própria sepultura, e antes de morrer, disse: “morro, mas São Paulo vence”. Perdeu militarmente, mas venceu política e moralmente.
Santos e São Vicente
Nas duas cidades, serão realizadas solenidades em homenagem aos 82 anos da Revolução Constitucionalista. Em Santos, a cerimônia será às 10 horas na Praça José Bonifácio, no Centro. Na ocasião, será entregue a restauração do monumento ao “Soldado Ferido”, que havia sido furtada em 2013. Em São Vicente, a programação foi elaborada pela Associação Cívica, Cultural e Histórica dos Capacetes de Aço, e será na Praia do Gonzaguinha, na Praça Heróis de 32.
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