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Mais de mil moradores dos bairros Estuário e Macuco compareceram a reunião, realizada no último domingo (15), para discutir a possibilidade de desapropriação de 270 casas para a viabilização do projeto do túnel submerso que ligará Santos e Guarujá. No lado guarujaense, o Governo do Estado planeja remover mais 1.220 imóveis, no Distrito de Vicente de Carvalho, totalizando 1.500 desapropriações. A deputada estadual Telma de Souza (PT) participou da reunião.
Os moradores organizaram uma comissão com seis membros da comunidade, prontos a lutar pela mudança da escolha do traçado, uma das 11 alternativas propostas no Estudo de Impacto Ambiental realizado pelo Governo do Estado.
“Entre sete regiões da cidade, estão escolhendo a que mais acarreta em desapropriações de casas. Isso precisa ser muito bem explicado. Somos uma comunidade das mais tradicionais de Santos, repleta de famílias numerosas e pessoas de idade. Não podemos sair prejudicados”, destacou o presidente da Associação de Moradores do Estuário, Claudine Branco Júnior.
“Ninguém aqui é contra o desenvolvimento, mas ele não pode ser construído passando por cima das pessoas. Uma decisão importante como essa precisa ser precedida de muita discussão, acima de tudo”, afirmou Telma.
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Segundo a parlamentar, que teve acesso a um resumo do Estudo de Impacto Ambiental do projeto (EIA-Rima), há sugestões de traçado que envolvem muito poucas residências, mas que mesmo assim não foram levadas em conta pelo Estado. “Há 11 propostas de traçado e o Estado, sem ponderar ou ouvir ninguém, resolveu eleger e anunciar o traçado que acaba com as casas populares do Macuco e Estuário como o ideal. A população não pode aceitar isso passivamente”, complementou.
Mais deliberações
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Na reunião, os moradores definiram, ainda, que eventuais audiências públicas só serão aceitas desde que realizadas em um dos dois bairros envolvidos. Os munícipes também decidiram rechaçar eventuais propostas de indenização do Estado, sejam elas calculadas pelo valor venal ou valor de mercado dos imóveis.
“Somos uma comunidade formada, em grande parte, por idosos e aposentados. Moro aqui há 40 anos e sei que não teremos condições de morar em outra parte da cidade, principalmente se tivermos de pagar aluguel”, afirmou o aposentado José Maria da Silva, de 73 anos. “Pagamos por esses imóveis com nosso suor. Ninguém tem o direito de nos tirar do lugar que escolhemos para viver. Temos que nos manter unidos pela causa”, pediu o programador Alexandre Cortez.
Anunciado há décadas pelo Governo do Estado, o mais novo projeto de ligação seca entre Santos e Guarujá prevê a construção de um túnel com 762 metros de extensão, com previsão de início das obras em 2014 e conclusão em 2018.
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