Cotidiano
Para artistas de Santos entrevistados pelo Diário do Litoral, as limitações quanto ao uso de alguns instrumentos de percussão no equipamento municipal é uma afronta à cultura
Continua depois da publicidade
A reportagem publicada ontem sobre os limites impostos pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado sem alarde entre a Prefeitura de Santos e o Ministério Público (MP), que impedem o uso dos principais instrumentos de percussão, como bateria acústica, bumbos e surdos (inclusive os sinfônicos), além de caixas de retorno de palco, amplificadores ou reprodutores, causou indignação nos músicos santistas e cidadãos que dificilmente irão poder assistir apresentações de samba, rock, pop, pagode e outros.
Seguem alguns dos principais comentários de vários artistas contatados pelo Diário do Litoral:
Wagner Parra (DJ)
“Santos volta ao tempo que os escravos não podiam usar seus instrumentos de percussão, porque a elite branca se incomoda”.
Guto Borelli (guitarrista da Banda Cidadão Blindado)
“Desde o início achei que seria um desperdício de trabalho para um resultado praticamente nulo. Como roqueiro, fico frustrado”.
Rodrigo Falcão (guitarrista)
"Você reforma um lugar que recebe um evento a cada eclipse e restringe o seu uso a 75% dos artistas da região, a maioria utiliza guitarra, baixo, metais, bateria e teclado”.
Cássio Amper (vocalista General Tequila)
“Músico de verdade consegue fazer show com 90 decibéis. O problema é o equipamento ser bom o suficiente para fazer um som baixo e de qualidade”.
Milton Medusa (guitarrista e professor)
“Em dezembro de 2012, ao saber que bateria acústica não seria permitida, eu questionei a Prefeitura que quase nenhuma banda possuía bateria eletrônica”.
Marcos Canduta (músico)
“Excelentes e tradicionais grupos, como a Roda de Samba do Ouro Verde, não poderão levar sua arte. Talvez fosse melhor dar outra destinação à concha”.
Marcos Veríssimo (baterista e professor)
“Espaço inutilizado durante 13 anos, um gasto milionário e um isolamento ineficaz. Os artistas não poderão divulgar seu trabalho por conta das limitações”.
Edimon Júnior (guitarrista da Banda FF Project)
“Eu fico chateado. Cresci em Santos e tinha um sonho de criança em tocar na Concha Acústica. Ele foi destruído pela proibição de instrumentos de percussão”.
Marcus Stradiotto (músico)
“Para que uma reforma de uma milha? Para o cara ir lá e tocar violão de nylon porque o de aço faz barulho demais. Tantos anos pra resolver o caso e acaba nessa bazófia (bravata)”.
Julinho Bittencourt (músico)
“O direito de morar de frente para o mar não dá a ninguém o direito de calar a Cidade. Acho improvável uma banda, seja de que gênero for, impedir o conforto de quem vive ali”.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade