Cotidiano
Indagado sobre a compra de Pasadena, afirmou que o processo de aquisição "foi totalmente conduzido pela área Internacional", então dirigida por Cerveró
Continua depois da publicidade
Réu em duas ações criminais da Operação Lava Jato, uma por lavagem de dinheiro desviado da Petrobrás, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa atribuiu ao economista Nestor Cerveró, ex-diretor de área Internacional da empresa, a responsabilidade pela compra da refinaria de Pasadena nos Estados Unidos.
Costa prestou depoimento à Comissão Interna de Apuração da Petrobras. Ele respondeu a dez perguntas. Indagado sobre a compra de Pasadena, afirmou que o processo de aquisição "foi totalmente conduzido pela área Internacional", então dirigida por Cerveró. "Não participei em nenhum momento de negociações", esquivou-se o ex-diretor, que chegou a ser preso pelos agentes da Lava Jato.
Continua depois da publicidade
Em julho, o Tribunal de Contas da União bloqueou os bens de Costa e de Cerveró. A dupla e o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli faziam parte da cúpula da estatal que elaborou os documentos para embasar a aprovação da compra pelo Conselho de Administração da Petrobrás em 2006.
Cópia do relato do alvo da Lava Jato à Comissão da Petrobras foi juntada pela defesa nos autos do processo criminal em curso na Justiça Federal em Curitiba. Essas declarações do ex-diretor foram feitas por escrito na quarta-feira. A linha central da argumentação de Costa é de que ele não teve participação na compra da refinaria.
Continua depois da publicidade
Questionado sobre quem de sua equipe participou do processo de avaliação e negociação de Pasadena, ele se esquivou novamente. "Não tomei conhecimento da avaliação da refinaria, senão na presença dos outros diretores e do presidente da Petrobras (na época, José Sergio Gabrielli)", afirmou Costa.
O ex-diretor fez uma ressalva a favor da negociação. "Na época, a aquisição fazia sentido, pois a Petrobras estava exportando muito petróleo para os Estados Unidos", disse Costa. "Se a Petrobras exportasse este petróleo para uma refinaria da qual ela tivesse participação, agregar-se-ia muito valor na venda destes produtos."
Cláusulas
Continua depois da publicidade
Questionado sobre as cláusulas Put Option (de saída) e Marlim (de rentabilidade), o ex-diretor afirmou que não participou da elaboração delas e de que "estas cláusulas não foram submetidas a conhecimento, nem da Diretoria Executiva da Petrobras, nem do Conselho de Administração".
Comum nos contratos de compra e venda de empresas ou ativos em sociedade, a Put Option são usuais nos contratos de compra e venda de empresas ou ativos em sociedade. Ela serve para proteger o vendedor de um negócio do qual ele seguirá como sócio. Caso haja desentendimentos com o novo sócio comprador de uma fatia da empresa, como ocorreu com a Petrobras e a Astra Oil no caso de Pasadena, o vendedor pode obrigar o parceiro a comprar o restante.
Já a cláusula Marlim garante um pagamento de dividendo mínimo a um dos sócios mesmo em caso de prejuízo. Em Pasadena, a Petrobras estava obrigada a pagar 6,9% de lucro à Astra Oil.
Continua depois da publicidade
A versão apresentada por Costa vai de encontro à dada pela presidente Dilma Rousseff em resposta a um questionamento do jornal "O Estado de S. Paulo" em março. Na ocasião, afirmou que a aprovação da compra da refinaria pelo Conselho de Administração da estatal, do qual era presidente na época da negociação, ocorreu em função de um parecer "técnica e juridicamente falho".
Costa acentuou que sua participação "limitou-se às reuniões de diretoria e solicitação ao Gerente Executivo de Refino para indicar técnicos da área de Abastecimento, com o intuito de analisar a parte técnica e do processo de refinaria".
Perguntado sobre quem o indicou para integrar o Comitê de Proprietários da refinaria como representante da Petrobras, Costa declarou que a indicação "foi feita pela Diretoria Internacional, com a aprovação da Presidência da Petrobras". "Este comitê estava previsto no contrato de compra da refinaria" afirmou.
Continua depois da publicidade