Grupo revive a visita dos três Reis Magos ao Menino Jesus,ao passar nas casas de moradores em Itanhaém / Nayara Martins/DL
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“Acordai se estais dormindo”. Ao ouvir esse canto, as pessoas já sabem que é o anúncio do Reisado de Itanhaém batendo à porta de suas casas.
A intenção do grupo é reviver a visita dos três Reis Magos – Gaspar, Baltazar e Melchior ao Menino Jesus,aopassar nas casas de antigos moradores. A tradição é mantida há mais de 300 anos na Cidade.
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As visitas começam na noite de 26 de dezembro e seguem até o dia 5 de janeiro de 2025. O Dia de Reis é comemorado no dia 6 de janeiro.
Itanhaém, uma das cidades mais antigas do Brasil com 112 mil habitantes, ainda mantém essa tradição do Reisado todos os anos.
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As saídas acontecem a partir das 23 horas e seguem até por volta das 4 horas da manhã. Os antigos moradores já aguardam a visita do Reisado nas suas casas.
Um exemplo é o funcionário público Jânio Luiz Alves, que participa do Reisado há 33 anos na Cidade. Para ele, o Reisado é de suma importância pois traz a tradição dos Reis Magos ao visitarem o Menino Jesus levando a boa nova aos lares da querida Conceição de Itanhaém.
“É um momento de grande emoção, alegria e tradição, o qual lembro desde criança quando chegavam em casa e cantavam para minha família o “Acordai se estai dormindo”. Isso me fez gostar deste grupo tradicional e, hoje, participar com muita alegria como o puxador dos cantos”,destaca.
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O puxador é aquele que entoa os primeiros versos, repetidos pelos coros e assim por diante, até terminar os cantos de entrada e de despedida.
Na opinião de Jânio, o Reisado de Itanhaém, assim como a Festa do Divino e a da Padroeira Nossa Senhora da Conceição, são as três festas religiosas mais tradicionais de Itanhaém, as quais enriquecem a história e a cultura da Cidade.
Por volta das 23 horas, o grupo se reúne e sai em caminhada para visitar as casas. Existe um roteiro que não é divulgado e que, às vezes, sofre alterações em dias e horários. O elemento surpresa da visita é cultivado para melhor dar sentido ao “acordar” ou ao “vimos dar as boas- vindas”.
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Diante da casa, em silêncio, alguém anuncia a chegada com palmas ou por campainha e, em seguida, o puxador inicia o canto com versos da “entrada” e do “pedido de prendas”, acompanhado do coro e dos músicos.
Somente ao terminar o canto, o dono da casa deve acender a luz e abrir a porta, quando os Reis se apresentam e ofertam o “incenso, o ouro e a mirra”, representados por conchas e folha de peguassu, e a mensagem escrita.
A Bandeira, que sempre está à frente do cortejo, é passada às mãos de quem atendeu, que a beija com devoção e a leva para abençoar os cômodos da casa. A família doa uma prenda ou faz uma oferta em dinheiro.
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Ao encerrar a visita, o Reisado canta os versos de “agradecimento e despedida” e sai em direção a uma nova moradia. Em algumas casas acontece a acolhida, quando o grupo é convidado a entrar e lhe é servido um lanche.
De origem portuguesa, ligado ao início da Vila Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém e voltado aos moradores do centro da Cidade, o Reisado de Itanhaém era constituído por um pequeno grupo só de homens.
Na sua maioria eram instrumentistas de sopro, como os tocadores de tuba, do bombardino e do trombone, que juntos com o puxador e o coro, acordavam os moradores nas madrugadas do início de janeiro. O grupo preparava a chegada do Dia de Reis (6 de janeiro).
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Por muitos anos, essa foi a marca dos Reis de Itanhaém que anunciavam com o “Acordais se estais dormindo” e davam as boas-vindas ao ano que iniciava.
Hoje, já surgiu a Bandeira do Reisado, camisetas, mensagens, figurantes representado os Três Reis Magos e suas prendas com a simbologia caiçara – as conchas e as folhas de peguassu. O grupo conta ainda com a participação de mulheres, jovens e crianças.