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A Baixada Santista já ultrapassou a marca de cinco mil casos de dengue. Itanhaém é responsável por quase 50% das ocorrências confirmadas na região. A situação fez com que a Prefeitura instalasse um Centro de Monitoramento de Casos de Dengue na cidade. Entretanto, o município enfrenta problemas na Saúde.
Com as obras de ampliação do Hospital Regional ainda em andamento, os atendimentos estão concentrados na única Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O resultado é previsível: grandes filas, horas de espera por consulta e muita insatisfação.
A Reportagem do Diário do Litoral esteve na cidade para conversar com munícipes e acompanhar os problemas apontados, principalmente, na Saúde e no Transporte Público.
“Estamos esperando muito tempo. Falam que tem três médicos fazendo atendimento, mas já aguardamos aqui há três horas e nada de ninguém chamar”, explica Maria Lucieme Souza, enquanto aguarda para passar por consulta.
“Deveria ter mais local para atender. Aqui é tudo muito demorado. Às vezes realizamos um exame aqui, de manhã, e o resultado só fica pronto à noite”, completa Michele da Silva, que estava acompanhando Maria Lucieme.
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Enquanto aguarda em frente a UPA, já que a sala de espera estava lotada, Michele aponta para outro problema. Segundo ela, por morar distante da unidade, é difícil de chegar devido a pouca quantidade de ônibus.
“Não tem ônibus direito. É uma frota pequena, além de demorar demais para passar. Não temos como vir à noite aqui porque é um risco ficar no ponto de ônibus às 21 horas, sem saber se vai passar a condução”, comentou.
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Sem especialistas
Outra munícipe aguardando para ser atendida era Amanda Havana. Indignada com a situação da Saúde na cidade, ela realizou diversas críticas como a falta de médicos e remédios.
“Nunca tem médico para atender aqui. Falam que tem dois ou três médicos, mas só tem um. Explicam que um médico saiu para atender emergência, mas todo dia está nessa situação. Todo dia tem emergência? Sem contar que não se acha remédio por aqui. Não tem na UPA, nos postinhos, em nenhum lugar”.
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Ela apontou que a dor de cabeça é maior ainda quando é necessário se consultar com um médico especialista.
“Aqui não tem especialista. Quando precisa, parece que eles precisam vir de Praia Grande. Você marca uma consulta e fica esperando. Chega a demorar dois anos para ser atendido. Já ouvi gente aguardar cinco anos por uma consulta”.
Na questão dos medicamentos, Amanda ressaltou que, além de não ter o remédio, os médicos ainda tentam induzir o paciente a comprar outra marca para não fornecer o remédio gratuito.
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“Já ouvi de médico que não adiantava utilizar o remédio gratuito, que não ia fazer efeito. Eu deveria comprar outra marca, mais cara. Mas vai ser ele que vai pagar? Eu pago impostos, eu tenho direito a pegar o remédio. É um absurdo não ter medicamento. Tem dinheiro para pagar artista para fazer show em rodeio e nós ficamos nessa situação”.
A moradora também criticou o transporte público. “Os ônibus estão caindo aos pedaços, são sujos, além de ter que esperar 1 hora para eles chegarem. Sem contar que muitos motoristas passam pelo ponto. Não param”.
Amanda estende as reclamações para a situação da pavimentação em Itanhaém. Ela sofreu uma queda devido a um buraco em uma faixa de pedestre. O acidente lhe rendeu uma placa de platina no tornozelo, além de pinos.
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“Estou com um processo contra a Prefeitura por causa disso. É tudo esburacado. Não temos retorno dos impostos. Minha sorte foi que os comerciantes ao redor presenciaram meu acidente e que fui atendida pelo SAMU, porque quando fui para a UPA colocaram no prontuário que eu tinha caído em casa”.
Problema maior
Já para Jeová Martins, Itanhaém não tem nenhum problema dos que já existem em qualquer cidade brasileira. Ele pediu por maior investimento na educação, segundo Jeová, a base de tudo.
“O que nós vemos hoje é o retrato do País. É tud o assim. O que precisamos é de educação. Com educação podemos trabalhar na prevenção e evitar as doenças, por exemplo”.
“É necessário cobrar e eleger as pessoas certas. A população também tem que fazer a sua parte. Mas lembrar que se você cobrar, corre o risco de ser cobrado também”.
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Elogios
O Hospital Regional funciona parcialmente, nos setores de cirurgia, internação e maternidade. Nesse quesito, a unidade foi elogiada. Rosilene Santos estava com seu filho internado e não teve reclamações sobre o tratamento no local.
“Aqui foi tudo nota dez. Muito atenciosos, não faltou nada para o meu filho até agora. Não tem o que falar”.
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Ao contrário de outros moradores, a aposentada Lucia Marin falou bem do transporte público.
“A qualidade está normal. Não tenho reclamações. As pessoas tem que compreender que existem linhas que percorrem a cidade toda, então, demora mais mesmo. Assim como, na época de temporada, os trenzinhos viram uma atração. Com isso, os ônibus acabam também ficando mais cheios”.
Prefeitura rebate críticas e garante que possui médicos especialistas
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A Prefeitura de Itanhaém rebateu as críticas de munícipes e garantiu que possui uma equipe médica suficiente para atendimentos na UPA. A Administração disse que a unidade possui oito médicos, que atendem diariamente. São quatro clínicos gerais, um de emergência, dois pediatras e um ortopedista.
Sobre a falta de especialistas na área da Saúde, a Prefeitura ressaltou que, o município conta com um Centro de Especialidades Médicas e realiza, em média, oito mil procedimentos mensais. Nas especialidades não contempladas, os pacientes são encaminhados às referências externas, conforme estabelecido pelo Ministério da Saúde. Além disso, um concurso público foi aberto recentemente para suprir algumas defasagens no quadro de médicos especialistas.
Em relação à falta de medicamentos, a Administração explicou que o almoxarifado central realiza as solicitações de compra e distribuição de medicamentos para as unidades de saúde. Nas ocasiões que ocorre falta do medicamento nas unidades é devido ao atraso de entrega no almoxarifado por parte dos fornecedores. Neste caso, eles são notificados para que realizem a entrega.
Hospital Regional
A área ampliada do Hospital Regional Jorge Rossmann, de Itanhaém, deve funcionar a partir do segundo semestre. Essa é a expectativa da Prefeitura. A primeira etapa da parte estrutural da obra de ampliação da unidade foi concluída e as obras alcançaram 60% do cronograma.Nesta etapa, foram realizadas obras no andar térreo, nos sete andares de enfermarias, na área técnica e o heliponto (concretado). A estrutura passa agora pela fase de acabamento.
De acordo com a Administração municipal, após a parte nova ser concluída, com previsão para o início do segundo semestre, o Governo do Estado iniciará a reforma do prédio antigo, que abrigará toda a maternidade do complexo. Durante essa fase da obra, toda a maternidade funcionará no prédio novo.
Com a ampliação o Hospital Regional aumentará em 155% sua capacidade de atendimento em relação a atual estrutura, chegando a 240 leitos, dos quais 60 estarão sob cuidados intensivos (20 leitos de UTI Neonatal, 10 leitos de UTI Infantil, 20 leitos de UTI Adulto e 10 de Unidade Semi-Intensiva).
Transporte e asfaltamento
Questionada sobre a situação do transporte público, a Prefeitura de Itanhaém esclareceu que técnicos da Secretaria de Trânsito e Segurança Municipal realizam um estudo, batizado de “Interesse Coletivo”, para obter a opinião de usuários de ônibus sobre o transporte público no município.
Os funcionários percorrem bairros, além de ônibus em circulação, para coletar as informações necessárias para incluir como relatório. Os passageiros são questionados sobre a qualidade dos transportes oferecida pela Litoral Sul, empresa responsável pelo transporte coletivo. O intuito da iniciativa da Administração Municipal é estabelecer um edital para a contratação de uma nova empresa prestadora de serviço, além de prestar outras melhorias para o setor.
Sobre a questão do asfaltamento de vias, a Administração municipal respondeu que o Programa Minha Rua Melhor, irá pavimentar mais de 200 ruas de diversos bairros em quatro anos. A Prefeitura garantiu que, nas vias já urbanizadas, a Secretaria de Serviços e Urbanização realiza um trabalho constante de manutenção de ruas e avenidas.