Cotidiano

Querô leva alegria a idosos do Lar Vicentino

Jovens do Instituto e idosos do Lar Vicentino interagem, e resultado será eternizado em documentário

Publicado em 15/09/2014 às 10:47

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De andador, Superman caminha lentamente pela área de convivência. Mais à frente, Charlie Chaplin sorri para as câmeras fotográficas. Uma fada surge entre Cruela Cruel e o Dálmata que, na cadeira de rodas, interagem com um grupo de adolescentes. Atentos à movimentação, donos de cabelos brancos e de pele enrugada pelo tempo estão felizes com a rotina que havia sido quebrada. A cena descrita não integra o capítulo de um livro de contos, mas remete ao dia em que jovens do Instituto Querô e idosos do Lar Vicentino, em São Vicente, tiveram a oportunidade de trocar experiências. A iniciativa será eternizada em documentário e exposição, que serão exibidos no final do ano.

A ideia da interação com os idosos surgiu durante uma das oficinas do projeto. O trabalho, que envolve 40 jovens, é dirigido por duas alunas, Nicole Vasconcelos, de 16 anos, e Maria Gabrielli, de 14 anos, ambas moradoras de bairros da periferia de São Vicente.

Além da troca de experiências, o objetivo é ressaltar histórias alegres e evidenciar a importância do respeito entre as gerações. “Somos de tempos diferentes, e precisamos respeitar o tempo deles. Viemos buscar histórias de felicidade. De tristeza já basta a vida sem visitas que muitos deles têm”, disse Gabrielly.

Mario Teozzi, 91 anos, era um dos mais entusiasmados com a presença dos jovens. Sorridente e simpático, o morador mais antigo do Lar Vicentino - há 26 anos está na instituição -, faz questão de contar a todos sua história. Caixeiro-viajante na juventude, ele não teve filhos e nem esposa. “Envelheci o corpo, mas não a mente”, conta. A jovialidade do descendente de italianos é revelada pelas vestimentas (bermudão, meia na canela, dois relógios modernos no pulso e boné). Ao se despedir ele questiona: “Vocês voltam? Moro no quarto 32”.

Comunicativa e bem humorada, a espanhola Felisia Pajón, de 81 anos, disse que a relação entre as gerações será melhor quando a educação prevalecer. “Ninguém nasce educado. Se a educação não melhorar, os jovens vão sofrer muito”. A ex-governanta, que mora com o marido no Lar Vicentino, afirmou que o mais importante de tudo é o amor, citando uma frase a qual credita à sua terra natal: “Pior dos males é tratar com animales (o ser humano)”.

Nas lembranças que os jovens do Querô levarão do Lar Vicentino ainda estarão o casal de ‘namorados’ Virgilina Pereira Fernandes, de 98 anos, e o espanhol Amable Lopez, de 83 anos. Eles negam o relacionamento, que é evidenciado pela troca de afeto à moda antiga. “É apenas um caso passageiro”, disse ela. Ele, contido, apenas confirmou com o olhar apaixonado.

Idosos vestiram roupas de personagens infantis para a sessão fotográfica (Foto: Luiz Torres/DL)

Lar Vicentino

Para o presidente do Lar Vicentino, Francisco Silva Corrêa, a intereção entre os dois públicos – jovens e idosos – é necessária. “É importante essa troca de informação entre eles. Sempre recebemos visitas de escolas, e já vi alunos chorarem ao imaginarem seus pais aqui. Espero que essa lição seja proveitosa”, afirma.

O Lar Vicentino atende atualmente 60 idosos – 40 mulheres e 20 homens. A entidade é particular, mas recebe apoio da Prefeitura para o atendimento social. “A maioria é de demanda social. Alguns foram deixados aqui e nunca mais receberam a visita de parentes”, disse Corrêa. Os idosos contam com o acompanhamentos médico, social e nutricional, e de enfermeiros e fisioterapeutas.

O presidente do Lar Vicentino ressalta o auxílio dos voluntários. Durante a intervenção dos jovens do Querô, a Reportagem conversou com duas delas. Rosangela e Simone dedicam parte de seus dias para fazer companhia aos idosos, e se sentem abençoadas pela oportunidade.

Corrêa informa que a entidade realiza uma campanha para receber novos voluntários. “Não é para trabalho braçal. É companhia mesmo”, ressalta.

O Lar Vicentino também recebe qualquer tipo de doação, desde fraldas geriátricas e cadeiras de roda, até roupas, calçados e móveis para serem vendidos no bazar que a entidade mantém. “Se precisar vamos buscar”, afirma o presidente.

Para quem deseja ser voluntário ou pretende fazer alguma doação basta entrar em contato pelo telefone (13) 3468-5750.

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