A estrutura principal data de 1842 e traz características da arquitetura colonial e neoclássica / Divulgação
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No coração de São Paulo, um dos edifícios mais antigos e marcantes da história da cidade pode finalmente ganhar um novo destino. O Quartel do 2º Batalhão de Guardas, localizado no Parque Dom Pedro II, há anos é sinônimo de abandono, ruínas e insegurança.
Com estrutura comprometida, o prédio centenário aguarda uma possível transformação por meio de um projeto do governo estadual que promete recuperar o espaço e oferecer moradia a famílias de baixa e média renda.
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O imóvel foi incluído no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) de Desenvolvimento Urbano e Habitação, e a proposta atual prevê a construção de 1.231 apartamentos em seu entorno, além da restauração da área central.
A ideia faz parte de um plano mais amplo de requalificação da região central da capital paulista, o mesmo que contempla a mudança da sede do governo para os Campos Elíseos.
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A decadência do edifício, construído em taipa de pilão e alvenaria de tijolos, é visível para quem passa pela Radial Leste, pela estação Dom Pedro II do Metrô ou pela passarela sobre o Rio Tamanduateí.
Telhados destruídos, infiltrações, janelas improvisadas com lonas, mato alto e viaturas da Polícia Militar abandonadas transformaram o pátio interno em um cenário de ruína.
Desde a pandemia, a situação se agravou com o fechamento de comércios da região e o aumento da presença de moradores de rua e usuários de drogas. Parte dos escombros do quartel passou a ser usada como abrigo improvisado.
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O prédio também se tornou depósito de entulho e estacionamento de viaturas encalhadas, enquanto galpões e paredes dão sinais claros de colapso iminente.
O edifício carrega um passado rico e multifacetado. Inicialmente, o terreno teria sido uma chácara presenteada por d. Pedro I à marquesa de Santos. Anos depois, o espaço abrigou o Seminário das Educandas, o Hospício dos Alienados e, em 1903, passou a ser quartel da Guarda Cívica.
A partir de 1930, integrou a Força Pública e, após 1964, foi utilizado pelo Exército e pela Polícia Militar até ser desocupado no início dos anos 2000.
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A estrutura principal data de 1842 e traz características da arquitetura colonial e neoclássica.
Tombado pelo Condephaat desde 1991 e também protegido pelo Conpresp, qualquer intervenção precisa ser aprovada pelos dois órgãos de preservação.
Ambos afirmam acompanhar de perto as discussões sobre o futuro do imóvel e demonstram apoio técnico à recuperação do local.
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A proposta de construção de torres habitacionais nas extremidades do terreno divide opiniões.
Especialistas apontam que edifícios com cerca de 40 pavimentos, como os previstos no projeto, podem ser inadequados para a população de baixa renda, sobretudo devido às dificuldades de gestão no pós-ocupação.
A alternativa considerada mais eficiente seria a construção de prédios menores, com até cinco andares.
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Mesmo assim, há quem veja com otimismo a possibilidade de revitalizar a área e, ao mesmo tempo, ajudar a combater o déficit habitacional na cidade.
Reservistas que serviram no quartel entre as décadas de 1960 e 1990 formam hoje um grupo que há anos clama pela recuperação do espaço.
Para eles, transformar o local em moradia e preservar sua história seria uma forma de valorizar a memória da região e devolver dignidade ao entorno do Parque Dom Pedro II.
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A viabilidade do projeto, no entanto, ainda depende de aprovação técnica e política. Até lá, o prédio segue à espera de uma nova chance para deixar de ser ruína e voltar a fazer parte ativa da vida paulistana.