O Rio Pinheiros continua em situação crítica / Divulgação/Semil
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A qualidade da água dos rios da Mata Atlântica não apresenta sinais de recuperação. De acordo com o relatório “O retrato da qualidade da água nas bacias hidrográficas da Mata Atlântica”, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica, 75,2% dos pontos monitorados em 2024 estão classificados como regulares.
A análise foi realizada em 145 locais de 112 rios de 67 municípios de 14 estados, entre janeiro e dezembro de 2024. A situação no estado de São Paulo é a que mais preocupa: concentra a maior quantidade de rios com piora na qualidade da água.
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O estudo revela que, mesmo com a mobilização social para o monitoramento das bacias, a estagnação dos índices de qualidade e o aumento de pontos classificados como ruins demonstram a urgência de ações mais efetivas, especialmente no que diz respeito ao saneamento básico.
O Dia Mundial da Água, celebrado neste sábado (22), chega em meio a um cenário de alerta para as principais bacias hidrográficas do país.
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O estado de São Paulo concentra a maioria dos pontos de análise do programa “Observando os Rios”, e os dados indicam um agravamento no cenário. Em 2023, havia 6 pontos com qualidade boa, 42 regulares, 10 ruins e 4 péssimos.
Em 2024, esses números mudaram para 4 bons, 43 regulares, 11 ruins e 4 péssimos. Ou seja, a piora é clara, com menos rios em condição boa e mais locais apresentando água ruim.
A situação de Ilhabela é um exemplo emblemático. Apesar de ser um dos destinos turísticos mais procurados do Litoral Norte e ter um dos maiores PIBs per capita do país, dois de seus córregos que apresentavam qualidade boa em 2023 passaram para a categoria regular.
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O Córrego da Feiticeira e o Ribeirão registraram impactos das obras de alargamento da via principal da cidade, além de problemas com o despejo de esgoto no ambiente natural.
O Córrego Itaguaçu/Itaquanduba também sofreu piora, passando de regular para ruim. Segundo o relatório, o crescimento populacional e as construções irregulares agravaram a situação.
Em Salto, o Rio Jundiaí teve a qualidade rebaixada de boa para regular. Os voluntários observaram forte cheiro de esgoto e presença de espuma, sinais de despejos irregulares.
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Em Santo André, o Rio Comprido caiu de regular para ruim, reflexo da pressão imobiliária e do aumento populacional que não foi acompanhado de infraestrutura de saneamento adequada.
Na capital paulista, o Córrego do Sapateiro, que abastece o lago do Parque Ibirapuera, também perdeu qualidade, passando de boa para regular.
E o Rio Pinheiros continua em situação crítica: se manteve com qualidade péssima nos três pontos analisados, além do Ribeirão dos Meninos, em São Caetano do Sul.
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Apesar do cenário desafiador, há exemplos de rios que apresentaram melhora. Em São Paulo, o Córrego São José, no bairro do Ipiranga, passou de ruim para regular.
Em São Sebastião, no Litoral Norte, o Rio Boiçucanga também mostrou melhora, subindo para qualidade regular.
O relatório reforça que o maior obstáculo para a recuperação dos rios da Mata Atlântica é a falta de saneamento básico.
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Eventos climáticos extremos, como secas prolongadas e chuvas intensas, também têm impacto direto nos corpos d'água, agravando a poluição.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem defendido a ampliação dos investimentos em saneamento e afirmou que o estado está focado na universalização do acesso à coleta e tratamento de esgoto.
Segundo ele, a preservação dos recursos hídricos é prioridade, especialmente diante da emergência climática.
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Enquanto isso, a mobilização social continua sendo fundamental para cobrar ações do poder público e garantir a qualidade da água nos rios paulistas.
O relatório da SOS Mata Atlântica destaca que a recuperação dos rios é possível, mas depende de políticas públicas integradas e participação ativa da sociedade.