Cotidiano

Putin rejeita pedido dos EUA para extraditar Snowden

O presidente da Rússia disse que Snowden é livre para viajar para onde queira e que as agências de segurança russas não entraram em contato com ele

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 25/06/2013 às 19:46

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, rejeitou sem rodeios nesta terça-feira os pedidos dos Estados Unidos para extraditar Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa que presta serviços para o governo norte-americano e que tornou públicos programas de vigilância a cidadãos dos Estados Unidos e estrangeiros. Putin disse que Snowden é livre para viajar para onde queira e afirmou que as agências de segurança russas não entraram em contato com ele.

Snowden está na zona de trânsito do aeroporto de Moscou e não passou pela imigração russa, declarou Putin, o que significa que, tecnicamente, ele não está na Rússia.

Após chegar no domingo num voo proveniente de Hong Kong, Snowden reservou um assento num voo que foi para Havana na segunda-feira Acreditava-se que ele passaria pela Venezuela e então seguiria para um possível asilo no Equador, mas ele não pegou o voo.

Desde então, o paradeiro de Snowden é um mistério. As declarações de Putin foram a primeira vez que a Rússia deixou claro que sabe onde ele está. Há muitas especulações de que as agências de segurança russas podem querer manter Snowden na Rússia para obter mais informações dele, mas Putin negou essa possibilidade.

"Nossos serviços especiais nunca trabalharam com o senhor Snowden e não estão trabalhando com ele atualmente", disse Putin em coletiva de imprensa realizada durante visita à Finlândia. Putin disse que como não há acordo de extradição com os Estados Unidos, seu país não pode atender o pedido.

Putin negou que as agências de segurança russas podem querer manter Snowden no País para obter mais informações dele (Foto: Associated Press)

"O senhor Snowden é um homem livre e quanto mais cedo ele decidir seu destino final, melhor é para nós e para ele", afirmou ele. "Eu espero que isso não afete as características comerciais de nossas relações com os Estados Unidos e eu espero que nossos parceiros compreendam isso."

O secretário de Estado norte-americano John Kerry disse nesta terça-feira que, embora os Estados Unidos não tenham um tratado de extradição com a Rússia, o país quer que Moscou cumpra com a prática de direito comum entre os países no que diz respeito a fugitivos.

A firme recusa de Putin em considerar a extradição de Snowden reflete a prontidão da presidência russa em desafiar Washington, num momento em que as relações entre os dois países já estão abaladas por causa da questão síria e da proibição da Rússia em permitir a adoção de crianças por norte-americanos.

Uma decisão do Kremlin de fornecer abrigo temporário e trânsito seguro para Snowden constrangeria Washington. Além disso, apesar da negação de Putin, analistas acreditam que os serviços especiais russos não perderiam a chance de questionar o homem que, acredita-se, tem em seu poder uma grande quantidade de documentos secretos norte-americanos.

Putin comparou Snowden ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que está exilado na embaixada do Equador em Londres. O presidente russo disse que os dois homens são considerados criminosos, mas se consideram ativistas de direitos civis e defensores a liberdade de informação.

"Pergunte a você mesmo: pessoas como essas devem ser extraditadas para que eles as coloquem na prisão ou não?", questionou Putin. "Em qualquer caso, eu prefiro não lidar com tais questões. É como tosquear um leitão: muito grito e pouca lã "

Numa aparente referência às afirmações de que Moscou pode ter participado da saída de Snowden de Hong Kong, Putin disse que sua chegada foi "uma surpresa completa" e considerou as acusações contra seu país como "delírios e pura bobagem".

"Ele não precisa de um visto ou de qualquer outro documento e, como um passageiro em trânsito, tem o direito de comprar uma passagem e voar para onde quiser", afirmou Putin. Meios de comunicação russos informam que Snowden permanece na zona de trânsito do aeroporto Sheremetyevo, em Moscou, mas jornalistas não conseguiram vê-lo.

Legalmente, um passageiro "cruza a fronteira" após passar pela imigração. Autoridades dos Estados Unidos e do Equador disseram acreditar que Snowden ainda está na Rússia.

Snowden era funcionário da CIA e, posteriormente, foi contratado por uma empresa que presta serviços para o governo norte-americano. Nessa função, ele obteve acesso aos documentos que entregou aos jornais The Guardian e The Washington Post.

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