Cotidiano
O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, classificou a revisão como "relevante". Ele calcula que a alta de 9,5%, se concretizada, pode trazer um impacto de 0,33 ponto porcentual
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A revisão da estimativa do Banco Central para a alta de tarifa de energia elétrica residencial, de 7,5% para 9,5% em 2014, foi considerada razoável e realista por especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. A mudança foi divulgada nesta quinta-feira, 27, pela autoridade monetária no Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, classificou a revisão como "relevante". Ele calcula que a alta de 9,5%, se concretizada, pode trazer um impacto de 0,33 ponto porcentual (pp) para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014, estimado em 6,1% no cenário de referência pelo BC. Na estimativa anterior da autoridade monetária, de 7,5%, o impacto seria de 0,26 pp.
A economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria Integrada, avaliou a revisão da projeção do BC como "razoável" para acomodar os reajustes tarifários anuais das concessionárias e os custos da geração de energia a partir de termelétricas. A estimativa é maior que a da própria consultoria, revisada recentemente para 8,1%.
Em fevereiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sugeriu que a tarifa deveria aumentar 4,6% para cobrir os gastos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) com as termelétricas. Essa proposta, segundo Alessandra, pode ter entrado no radar do BC e influenciado a revisão, mesmo que o martelo ainda não tenha sido batido sobre o porcentual.
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Nos cálculos de Alessandra, o impacto gerado por um reajuste de 9,5% nas tarifas de energia seria de 0,25 pp na inflação de 2014, considerando que o item tem peso de 2,63% no IPCA. A economista ressaltou ainda que a parte principal da conta das termelétricas deve ficar para 2015. "O custo deve ser escalonado, mas será um peso principalmente no próximo ano. Além disso, teremos as bandeiras tarifárias, que podem ser um incremento no caso de clima desfavorável", explicou.
O superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, também considerou a previsão do BC realista. "Há muito tempo não se tem um aumento dessa magnitude. No ano passado, houve queda, e nos anteriores o reajuste costumava ficar entre 4% e 5%", notou. Na série do IPCA, as últimas elevações da tarifa de energia acima desse intervalo foram em 2004 (+9,64%) e 2005 (+8,03%).
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"Com o problema de escassez (de chuvas) e a mudança nas tarifas no ano passado, o lado fiscal ficou desguarnecido", disse Quadros, que calculou impacto de 0,26 pp na inflação do ano. "As circunstâncias obrigam o governo a ser realista. O BC identifica necessidade de o reajuste ser mais alto. Todo realismo é positivo, ainda mais com inflação", acrescentou o superintendente, que trabalha com projeção de alta de 8% no preço da energia este ano.
Desafio
Segundo André Perfeito, a alta da tarifa este ano se deve a problemas climáticos anteriores, mas a situação atual tornou o aumento inadiável. Isso mudará a composição da inflação neste ano, com maior contribuição dos administrados. "Não tem mais como fugir", disse. O Banco Central também revisou a projeção de alta de administrados, de 4,5% no relatório de dezembro de 2013 para 5,0% no relatório divulgado hoje.
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"Questões como essa (de energia elétrica) mostram o desafio que a autoridade monetária tem nas mãos", avaliou Perfeito. Para ele, a preocupação demonstrada pelo BC com a inflação no relatório sugere a continuidade do ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, até junho. Após o RTI, o economista revisou suas estimativas para três altas de 0,25 pp, o que elevará a taxa a 11,50% no primeiro semestre de 2014.
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