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O diretor da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês), Keith Alexander, assegurou nesta quarta-feira que os programas norte-americanos de espionagem eletrônica ajudaram o país a desbaratar dezenas de planos de ataques. Alexander fez a defesa do programa Prism em audiência no Senado dos EUA. Enquanto isso, o agente terceirizado responsável pelo vazamento da existência do programa revelou em entrevista a um jornal chinês que a NSA mantém centenas de hackers dedicados a atacar China e Hong Kong
O senador democrata Patrick Leahy observou durante a audiência que alguns detalhes de dois casos foram "desclassificados" e pressionou Alexander a fornecer números sobre outros incidentes. Segundo o senador, programas como o Prism são fundamentais para a segurança dos EUA, mas deveriam ser provisórios e submetidos periodicamente a revisão e debate pelo Congresso norte-americano
Alexander advertiu que a revelação dos programas de espionagem eletrônica prejudicará a capacidade de trabalho da agência e, consequentemente, aliados dos EUA e cidadãos norte-americanos não estarão, a partir de agora, "tão seguros quanto estavam duas semanas atrás".
A audiência no Senado ocorre uma semana depois de os jornais The Washington Post e The Guardian terem revelado a existência do programa, apelidado de Prism. O programa vasculha e-mails, conversas em vídeo pela internet, mensagens instantâneas e outros tipos de comunicação, com o alegado objetivo de localizar estrangeiros suspeitos de "terrorismo" ou espionagem. A NSA também coleta registros telefônicos de milhões de usuários norte-americanos.
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Alexander declarou-se ainda "preocupado" com o fato de que o funcionário terceirizado responsável pelo vazamento à imprensa possuía acesso a setores sensíveis da rede da NSA. Ele comentou que não é possível dizer se no futuro próximo todos os administradores de sistemas dos programas de espionagem eletrônica dos EUA serão funcionários diretor do governo, mas admitiu a necessidade de supervisão da atividade dos funcionários de empresas terceirizadas que prestam serviços à NSA. "Isso é algo que precisamos consertar", declarou.
Horas antes do depoimento de Alexander no Senado, o jornal South China Morning Post informou ter localizado e entrevistado Edward Snowden, o agente terceirizado norte-americano que vazou informações ultrassecretas sobre os programas de vigilância eletrônica. Segundo trechos da entrevista publicados no site do jornal na internet, Snowden negou que esteja tentando se esconder da Justiça. O norte-americano saiu de cena após deixar um hotel de Hong Kong na segunda-feira.
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De acordo com o jornal, Snowden, que tem sido alvo tanto de elogios e quanto de críticas pelo vazamento, declarou que não é "nem um traidor, nem um herói. Sou americano". Perguntado sobre sua escolha por Hong Kong como local para revelar as informações, Snowden disse que "as pessoas que acham que eu cometi um erro ao escolher Hong Kong como local interpretaram mal minhas intenções. Eu não estou aqui para me esconder da Justiça, eu estou aqui para revelar a criminalidade".
"Minha intenção é pedir aos tribunais e ao povo de Hong Kong que decidam meu destino", afirmou ele ao South China Morning Post. Snowden disse que planeja ficar na cidade até que peçam que ele "vá embora", prosseguiu o jornal.
O norte-americano de 29 anos saiu de sua casa, no Havaí, e chegou a Hong Kong em 20 de maio após pedir licença da empresa Booz Allen Hamilton, que presta serviços para a NSA. Na entrevista, ele explicou que não teve coragem de entrar em contato com sua família ou com sua namorada desde que revelou ser a fonte do vazamento das informações, no domingo.
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"Eu não falei com ninguém da minha família", disse ele ao jornal "Eu estou preocupado com a pressão à qual eles estão submetidos pelo FBI."
Na segunda-feira, dois agentes do FBI visitaram a cada do pai de Snowden na Pensilvânia.
Em outro ponto da entrevista, Snowden revela que a NSA mantém mais de 61 mil hackers para suas operações fora dos EUA e que, desse total, centenas têm Hong Kong e China como alvos principais.
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Desde 2009, os computadores de funcionários públicos, de empresas e da Universidade Chinesa de Hong Kong estão sendo invadidos pelos hackers mantidos pelo governo norte-americano, afirmou Snowden.
A revelação vem à tona em um momento no qual o governo dos EUA acusa o da China de mobilizar hackers para atacar suas redes. Pequim nega as acusações de Washington.
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