Cotidiano
Decisão foi anunciada depois de o Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos apresentarem suas conclusões
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A procuradoria-geral do México anunciou hoje (6) nova perícia nas investigações sobre o desaparecimento de 43 estudantes há cerca de um ano. A decisão foi anunciada em entrevista da procuradora Arely Gómez, horas depois de o Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos apresentarem relatório com suas conclusões, depois de seis meses de investigação.
No documento, com cerca de 500 páginas, são denunciadas irregularidades no processo oficial e conclui-se que os estudantes não podem ter sido incinerados em lixeira. A conclusão baseia-se em perícia do especialista em fogos e incêndios José Torero, de origem peruana e professor na universidade australiana de Queensland.
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Segundo a procuradora-geral, a nova perícia ficará a cargo de um “corpo de peritos forenses do mais alto prestígio”, que vão analisar a lixeira de Cocula, onde os 43 jovens da Escola do magistério primário rural Raúl Isidro Burgos, teriam sido queimados após o seu assassinato em 26 de setembro do ano passado.
Arely Gómez informou que a investigação oficial já motivou ações contra 131 pessoas, e os 110 suspeitos detidos enfrentam um processo judicial para responder a esses acontecimentos “que tanto indignam os mexicanos”.
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No final de 2014, o gabinete então procurador-geral, Jesus Murillo Karam, concluiu que a polícia municipal da cidade de Iguala (estado de Guerrero, Sul do México) sequestrou 43 jovens estudantes e os entregou ao grupo narcotraficante Guerreros Unidos.
Ao citar confissões de membros desse grupo de traficante de drogas, o então procurador-geral Jesus Murillo Karam disse que os estudantes foram mortos e queimados em uma fogueira por 14 horas, antes de suas cinzas serem despejadas num rio das proximidades. Somente os restos mortais de um estudante teriam sido identificados em um saco encontrado na água.
No entanto, segundo o relatório independente divulgado hoje, o especialista José Torero concluiu que uma fogueira dessas dimensões teria queimado vegetação e lixo em seu redor. Mas foram apenas encontradas provas de pequenas fogueiras.
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Para cremar tantos corpos, teriam sido necessárias 30 toneladas de madeira, 13 toneladas de pneus e 13 toneladas de combustível para cremar tantos corpos, e o processo teria demorado 60 horas, concluiu Torero. “Não existem provas que indiquem a presença de um fogo do tamanho de uma pira [funerária] para a cremação nem que fosse de um corpo”, disse Torero no relatório.