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Os beneficiários do programa Braços Abertos receberam ontem o primeiro pagamento referente a oito dias de trabalho. De acordo com a Prefeitura, cada um dos 302 participantes ganhou R$ 120 (R$ 15 por dia). O clima entre quem saía do Instituto Dom Bosco, no Bom Retiro, era de euforia. As notas eram balançadas no ar e os dependentes contavam o que queriam fazer com o dinheiro. Houve quem prometesse visitas à família e ao dentista. Mas alguns ainda falavam em comprar pedras de crack.
A primeira coisa que Maria Estela, de 38 anos, disse que faria com o salário era comer e beber um refrigerante. "O que quero mesmo é tomar um guaraná."
Márcio Alan, de 42 anos, não trabalhava desde que chegou à Cracolândia, há oito anos. Ele saiu do instituto brincando: "Táxi!", gritava. "R$ 60 serão para pagar tratamento de dente, mas também quero comprar bermuda e sandália". Segundo Alan, ele está ainda mais motivado para trabalhar.
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Houve participantes que admitiram que parte do dinheiro iria para as drogas. "Vou comprar um condicionador, um desodorante e um vestido que custa R$ 10 lindo que vi numa loja. Mas não vou mentir que algum dinheiro do que sobrar vou usar para comprar uma pedra das boas", disse uma grávida de 3 meses. Segundo a Prefeitura, outros 14 participantes não compareceram ao local do pagamento e só vão receber na próxima semana.
No dia seguinte ao confronto, não havia tensão visível na área. O ônibus da polícia que fazia o monitoramento de imagens não ficou nem posicionado na esquina da Alameda Barão de Piracicaba.
Já o Conselho de Segurança de Santa Cecília saiu em defesa e afirmou apoiar a ação do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc). "Ela se fez necessária e urgente para manter a ordem pública e o direito de ir e vir de todos cidadãos."
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