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Hoje, o ministro do Trabalho e da Previdência Miguel Rosseto recebe a prefeita de Cubatão, Marcia Rosa, o presidente dos Sindicatos dos Siderúrgicos e Metalúrgicos da Baixada Santista, Florêncio Resende de Sá, e um representante do Ciesp para debater a situação da Usiminas, que decidiu paralisar a produção de aço na Usina de Cubatão, o que acarretará na demissão de milhares de trabalhadores.
A audiência foi confirmada durante a reunião realizada ontem pela Prefeitura para discutir a crise na siderúrgica e que contou com a presença de empresários do Polo Industrial, Ciesp e representantes de várias entidades do Município. O vice-governador do Estado, Marcio França, e o deputado federal, Marcelo Squassoni, também compareceram.
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“Se o fechamento se concretizar, o Município também ‘fecha’. Mas eu acredito que é possível reverter. Sou otimista”, acredita Marcia Rosa. “Estamos mobilizando toda a Baixada Santista para reverter essa situação. Precisamos garantir o emprego e o futuro de Cubatão e da Região. Buscaremos o apoio do Governo Federal para essa luta”, explicou a prefeita durante a reunião realizada em seu Gabinete.
Na próxima semana, a prefeita deve se reunir com o diretor-presidente da Usiminas, Rômel Erwin de Souza. O encontro estava previsto para acontecer ontem, mas a mudança para o dia 12, quinta-feira, foi solicitada pelo dirigente da empresa.
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O impacto da paralisação temporária das áreas primárias da empresa será profundo, principalmente em Cubatão. Atualmente, a empresa é uma das maiores contribuintes do Município em ICMS, IPTU e demais tributos, e ao paralisar a produção irá afetar a cidade diretamente e de forma expressiva. Este ano, a arrecadação de Cubatão já tem a maior queda da Região: 27%.
“Sucatão”
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Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Florêncio Resende de Sá, a desativação do setor de produção de aço na usina de Cubatão da Usiminas não é novidade. “Desde 2011 que a empresa não faz investimentos nas áreas, o que já é um indício da real intenção da empresa. A Usiminas virou um sucatão. Eles estão se aproveitando do atual momento do País”, explica Sassá.
O dirigente sindical esclarece ainda que há cinco anos a empresa vem trabalhando nesta desativação. “Já denunciamos isso antes. Ano passado, eles propuseram uma redução na jornada de trabalho com redução de salário, mas era uma proposta ridícula”, comenta.
CPI do BNDES
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O deputado Marcelo Squassoni requereu ontem, em Brasília, a convocação do diretor-presidente da Usiminas, Rômel Erwin de Souza, para a CPI do BNDES. Squassoni quer explicações do representante da empresa, que entre 2006 e 2011 obteve autorização do BNDES para captar cerca de R$ 2,3 bilhões sob a justificativa de modernizar e ampliar suas usinas de aço em Ipatinga (MG) e Cubatão (SP).
O deputado estima que o fim da produção de aço na Usina de Cubatão possa causar duas mil demissões diretas e mais de 10 mil indiretas na Baixada Santista.
Em um segundo requerimento, o parlamentar, que é um dos vice-presidentes da CPI, quer, ainda, cópias de todos os processos de financiamento obtidos pela siderúrgica.
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Reunião do Condesb propõe soluções para Usiminas
O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb) promoveu uma reunião extraordinária para debater soluções que evitem o encerramento de produção de aço pela Usiminas em Cubatão. Participaram do encontro além de prefeitos da Baixada Santista, sindicalistas e membros do Governo do Estado.
A principal ação da reunião foi a coleta de assinaturas de todas as autoridades presentes com o objetivo de promover uma moção pública intitulada de ‘Carta da Baixada Santista’, solicitando à presidência da usina que suspenda os efeitos da decisão anunciada de demissão de trabalhadores e paralisação da produção de aço por 120 dias.
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“O objetivo é fazer com que a empresa reconsidere sua decisão por esse período, tempo no qual nós iremos articular, juntamente ao Governo Estadual, estratégias para que as demissões não precisem acontecer posteriormente”, afirmou o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).
A prefeita de Cubatão, Marcia Rosa (PT), afirmou que o fechamento da Usiminas significa também o fechamento de Cubatão, com reflexos em toda a Baixada Santista. “O impacto não será sentido apenas na indústria, mas compromete também inúmeras outras empresas. Várias cadeias produtivas podem romper e milhares de trabalhadores de todas as cidades da Região serão demitidos”.
Com a paralisação das atividades da empresa, Cubatão perderia cerca de 4 mil postos de trabalho (sendo 2 mil deles de funcionários diretamente contratados pela empresa) e teria de enfrentar uma drástica queda na arrecadação.
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Apesar do cenário preocupante, a prefeita se diz confiante com a moção pública e também com a abertura de espaço para diálogo por parte do presidente da Usiminas, Rômel Erwin de Souza, que estará em Cubatão amanhã. “Passamos todo o final de semana e feriado articulando junto ao Legislativo, empresários e sindicatos estratégias de ação. Sabemos que o momento é de agir coletivamente e estou com uma expectativa positiva de que a situação será revertida”.
‘Esta é uma decisão inevitável’
Após a movimentação de setores organizados da sociedade e do meio político em torno do anúncio de desativação temporária, a Usiminas se posicionou e se mostrou irredutível, mesmo tendo consciência do reflexo desta medida para a Região. “Nas atuais circunstâncias econômicas do País, esta é uma decisão inevitável até mesmo para a própria sobrevivência da empresa, como responsável por outros milhares de empregos, inclusive nas laminações da Usina de Cubatão que permanecerão operando”, confirma em nota encaminhada à Imprensa.
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Em posicionamento, a empresa reiterou as justificativas para manter a decisão. “Há anos, a sociedade tem sido alertada sobre a crescente falta de competitividade da indústria brasileira, com alta tributação, gargalos logísticos, alto custo de energia, intensa volatilidade cambial, falta de investimentos em infraestrutura que dinamizem a demanda de aço e falta de isonomia competitiva contra o avanço do aço importado em nosso mercado”.
Segundo a empresa, nos primeiros nove meses deste ano, a crise econômica fez com que o consumo por aço no País fosse 14% menor do que a do mesmo período de 2014, que, por sua vez, já havia sido 5,5% menor do que em 2013. “A Usiminas acumula, nos nove primeiros meses de 2015, prejuízo líquido de R$ 2 bilhões”.
Diante da queda progressiva da demanda por aço afetando seus resultados e da falta de perspectivas econômicas positivas no médio prazo, a Usiminas concluiu estudos que apontaram a necessidade de se fazer um ajuste mais contundente de sua capacidade produtiva, a fim de se adaptar à nova realidade mercado. Ou seja, desativar temporariamente as áreas primárias (redução e aciaria) e operar apenas com as laminações a quente e a frio em Cubatão.
Ações imediatas
O vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), afirmou que o Estado está com as portas abertas para auxiliar nas negociações com a Usiminas. França acredita na recuperação econômica do País em 2016 e que, ao suspender a decisão por 120 dias, a empresa volte a se estruturar sem que exista uma demissão em massa.
Como alternativas para auxiliar a siderúrgica, Márcio França sugeriu a redução de ICMS para exportação de aço. “O Brasil vive hoje uma crise econômica em todos os setores, mas tentaremos auxiliar no que for possível, sem que a crise tenha reflexos nos trabalhadores”.
Vereadores também articulam junto a representantes da empresa
Uma comissão de vereadores de diferentes cidades da Baixada Santista se reuniu com diretores da empresa. O encontro, ocorrido na sede da siderúrgica, também discutiu o impacto socioeconômico decorrente do plano de demissões na região metropolitana e a consequente queda de arrecadação das prefeituras.
Participaram do encontro Italo Quidicomo, gerente geral de Recursos Humanos da Usiminas; Américo Ferreira Neto, responsável pela diretoria de produção da empresa; Paulo Assis, coordenador de Comunicação da usina. Também estiveram presentes na reunião os vereadores cubatenses César da Silva (PDT), Ademário da Silva (PSDB), Fábio Moura (PROS) e Wagner Moura (PMDB).
Além dos parlamentares cubatenses, participaram do encontro os vereadores Rogelio Salceda (Itanháem), presidente da União dos Vereadores da Baixada Santista (UVEBS); Douglas Gonçalves (Santos), 1° vice presidente da entidade; Romulo Brasil (Praia Grande); Júnior Bozzella (São Vicente); Rafael Redó (Mongaguá) e Carlos Karan (Praia Grande)
Os vereadores querem um pacto em torno da manutenção dos empregos da Usiminas. A decisão da empresa deve afetar todos os municípios da Região, atingindo principalmente trabalhadores de Cubatão, Santos e São Vicente.
O vereador Wagner Moura disse que o objetivo do encontro foi discutir medidas para, pelo menos, minimizar a situação, caso não seja possível reverter o quadro. “Precisamos manter a usina viva”. O parlamentar do PMDB disse que é preciso buscar apoio tanto da União quanto do Governo do Estado. “Devemos esquecer a questão partidária, a prioridade da Cidade agora é manter esses empregos”.
Fábio Moura conta que durante a reunião, os diretores locais da Usiminas afirmaram que a decisão de suspender a produção de aço na unidade é exclusiva da sede em Minas Gerais. O vereador afirma que os representantes da empresa não mostraram nenhum plano para garantir a manutenção dos empregos na usina. “É preciso ações políticas para amenizar os impactos desse desmonte da usina”.
Douglas Gonçalves comentou que esse declínio da siderúrgica se deve à crise econômica, mas principalmente do valor desleal cobrado pelos chineses na comercialização do ação no mercado internacional. “Não tem como competir com eles, com o aço sendo vendido 30% mais barato do que os brasileiro”.
O presidente da UVEBS, Rogelio Salceda, afirmou que a entidade planeja dialogar com a direção da Usiminas, entidades do setor siderúrgico, governos Federal e Estadual. “A paralisação de parte do complexo da Usiminas, em Cubatão, e a consequente demissão de quatro mil trabalhadores afetará drasticamente a vida de famílias, a arrecadação de prefeituras e o comércio regional como um todo. A Baixada Santista não tem condições para absorver essa demanda no mercado de trabalho. Por isso, estamos nos mobilizando para pressionar a União e o Estado para, pelo menos, minimizar a situação, caso não seja possível reverter o quadro integralmente”.
A comissão de vereadores planeja dialogar com a direção da Usiminas, entidades do setor siderúrgico, governos Federal e Estadual a fim de encontrar saídas que possibilitem a continuidade da produção e principalmente dos empregos de milhares de trabalhadores. Os impactos negativos serão enormes para a economia brasileira.
Sessão
Para começar, os parlamentares de Cubatão aprovaram, durante a sessão, a criação de uma Comissão Especial de Vereadores (CEV) para discutir exclusivamente essa situação da Usiminas. A autoria do pedido de abertura é de Ademário da Silva.