Continua depois da publicidade
O café da manhã do brasileiro está mais caro e um dos vilões da história é o pão francês. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no último ano o preço do pão preferido dos brasileiros subiu 12,63% em todo o País. Em São Paulo, a alta chegou 12,83%. Outro vilão é o famoso cafezinho: em 12 meses, o preço da bebida subiu 12,17% nacionalmente; em São Paulo, a xícara de café teve o maior aumento do País – 14,24%. Para o IPCA, o café da manhã completo sofreu um aumento de 12,52% no acumulado.
E os consumidores sentem esta diferença, principalmente quando precisam tomar o café da manhã fora de casa. “Antes eu tomava café na padaria todos os dias, mas tive que parar. Está muito caro. Chegava a gastar mais de R$ 130 por mês só de café da manhã”, explica o corretor de imóveis Francisco Lourenço.
E foi ele quem nos ajudou a fazer uma conta simples: o quilo do pão francês na padaria em que a reportagem esteve custa R$ 11,90. Considerando que cada “média”, como o pão francês é popularmente conhecido na Região, pese 50 gramas, um quilo de pão equivale a aproximadamente 20 médias. Cada pão sai por cerca de R$ 0,60. Levando esta conta para o famoso pão na chapa (pão francês com manteiga torrado na chapa), o queridinho dos cafés da manhã em Santos, o quilo sai por R$ 45; sendo que cada pão na chapa custa R$ 2,25. “A gente nunca faz esta conta. Vem, toma café e quando vê está pagando um absurdo. Sai muito mais barato tomar café em casa”, garante Lourenço.
O cafezinho também não fica atrás. Vamos comparálo a cerveja, a bebida mais popular dos brasileiros e que também sofreu uma alta de 10,04% no último ano. O café é servido em um copo de, mais ou menos, 50 ml e custa R$ 2,25. A garrafa da cerveja tem 600 ml e custa, em média, R$ 8. Se o café fosse vendido em garrafa, como a cerveja, cada uma custaria R$ 27. Invertendo os papéis, se a cerveja fosse vendida em copo de 50 ml custaria em média R$ 0,65. “O que está valendo mais a pena?”, brinca Lourenço.
Continua depois da publicidade
Mesmo com a alta no preço, há quem não deixe de tomar café fora de casa. “Está mais caro, mas não tenho tempo de preparar o café em casa. Venho para a padaria quase todos os dias. Gasto quase R$ 9 por dia só com o café da manhã”, explica o autônomo José Luiz de Jesus, que gasta R$ 270 em sua refeição matinal.
Tudo subiu
Continua depois da publicidade
Para o comerciante, esta alta também é ruim. “Estes aumentos influenciam muito nas vendas. Ele vai acontecendo gradualmente e, muitas vezes, não passamos automaticamente para o cliente. Se toda vez que um produto subir de preço, a gente repassar para o produto final, o cliente vai se sentir lesado. Então, a gente procura somar vários aumentos para poder reajustar os preços da padaria”, explica a proprietário de uma padaria no Canal 1, em Santos, Nélio Figueira Ferraz.
Segundo ele, os produtos já sofreram um reajuste em março deste ano e devem sofrer alterações nos próximos meses. “Conforme os produtos vão aumentando, a gente precisa reajustar os preços. O trigo mesmo foi um produto que aumentou bastante nos últimos tempos. Tudo está ficando mais caro, as bebidas, o transporte dos produtos, a mão-deobra, e tudo vai pesar no nosso bolso e no bolso do consumidor”, conta.
Continua depois da publicidade
É o que também explica o presidente do Sindicato dos Panificadores de Santos (Sinaspan), Dialino dos Santos Rosário. “Tudo o que envolve a confecção do pão está sofrendo reajustes. A estiagem prejudicou muito a produção do trigo, o que elevou os preços. Além disso, as taxas de importação dos produtos também aumentaram. E isso é uma somatória do decorrer do ano”, explica.
Mesmo assim, Rosário acredita que o pão francês e o cafezinho continuaram marcando presença nos cafés da manhã do brasileiro. “Eles são os preferidos. Ninguém fica sem eles. Mesmo porque, se comparar com outros tipos de lanches, pães e bebidas, o pão na chapa e o cafezinho são mais em conta”, garante.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade