Cotidiano

Precatórios podem inviabilizar serviços de Guarujá

Município pode ficar até sem serviços essenciais em 2014

Publicado em 10/12/2013 às 10:52

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Guarujá corre o risco de ficar até sem serviços essenciais em 2014. O alerta vem da própria prefeita Maria Antonieta de Brito (PMDB). A culpa é pelo possível aumento do percentual que a Administração Municipal terá de pagar de precatórios (obrigações de pagamento) herdados de governos anteriores.

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Precatórios são títulos de dívidas que uma prefeitura ou um estado emite para pagar quem ganha na Justiça processos contra o poder público. Em tom de desabafo, a chefe do Executivo explicou ao Diário do Litoral que havia se programado para reservar 1,5% da receita corrente líquida deste ano (R$ 15 milhões de cerca de R$ 1 bilhão) para pagar precatórios, mas acabou tendo que usar 2,27% da receita corrente líquida(R$ 22,7 milhões) somente para precatórios.

O pior cenário para os cofres de Guarujá — e de outras cidades e estados — será se o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar que cada município ou estado tenha de reservar 4,4% de sua receita corrente líquida somente para precatórios. A apreensão é grande porque o ministro Luís Roberto Barroso pediu mais tempo para analisar o caso. No caso de Guarujá, seriam cerca de R$ 44 milhões sem poder serem usados em obras e serviços.

A situação este ano só não foi pior porque a prefeita conseguiu reverter 23 sequestros de receita, pedidos pelo Tribunal de Justiça (TJ). Desde agosto, a Prefeitura não teve parte do dinheiro retirado (e encaminhado) para os credores. Caso não conseguisse suspender o sequestro de verba, ela ficaria sem R$ 60 milhões.

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Antonieta - “Às vezes, a decisão de colocar asfalto tem de ser bem avaliada para ver se não faltará dinheiro para medicamento” (Foto: Luiz Torres/DL)

Alguns recursos nem chegaram a entrar nos cofres da Prefeitura. O Tribunal de Justiça (TJ) determinou, certa vez, que um dinheiro repassado do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) fosse direcionado diretamente para credores.

Visitando ministros

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Maria Antonieta de Brito é vice-presidente da diretoria para Assuntos de Finanças Públicas da Frente Nacional de Prefeitos (que reúne mais de 500 municípios) e tem feito visitas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar sensibilizá-los a não permitir o sequestro de receitas.

“A situação é tão grave que, às vezes, a decisão de colocar asfalto tem de ser bem avaliada para ver se não vai faltar dinheiro para a compra de medicamento”, atesta a prefeita. Para exemplificar como está a situação, ela destaca que até as horas extras dos médicos estão sob controle. Só na Saúde houve o corte de 30 mil horas extras dos servidores.

“Até para questões de zeladoria, como capinação e asfalto, ficará complicado. Eu estou tendo que pedir ajuda aos empresários para que invistam na Cidade. Se eu não faço um serviço que tinha prometido, as pessoas me chamam de mentirosa”.

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A prefeita faz questão de ressaltar que nenhum precatório surgiu em decorrência de alguma ação de seu governo. Todos vieram de administrações passadas.

Para evitar que o estoque de precatórios aumentasse, ela pagou, por exemplo, R$ 18 milhões em direitos trabalhistas aos servidores em seu primeiro ano de governo, em 2009.

Guarujá tem cerca de 20 grandes credores, segundo a prefeita. Outras cidades com sérios problemas devido ao grande estoque de precatório são São Paulo, Santo André e Ribeirão Preto.

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“Precatórios surgem em casos de desapropriações de áreas, empréstimos não pagos, serviços formalizados e não pagos. E tem a questão que recaem juros sobre juros”, destacou a prefeita.

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