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A principal reivindicação do prefeito Alberto Mourão (PSDB) ao secretário-adjunto estadual da Segurança Pública, Antonio Carlos da Ponte, durante reunião realizada em São Paulo na última semana, o aumento do efetivo da Polícia Militar na Cidade acabou revelando uma verdadeira injustiça regional, impressa no ofício encaminhado por Mourão à Secretaria de Segurança Pública: Praia Grande tem um policial para cada 696 habitantes – a menor proporção entre as maiores cidades da Baixada Santista. A reportagem do Diário do Litoral (DL) constatou a falta de efetivo na última quinta-feira (29), após entrevista com o prefeito Alberto Mourão.
Da Prefeitura na Vila Mirim até o bairro do Boqueirão, pela Avenida Presidente Kennedy, nenhuma viatura foi vista. Segundo o documento conseguido pelo DL, São Vicente está em segundo lugar, com um policial para cada 583 habitantes, seguido de Guarujá – um para cada 492 – e Santos, que possui um policial para cada 450 habitantes.
Em 2003, Praia Grande tinha um efetivo de 397 policiais e hoje tem 400. Ou seja, em 10 anos, somente três policiais engrossaram o efetivo do Município. Vale a pena lembrar que a Cidade, que cresceu 34,7% entre 2000 e 2010, passando de 193.582 para 260.769 habitantes (aumento de 67.187 pessoas), possui um Centro de Detenção Provisória (CDP) e duas unidades da Fundação Casa, o que não ocorre nos demais municípios da região, aumentando consideravelmente o deslocamento de policiais para serviços de escolta de presos, policiamento do Fórum e outros relacionados aos complexos.
Outro dado que mostra o disparate entre os demais municípios e que, de certa forma, deveria impor ao Estado um novo olhar sobre o município é a questão da população flutuante que, conforme documento, mostra-se bem superior às demais cidades vizinhas. Enquanto a população flutuante de Santos é de pouco mais de 135 mil pessoas, a de Praia Grande atinge a marca dos 774 mil.
São Vicente é de 282 mil e Guarujá 298 mil. Ou seja, Praia Grande passa constantemente de 278.727 mil habitantes para 1.022.727.
O relatório encaminhado ao secretário-adjunto revela outros fatores, como a da cidade ser uma das mais visitadas da Baixada e por interligar as cidades da Grande São Paulo e Interior por grandes rodovias – Padre Manoel da Nóbrega, Imigrantes e o Rodoanel – o que deveria exigir maior demanda das atividades de segurança pública ao município.
Mourão desabafa
Embora tenha solicitado um aumento de efetivo em 150 homens, a cidade passaria a ter 550 policiais, Mourão não acredita que a medida ainda seria suficiente para diminuir a violência.
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“A sociedade precisa fazer uma reflexão sobre o que está ocorrendo. Depois da Segunda Guerra, morreram no Brasil dois milhões de pessoas. Todas as guerras mataram 1,2 milhão. Há alguma coisa errada no comportamento dos brasileiros”, afirma Mourão. Para o prefeito de Praia Grande, a violência urbana chegou ao limite insustentável. Para ele, o Brasil não diminuiu a violência na mesma proporção dos problemas econômicos.
“Vi reportagem em que um menino enfatizou que teve suas necessidades básicas – boa estrutura familiar, casa, comida, estudo – atendidas, porém os colegas o influenciaram a ter roupas, tênis e celular de marca, levando-o ao crime”, afirma Mourão, apontando outras influências, como programas de televisão inadequados. O prefeito de Praia Grande acredita que ao invés de, tempos atrás, a sociedade lutar contra a globalização, deveria tentar entende-la para evitar que prejudicasse a sociedade.
“Deveríamos analisar e situação e procurar uma forma de evitar a desconstrução da relação humana, que está atingindo Praia Grande e todas as cidades do País”, acredita Mourão.
Responsabilidade
O prefeito revela que a Polícia Militar não deveria mais atender a chamados como barulho de vizinhos, som alto de carros e estabelecimentos e lixo jogado em terreno alheio. “Uma viatura com dois policiais perdem tempo enquanto acontece crime na outra esquina. Temos que organizar um sistema unificado que permita que a Prefeitura atenda essas demandas.
A população não tem que chamar a polícia, chama a gente (Prefeitura)”, sugere. Mourão adianta que, em outubro próximo, irá implantar um projeto tecnológico inovador, que irá ajudar a polícia nas investigações. “Estou trabalhando há oito meses nesse projeto, que deverá proporcionar um sistema de monitoramento de veículos por intermédio das placas.
Quem entrar na cidade fará parte de um banco de dados. Se o veículo estiver sendo procurado, será localizado. Vamos trabalhar em outras frentes também”, finaliza, adiantando que no próximo dia 26, o secretário de Estado da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira estará na Cidade para definir uma estratégia de segurança para o Município.
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