Cotidiano
Professor santista, em contato com a Reportagem, alerta que o preço mais barato, anunciado em letras grandes, é para quem tem o aplicativo dos postos; valor real é anunciado em letras menores
Faixa mostra exatamente a questão levantada pelo professor, que acredita que a mensagem confunde o consumidor desatento / Nair Bueno/DL
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O professor santista Marco Aurélio Roccato Ferreroni, 54 anos, morador da Pompeia, em contato com a Reportagem, alerta sobre uma suposta 'pegadinha' que está sendo aplicada por alguns postos de gasolina de Santos.
Segundo o educador, a situação consiste em 'driblar' a atenção do consumidor, anunciando em letras grandes um preço de combustível e, logo abaixo, em letras menores, o preço real que a pessoa acaba pagando ao final do abastecimento.
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"O preço acima é só para quem tem o aplicativo da bandeira do posto. Só que, quando você está em trânsito, não consegue observar com cuidado e acaba sendo atraído e só percebe depois quando olha o cupom fiscal. Tem gente que nem percebe. Observei isso em um posto da Avenida Afonso Pena, mas deve estar acontecendo em outros".
Outra observação do educador é que, em alguns casos, colocam até preço de outro produto como se fosse de combustível, para atrair a atenção do consumidor desatento. "Isso está errado e deveria ser proibido".
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UBER.
A preocupação do professor é pertinente no momento econômico brasileiro. Muitas pessoas estão deixando o carro na garagem por conta do aumentos dos combustíveis. Motoristas de Uber estão com dificuldades em continuar na atividade, preferindo trabalhar em horários de maior pico, em que a relação custo-benefício é melhor.
Em Guarujá, os sucessivos aumentos de combustível estão causando outra questão inusitada. Segundo um motorista de aplicativo, alguns postos estão sendo prejudicados, pelo menos nos finais de semana, por pessoas que não moram na Baixada Santista.
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"Como não precisa mais tirar as chaves do contato para abrir o compartimento de combustível, assim que o tanque enche, o motorista arranca o veículo sem pagar. Uns dois postos aqui da Cidade sofreram isso, recentemente", informa um motorista.
AUMENTOS.
Ao longo deste ano, segundo inúmeras reportagens já veiculadas, entre elas, uma desta segunda-feira (27), da CNN Brasil, apontam que o preço médio da gasolina subiu no Brasil pela oitava semana seguida nos postos, seguindo acima de R$ 6,00 por litro, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) divulgado na última sexta-feira (24).
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Nas bombas, o valor médio do combustível comum fica em R$ 6,092 por litro ante R$ 6,076 registrados na semana anterior. O valor da gasolina nos postos tem avançado ininterruptamente desde a primeira semana de agosto, de acordo com a agência reguladora. Seu concorrente direto nas bombas, o etanol, também teve elevação, mostra a ANP, com valor médio indo de R$ 4,704 para R$ 4,715.
Por serem derivados do petróleo, os combustíveis acompanham o valor da commodity no mercado internacional, pressionado pela alta da demanda conforme as economias voltam a funcionar pós-pandemia. Somada à maior desvalorização do real em relação ao dólar, a cotação mais elevada do petróleo impacta diretamente no custo de vida dos brasileiros, que passam a pagar mais caro por alimentos, energia elétrica etc.
Os preços mais altos acabam mudando também costumes dos consumidores. Na cidade de São Paulo, por exemplo, um estudo mostrou que os moradores já usam menos o carro. Em um ano, aqueles que apontam a alta do combustível como principal motivo para reduzir o uso de veículo próprio passou de 4% em 2020 para 35% em 2021, na cidade de São Paulo. A informação faz parte do estudo "Viver em São Paulo", feito pela Rede Nossa São em parceria com o Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC).
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DIESEL.
Menos de 24 horas após o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, reunir a imprensa para dizer que a empresa não é a vilã dos preços dos combustíveis, a estatal reajustou o valor do óleo diesel em suas refinarias em R$ 0,25 por litro. O valor passará de R$ 2,81 para R$ 3,06, uma alta de 8,9%. Essa é a primeira revisão em 85 dias".
A nova alta, no entanto, reflete apenas "parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio", informa a Petrobras, na nota. Ou seja, ainda há espaço para novos reajustes. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula uma defasagem de R$ 0,50 por litro em comparação ao mercado internacional.
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AÇÃO.
Vale lembrar que representantes das entidades Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e Frente Parlamentar dos Caminhoneiros e Celetistas, além de outros dois sindicatos, apresentaram uma ação civil pública com um pedido de indenização de R$ 50 milhões, em ação movida contra Jair Bolsonaro, a União e contra os militantes governistas.
O pedido de indenização é por danos patrimoniais e extrapatrimoniais ou morais que aconteçam nas manifestações deste 7 de setembro. A ação foi apresentada na 20ª Vara Federal Cível de Brasília (DF). As manifestações teriam colocado caminhoneiros em risco de contaminação por Covid-19 devido à aglomerações em atos antidemocráticos.
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