Os dados são do levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) / Divulgação
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O Porto de Santos, responsável por 75,3% dos embarques de café em janeiro no Brasil, registrou um índice de 77% de atraso ou alteração de escalas de navios. Ou seja, 122 dos 158 porta-contêineres atracados foram afetados pela situação. Além disso, 40 navios sequer tiveram autorização para acessar o terminal no ancoradouro santista em janeiro.
As informações constam no Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
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Em todo o País, os altos índices de atrasos e alterações na exportação, somados às constantes rolagens de carga, resultaram em 672.113 sacas de 60 kg (ou 2.037 contêineres) não embarcadas. Isso gerou prejuízos portuários de R$ 6,134 milhões em janeiro e R$ 57,7 milhões nos últimos oito meses.
Nos portos brasileiros, 67% dos navios, ou 203 de um total de 302 embarcações, tiveram atrasos ou alteração de escalas em janeiro, segundo o Boletim DTZ. Vale lembrar, que o café pode ficar ainda mais caro em breve.
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Os dados são do levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), realizado com 23 empresas associadas, que representam 65% dos embarques totais.
Considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 336,33 por saca (café verde) e um dólar médio de R$ 6,0212 em janeiro, o não embarque desse café fez com que o Brasil deixasse de receber, no mês passado, cerca de US$ 226,05 milhões, ou R$ 1,361 bilhão, nas transações comerciais do país, levando ao menor repasse de receita para os produtores.
De acordo com o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, do volume total acumulado de 1,8 milhão de sacas que estava represado nos portos até dezembro de 2024, cerca de 1,2 milhão foi embarcado no mês passado, o que justifica o bom volume de 3,9 milhões de sacas que o Brasil exportou em janeiro.
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"O café que estava parado nos portos até dezembro vem sendo escoado aos poucos, pois o Brasil está em período de entressafra e com menor oferta disponível, lembrando que o país bateu um recorde anual de 50,5 milhões de sacas exportadas em 2024. Contudo, nossos associados informaram que o cenário logístico, apesar de apresentar melhoras em janeiro por conta da oferta reduzida, permanece desafiador, com muitos entraves e despesas adicionais elevadas, não previstas, e que essa pseudo sensação de melhoria deve permanecer até a chegada da nova safra", explica.
Heron afirma ainda que, apesar de os investimentos anunciados nos portos serem fundamentais para o comércio exterior brasileiro, seus efeitos só serão percebidos mais à frente e o agronegócio nacional precisa de "ações céleres e urgentes" para evitar a continuidade dos prejuízos logísticos.
"O esgotamento da infraestrutura nos portos é uma realidade que afeta diversas cargas conteinerizadas. É importante reconhecer o empenho dos terminais portuários para continuar atendendo os exportadores de café, bem como a obstinada busca pelo diálogo, tanto dos agentes privados do comércio exterior quanto das lideranças públicas, como autoridades portuárias, Ministério de Portos e Aeroportos e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), que demonstram crescente interesse em informações reais, como os dados apurados pelo Cecafé, para entenderem os desafios e buscarem soluções", comenta.
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Em nota divulgada na tarde de ontem (24), a Autoridade Portuária de Santos (APS) afirmou que “o embarque de café não para de crescer no Porto de Santos”. Segundo os números oficiais, em 2024 foram movimentadas 2.071.780 toneladas, superando 2023, que registrou 1.741.399 toneladas.
E isso representou um aumento de mais de 19% nos embarques do grão pelo cais santista na comparação de um ano para o outro. Em 2024 foram carregados 86.766 contêineres, superando os 76.210 contêineres de 2023, informou a Autoridade Portuária.
Ainda de acordo com a APS, “o Porto continua batendo recordes todos os anos de embarque de café”. E “a Autoridade Portuária de Santos já conclamou e promoveu reuniões com armadores, produtores de café e terminais para contribuírem com medidas que considerem importantes a serem adotadas para melhorar este desempenho”.
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Quanto aos investimentos e infraestrutura, a APS reforçou que durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre 2019 a 2022, o Governo Federal investiu R$ 74 milhões no Porto de Santos. No atual governo, segundo a APS, “foi destinado o montante inédito de R$ 21 bilhões” para o cais santista.