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Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) sitiaram besta terça-feira, 24, a Câmara Municipal de São Paulo, após os vereadores adiarem pela 18.ª vez a votação do novo Plano Diretor. Barracas de lona foram montadas na frente do prédio, com colchões, cobertores e cozinha comunitária. O grupo promete ficar no Viaduto Jacareí até que o texto, que beneficia quatro de suas ocupações, seja aprovado, o que pode acontecer até Sexta-feira.
Ontem, porém, não houve quórum suficiente nem para iniciar os debates. Oficialmente, representantes da oposição e de partidos da base aliada do prefeito Fernando Haddad (PT), como o PMDB e o DEM, se negaram a discutir o plano em "solidariedade" a José Police Neto (PSD), que foi diretamente atacado pelo grupo.
Outros embaraços políticos ainda não resolvidos dificultaram o avanço do tema, como a inclusão de emendas apresentadas pelos vereadores no texto final e a própria pressão do movimento, que também reivindica a regularização da Copa do Povo, em Itaquera, zona leste.
Para complicar ainda mais o clima, o líder da oposição, Floriano Pesaro (PSDB), indicou que alguns petistas, como o relator do plano, Nabil Bonduki, integram a coordenação do MTST. "As ligações estão cada vez mais evidentes. O que falta é transparência, ao mesmo tempo em que sobra violência, truculência e ameaças", disse.
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Bonduki afirmou que atua na área há mais de 30 anos, mas que não tem nenhuma relação com o MTST. "O Plano Diretor vai beneficiar toda a cidade e, por isso, também quem precisa de moradia." O projeto reorganiza o crescimento por 16 anos.
Protesto
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Do lado de fora, 9 mil sem-teto estavam no acampamento, segundo o MTST, e 1 mil, de acordo com a Polícia Militar. O coordenador nacional, Guilherme Boulos convocou os sem-teto a permanecer no local até que o plano e a Copa do Povo sejam aprovados.
"Só neste ano viemos protestar ao menos seis vezes aqui. Já que eles não querem deixar que a gente tenha casa, a nossa casa vai ser aqui", afirmou. Grávida de 8 meses, Josilene da Silva, de 31 anos, foi preparada para ficar. Acompanhada dos dois filhos, de 9 e 12 anos, e do marido, ela levou água e cobertores. "Queremos uma resposta concreta, sair daqui com a nossa casa", disse ela, que está em Itaquera.
Diante do descontentamento, o presidente da Casa, José Américo (PT), recebeu uma comitiva de coordenadores do MTST para negociar uma possível data de votação e uma espécie de recuo, com direito a pedido de desculpas. A expectativa é de que a proposta seja levada a plenário ainda nesta semana.
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