Cotidiano

Pontes abandonadas no litoral de SP fariam parte da BR-101, que corta 12 estados

Tecnicamente, os viadutos fantasmas ficam no território de Pedro de Toledo. A cidade é uma das portas de entrada para o Vale do Ribeira

Nilson Regalado

Publicado em 16/02/2025 às 07:10

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A estrada corta 12 estados e o único trecho inexistente no traçado de 4.824 quilômetros de extensão é na Juréia / Renan Lousada/DL

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As duas estruturas em concreto no Vale do Despraiado fariam parte da BR-101. A rodovia federal interliga o Brasil de Norte a Sul, desde o município de Touros, no Rio Grande do Norte, até a cidade de São José do Norte, no Rio Grande do Sul. A estrada corta 12 estados e o único trecho inexistente no traçado de 4.824 quilômetros de extensão é na Juréia.

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Por onde passariam carros, ônibus e caminhões a única trilha sonora é o canto de sabiás-brancos, canários-da-terra, tiês-sangue, papagaios-da-cara-roxa, saíras-sete-cores, bem-te-vis piratas e choquinhas-lisas, tudo sob a vigilância do tucano-de-ouro, uma das muitas lendas presentes no imaginário desta região cujo isolamento fez florescer cantos, danças e rezas únicos no Planeta.

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Com o passar dos anos e a falta de uso, a Mata Atlântica acabou ‘engolindo’ as clareiras abertas para a construção das duas estruturas.

Tecnicamente, os viadutos fantasmas ficam no território de Pedro de Toledo. A cidadezinha tem 12 mil habitantes e é uma das portas de entrada no vasto universo de flores, sotaques e sabores chamado Vale do Ribeira.

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Mas, apesar da ligação administrativa com Toledo, a proximidade com as praias do Una, do Parnapuã, do Itacolomy e do Rio Verde reforçam uma relação afetiva dos poucos moradores das minúsculas comunidades caiçaras com Peruíbe e Iguape.

No Vale do Despraiado, por onde passaria a BR-101, não há redes de telefonia, apesar de o Governo do Estado ter instalado ali uma torre de rádio-telefonia UHF da antiga Cotesp. A empresa sucedeu a Companhia Telefônica Tupi, foi criada em 1964 para eliminar as chamadas zonas-mudas do Estado, e deu origem, anos depois, à Telesp, privatizada em 1998.

Luz, só das estrelas, pirilampos, lampiões ou das placas de energia solar. Da escola rural restou só um prédio abandonado. Médico de família tem, uma vez ou duas por semana, no espaço cedido por um proprietário de terras no Vale do Despraiado

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Internet só via satélite, mesmo tão perto da maior metrópole do Hemisfério Sul – da Juréia a São Paulo são menos de 100 quilômetros em linha reta.

“Se a BR-101 tivesse passado por aqui, teríamos progresso. Sem ela, ficamos esquecidos por 40 anos. Só agora está começando a melhorar”, salienta Anderson Apolinário, servidor público em Itanhaém, cuja família está na Juréia há três gerações.

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