Cotidiano

Moradores da ZN debatem segurança hoje na Câmara

A previsão de duração é de até três dias. Será o primeiro julgamento do caso, que tem outros três réus

Carlos Ratton

Publicado em 18/10/2017 às 10:31

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PM acusado de matar Joaquim irá a júri hoje / Arquivo DL

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Moradores de vários bairros da Zona Noroeste devem comparecer em peso hoje, às 15 horas, na Câmara de Santos, para uma audiência que visa encontrar alternativas e cobrar das autoridades mais segurança na região. Há uma semana, um folheto convocando a população a comparecer no encontro que deve definir novas iniciativas para diminuir a insegurança já denunciada pelo Diário do Litoral, publicadas entre 28 de setembro e dia 11 passado, mostrando que os moradores estão reféns do crime.

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Ontem, presidentes das associações de bairros da Zona Noroeste estiveram na Redação para ratificar o problema e pedir a ampla participação na audiência, pois sofrem na pele os problemas relacionados ao tema.

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Eles fizeram questão, porém, de retificar que, diferente do que informado por dois moradores da região semana passada, as entidades não estão sendo utilizadas como pontos de tráfico de drogas e comércio de bebidas, mas sim, de projetos sociais envolvendo a comunidade.

O presidente do Conselho Municipal das entidades de bairro de Santos, José Carlos de Almeida, disse que cada entidade tem seu trabalho e que todas apoiam o movimento pró-segurança da Zona Noroeste.

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“Precisamos colaborar para acabar com a violência em toda a cidade. São 63 entidades que vão se unir.

Vamos participar e enfatizar que a falta de policiamento colabora com a insegurança. As pessoas temem andar na rua, dependendo do horário. Vamos avaliar os movimentos que estão sendo programados”, disse o presidente do conselho, sobre uma possível passeata pela segurança. Todos apontaram inúmeros problemas na ­região.

Rui de Rosis denuncia retirada de bases

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O vereador Rui De Rosis (PMDB) denunciou ontem o que já havia anunciado na Câmara, na última segunda-feira (16): a retirada de algumas bases da Polícia Militar na cidade. “Semana passada, foi desativada a próxima do Ginásio do Rebouças (virou uma gibiteca), na Ponta da Praia, e a do Jardim Rádio Clube. A do Morro da Nova Cintra será esta semana. Que política de segurança é essa? Isso está ocorrendo por falta de efetivo. Os policiais estão ficando dentro do quartel e a população à mercê dos bandidos”, desabafou.        

Rui De Rosis afirma que o efetivo de Santos é de 600 policiais, mas 150 ocupam funções administrativas e, somados aos que estão de férias e folga, sobra pouco nas ruas. “O certo era que a cidade contasse com mil policiais. A facilidade proporcionando mais ações de ladrões. Estão invadindo casas e ameaçando mulheres nas ruas. A crise está sendo a desculpa para tudo”, completa.    
    
CEV
Para ele, o Governo do Estado praticamente abandonou a segurança pública em Santos. Ontem, na Redação do Diário, disse que a situação é insustentável que hoje, na audiência, vai se posicionar com relação à falta de atenção com a cidade. Ele pretende reunir outros vereadores e propor uma comissão especial (CEV) para discutir a propor iniciativas visando a segurança pública.

“A segurança pública está deficitária. Os policiais estão praticamente abandonados. São mal remunerados, trabalham de forma precária. A Polícia Civil de Santos tem que recorrer aos ­comerciantes para tomar água.

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Nem gasolina tem. Vai acabar ocorrendo uma tragédia. Vou cobrar respostas concretas das autoridades amanhã (hoje) na audiência”, ­finaliza.

Situação se tornou insustentável 

Moradores, estudantes, professores e alunos são unânimes em afirmar que a situação na Zona Noroeste é insustentável. Os marginais estão agindo livremente, invadindo casas, escolas, comércios e roubando tudo, além de praticarem assaltos de manhã, à tarde e à noite.

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Segundo revelam, as pessoas estão presas em suas próprias residências. Ao abrir o portão, têm que ficar olhando no entorno para não ter surpresas e sair rápido. Na volta, o mesmo ­procedimento tem que ser feito.

Isso ocorre em todos os ­horários. Já houve espancamentos, mortes e ameaças de ­sequestros de comerciantes. O policiamento está precário por conta da falta de efetivo e ­equipamentos.       

Na audiência, os moradores vão tentar impedir as trocas de comando constantes na 4ª Companhia da Polícia Militar; que a delegacia feche à noite e nos finais de semana; que caminhões usem as ruas como ­estacionamentos. Além disso, vão solicitar iluminação e podas de árvores, pois as ruas estão ­escuras­.

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Recentemente, uma comissão, formada por duas mães conselheiras de escola, a diretora e outro morador, havia revelado que, literalmente, a população está refém do ­crime. A comissão já se queixava de falta de efetivo da Polícia Militar e da Guarda Municipal na Zona Noroeste. Os membros garantiram que as 25 escolas da região ­estão sofrendo o mesmo e que até ­prostituição ocorre no entorno das unidades de ensino.

Vereadores já foram ­informados, mas poucos resolveram se manifestar em relação à falta de segurança que vem tirando o sono dos moradores.

Prefeitura e secretaria se posicionam

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A Prefeitura de Santos já se manifestou, informando que a Secretaria Municipal de Segurança Pública, por meio da Guarda Municipal, estava reforçando o patrulhamento nas escolas da Zona Noroeste, em parceria com a Polícia Militar. Além disso, instalou no último dia 22, na Escola Samuel Augusto Leão de Moura, quatro câmeras de monitoramento e também alarme, este com vários sensores distribuídos pela unidade.

A Polícia Militar informa que as bases citadas pela reportagem foram substituídas há mais de três anos. A mudança na organização do policiamento em Santos foi feita para aumentar o patrulhamento preventivo, redirecionando o efetivo estático das bases fixas para viaturas móveis, além de possibilitar maior agilidade no atendimento à população, bem como aumento da área atendida por tais policiais. Além disso, a região é contemplada pelos programas Atividade Delegada, Dejem e Ronda Comercial, que atendem melhor as necessidades da população, e também aumentam a sensação de segurança.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou também que a PM iria reorientar o policiamento na região, com base nas informações passadas pelos moradores. A PM mantém, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, o programa Ronda Escolar, que faz o policiamento ostensivo e preventivo em aproximadamente duas mil unidades escolares e imediações.

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Cobrada sobre as manifestações de Rui De Rosis na Câmara, a Secretaria já havia se posicionado, revelando que a Polícia Civil desenvolve diversas ações preventivas, inclusive em parceria com a Prefeitura e Polícia Militar, que visam combater a criminalidade na região. As ações desenvolvidas resultaram na queda dos roubos, furtos e roubos de veículos de janeiro a agosto.

Cabe esclarecer que não há sucateamento da Polícia Civil, como mostra o crédito suplementar de R$ 13,4 milhões para custeio da Polícia Civil e Científica, liberado em agosto. Anteriormente, já haviam sido disponibilizados R$ 4,8 milhões apenas para a Polícia Civil, que também conta com R$ 53 milhões do FISP (Fundo de Incentivo à Segurança Pública) para compra de equipamentos eletrônicos.

A pasta tem investido constantemente na contratação e valorização das policias. Desde 2011, 1.081 soldados e 106 bombeiros foram contratados para a região da Baixada Santista. No mesmo período foram investidos um total de 28.9 milhões em viaturas, além de novas 57 viaturas entregues no último dia 05, com investimento de 4,9 milhões. Recentemente 588 novos policiais civis se formaram e foram distribuídos para as delegacias do Estado, sendo 26 encaminhados para a região do Deinter 6.

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