Cotidiano
Em áudios de ligações telefônicas vazados nas redes sociais, atribuídos a Picuruta Salazar e a Del Bel, o surfista reclama que um guarda estaria proibindo o acesso a Escolinha de Surfe
Áudios colocam o renomado surfista Picuruta Salazar pela primeira vez no centro das atenções virtuais / Reprodução/Facebook
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Parece que o desembargador Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira, que deu uma “carteirada” em guarda municipal meses atrás, não só foi protagonista de uma história triste da Santos atual, como está servindo de exemplo. Agora, um áudio que está viralizando nas redes sociais, desde o último final de semana, coloca o renomado surfista Picuruta Salazar pela primeira vez e o secretário de Segurança Pública, coronel Sérgio Del Bel, no centro das atenções virtuais novamente.
Em áudios de ligações telefônicas vazados em grupos de WhatsApp e nas redes sociais, atribuídos a Picuruta Salazar e a Del Bel, o surfista reclama que um guarda estaria proibindo o acesso a Escolinha de Surfe, localizada no parque do Emissário Submarino, no José Menino, cujas obras foram paralisadas pela Justiça e estão longe de serem retomadas. A escola é municipal, mas leva seu nome.
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No celular, o surfista explica que possui dois cachorros no local e que a pessoa que prende os animais à noite foi proibida de entrar por dois guardas. Picuruta não desacatou o guarda como o desembargador, mas buscou ajuda para resolver a questão junto ao seu superior para evitar um desentendimento com os funcionários públicos.
“Parece que não pode entrar ninguém e que seria ordem sua. Esses ‘guardinhas’ já vem querendo arrumar confusão comigo há um tempão e eu só estou me segurando. Sabe que sou do time, sou parceiro mas, mexeu no meu calo, vai arrumar confusão comigo”, afirma o surfista de forma calma a Del Bel.
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Picuruta vai mais além, pede para o secretário tomar uma atitude para evitar que o prefeito Paulo Alexandre Barbosa seja acionado. “Prefiro falar contigo porque tu é meu amigo, me entende. Pra que a gente resolva logo isso. Pra que deixem a gente quieto. A gente não incomoda ninguém. Estou lá (Emissário) há 50 anos e tomo conta daquele lugar como ninguém”, afirma Picuruta, ainda de forma comedida.
Num terceiro áudio, o surfista fica exaltado. Picuruta chega a passar nome do guarda para o secretário e ainda ameaça: “eles (guardas) estão com essa mania, depois que aconteceu aquele negócio com o desembargador, de irritar as pessoas e querer gravar. Ele pode gravar, mas vai arrumar confusão comigo. Se tem um cara que leva o nome daquele parque sou eu, pro Brasil e pro Mundo. Não vem um cara desse querer crescer em cima de mim. Vou levar isso pra TV e vou queimar o filme. Tu sabe que eu jogo do lado do prefeito, mas não vem mexer comigo. É melhor tu mandar passar um pano nisso”.
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No retorno, assim como aconteceu no caso do desembargador, o secretário não sai em defesa do guarda pelo telefone: “fica frio. Vou dar uma averiguada nisso. Estou saindo de uma reunião e já te dou um retorno. Fica tranquilo”, responde Del Bel. Ainda não se sabe como o áudio vazou, já que a conversa ficou entre Picuruta e o secretário.
Vale lembrar que a Escola de Surfe Picuruta Salazar, apesar de receber o nome do renomado surfista, é um equipamento público, como os demais que se encontram no Quebra-Mar, por isso que também é de responsabilidade da Prefeitura e sob proteção da Guarda Municipal.
Associação
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O caso já chegou à Associação dos Guardas Civis Municipais da Baixada Santista (AGCM), que está parabenizando a conduta dos guardas que estavam de serviço no emissário submarino, mas alerta que a conduta de Picuruta já seria conhecida entre os guardas.
“Não é a primeira vez que o senhor Picuruta Salazar, com toda sua arrogância e falta de humildade, desmerece e destrata guardas. Por ter influência política na cidade, ele acredita ser autoridade e desconhece as atribuições da GCM. O local é público, não privado. Atualmente passa por reformas e está interditado ao público. Ele é um cidadão comum, portanto, tem que obedecer as regras e ordem da autoridade municipal que é o guarda civil municipal”, afirma Rodrigo Coutinho, Presidente da AGCM.
Picuruta
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A Reportagem foi tentar ouvir o surfista, mas quem atendeu o telefone foi um de seus filhos. Ele disse que o telefone do pai não para de tocar em relação ao ocorrido, que Picuruta não quer se manifestar, pois estaria muito triste, acreditando que estariam querendo fazer política usando seu nome, conhecido mundialmente, principalmente porque a conversa entre o pai e o secretário acabou se tornando ‘propositalmente’ pública.
Prefeitura
A Prefeitura afirma que houve um equívoco da equipe de plantão na área do Emissário, que não estaria ciente da necessidade de o professor da Escola de Surfe, Picuruta Salazar alimentar os cães. Após o esclarecimento do comando da GCM, o acesso foi permitido como de costume.
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A Administração também esclarece que os três cachorros citados nos áudios estavam abandonados e foram adotados por Picuruta Salazar e outras pessoas que frequentam o Emissário Submarino há cerca de 12 anos.
Os animais têm documentação de cães comunitários e possuem autorização para permanecer no local, de acordo com a Lei Complementar Municipal 811/2103. "A Prefeitura e o secretário não vão comentar o caso" - do vazamento do áudio.
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