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Rafaella Martinez
Cerca de 30 petroleiros que trabalham na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, estão desde a última quarta-feira (28) sem deixar a unidade. Devido à greve nacional não houve a rendição de funcionários.
De acordo com Marcelo Juvenal Vasco, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), os trabalhadores permanecem na unidade há mais de 170 horas, pois cerca de 90% dos funcionários da refinaria aderiram à paralisação. “Quando uma categoria legalmente entra em greve a empresa tem o direito de colocar um grupo de contingência para garantir a operacionalidade. O que acontece é que esses trabalhadores estão mantidos praticamente em cárcere privado há uma semana dentro da refinaria”, afirmou o diretor.
O Sindipetro conseguiu uma liminar na última quinta-feira (29) que obriga a Petrobras a dispensar estes funcionários. A decisão permitiu com que 60 trabalhadores que não conseguiram deixar a refinaria na quarta-feira fossem para casa durante o final de semana. No entanto, cerca de 30 funcionários continuam no local para garantir a segurança das instalações.
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A reinvindicação do sindicato é que o gerente geral da Refinaria Presidente Bernardes autorize o desligamento das máquinas e a consequente liberação dos trabalhadores. “Os funcionários confinados são operadores de unidade de processos e refino. É preciso parar as máquinas com segurança, para que não exista nenhum risco de acidente”, alegou Marcelo Vasco.
O DL entrou em contato com um dos funcionários, que preferiu não se identificar. Também na empresa, desde quarta-feira, ele esclareceu que permanece no local pois a equipe de contingência não consegue dar conta de todas as funções. “Nós recebemos autorização para sair, mas preferimos permanecer aqui para garantir a segurança dos processos. Nos primeiros dias dormimos nas cadeiras, mas depois a empresa forneceu colchonetes”, informou o funcionário.
Na manhã de ontem o Sindicato dos Petroleiros realizou uma nova manifestação em frente à sede administrativa da empresa, no Valongo. A polícia foi chamada, mas não houve tumultos. De acordo com o diretor do sindicato, José Eduardo Galvão, não houve qualquer impedimento em relação a entrada de contratados e terceirizados na empresa.
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Reflexos da Paralisação
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) afirmou que até o momento a greve não trouxe riscos de desabastecimento de combustíveis no País.
No entanto, a paralisação já afeta as operações da companhia. De acordo com a empresa, na segunda-feira, primeiro dia da greve, já houve queda de produção de 273 mil barris de petróleo, o que corresponde a 13% da produção diária no Brasil.
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Entenda a greve
A greve foi iniciada no último dia 29 por cinco sindicatos que compõem a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). No dia 1º, os sindicatos filiados à Federação Única dos Petroleiros(FUP)também aderiram à paralisação.
A categoria pede reajuste salarial de 18% e rejeitou a proposta da Petrobras de reajuste de 8,11%. O sindicato também protesta contra o plano de venda de ativos da estatal e busca manter direitos dos trabalhadores.
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No Litoral Paulista a greve atinge as unidades da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), Terminais da Transpetro (Alemoa, Pilões e São Sebastião), o Prédio administrativo do Valongo, a Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA), além das plataformas de Mexilhão e Merluza, localizadas na Bacia de Santos.