Petistas dizem que presidente Dilma iniciou recuperação gradual da popularidade

Deputados do PT acreditam que a popularidade da presidente Dilma Rousseff iniciou uma recuperação gradual, detectada em pesquisa Datafolha publicada neste sábado no jornal Folha de S.Paulo. No levantamento, a parcela da população que considera o governo Dilma como ótimo ou bom subiu 6 pontos percentuais, de 30% no final de junho para os atuais 36%.

"Agora nós temos que ir recuperando até o período eleitoral. Vai ser uma recuperação gradual", avalia o vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR). Para ele, com uma avaliação de ótimo e bom na casa dos 40% após as convenções partidárias, que costumam ocorrer no mês de junho do ano eleitoral, a presidente reassumirá a posição de forte favorita na campanha.

Mais otimista, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), defende que a presidente tem condições de voltar a um patamar de popularidade próximo ao observado antes das manifestações de junho. "Acredito que a retomada será progressiva e a presidente tem todas as condições de voltar para (o nível) anterior ao dos protestos".

A reversão da tendência de queda - após os protestos de junho, a avaliação de Dilma chegou a despencar 35 pontos percentuais nas pesquisas - também deverá aplacar o coro do "volta, Lula", argumentaram. "Com a recuperação as especulações desaparecem, que são opiniões que não vêm de dirigentes (do PT) ou do próprio Lula", disse Vargas. "Não tenho dúvidas disso. O discurso do 'volta, Lula' ou é ingênuo, se é interno, ou muito esperto de quem quer derrubar o nosso governo", concorda Fontana.

Os petistas atribuíram a recuperação parcial da popularidade às respostas que a Dilma deu aos protestos, ao anunciar programas específicos para áreas como saúde e transporte. A desaceleração da inflação também pesou, de acordo com os dois.

O líder do PMDB, principal partido aliado na Câmara, minimizou, no entanto, o tom otimista e pediu tranquilidade na análise do quadro. "Esses números são voláteis. Não se pode dizer nem que teve fundo do poço, nem que se recuperou. O patamar do PT é de 30%, um pouco mais, e alguma coisa vai recuperar mesmo", pondera "Ainda é o mesmo quadro de eleição em dois turnos. Tem de ver com tranquilidade a recuperação, como se tem de se ver a queda"

Oposição

A oposição, por sua vez, creditou o desempenho do governo Dilma no levantamento à propaganda e à exposição. "(A presidente) fica anunciando coisas que, num primeiro momento causa impacto positivo", diz o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP) "O (programa) Mais Médicos, por exemplo, pode ser uma grande frustração porque é um grave equívoco. Mas pode, num primeiro momento, causar impacto (positivo na avaliação) porque a população quer uma solução (para a saúde)", completa.

Outro fator que contribuiu para o quadro, segundo Freire, foi a desaceleração do ritmo inflacionário. O efeito político, porém, também pode ser temporário caso os preços voltem a subir, alerta Freire. "Houve uma diminuição da inflação e ela (Dilma) está contando loas por causa disso. Mas só teve isso pela redução (do preço) dos transportes e a inflação não perdeu suas causas alimentadoras", avalia.